Friday, October 23, 2020

 Sou céu. Vislumbrei os traços de Anabela; aquele seu manto diáfano do que ela é, do que não é e de quem ela procurava ser. Ontem, quando lhe disse que ela tinha muitas amigas, "é bom, nomeadamente aquelas duas mais próximas, com quem podia falar", ela disse-me "mas tu és especial, é diferente, quando raramente me abro é só mesmo contigo". Pensei logo que me dizia isso só por ser ontem, por eu ter dado mais uma volta ao Sol, mas ela disse que não, que eu sabia como ela era. Sim, sei, sempre soube, pois ela, assim como o irmão dela e outras minhas crianças do coração azul, brincando da Terra verdejante com as minhas nuvens, arco-íris e estrelas do dia, também são pedaços de mim, sempre foram e sempre serão.

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