Sunday, April 30, 2023

Desculpas de maus amadores

 Eu não te mereço
Tu és tão sensível
Devias não preocupar tanto com outros
 e fazer mais por ti
Eu não te pedi nada
Tu é que estás a dizer isso
Não vou sacrificar-me por ele
Não me dêem responsabilidades
Eu sou uma besta
Eles são como eu: têm ambição
Tu é que sabes de tudo
Nunca fomos ensinados a dizer "amo-te"
Tens um mau feitio
Mentiram porque já sabiam o que ias dizer
O problema sou eu
Poupei-te do pior, ela levou com tudo
Não estou à espera de nada
Não lembrei sequer
Tu também não fizeste
Pensei que estavas chateada 
Mudei de casa, de namorado, de carro
Que bom, agora podes mudar de mim também!

 E quando o que é suposto ser o maior amor é só dor e terror, como a tua violência das torturas, negligências e clausuras, tornamo-nos na pessoa mais forte que todos conhecem, porque o espírito, esse, à semelhança de Da Vinci nas masmorras e de Mandela encarcerado, ninguém pode aprisionar. 

Nomes

 Esqueci-me de todos os nomes

Só o teu ficou 

Quando a boca foge para a verdade

Também se foram as minhas fomes

Já só faltava eu a voltar à realidade

Friday, April 28, 2023

 Gosto quando experimentamos acreditar
Porque é tão bonito o nosso amor
E leva-nos em vidas inteiras a alcançar
Tudo o que está guardado para nós.

Thursday, April 27, 2023

 Gostava de ser outra pessoa, a que tu amasses e quisesses só para ti e que eu também me sentisse assim, sem qualquer dúvida, a tua mulher. 

E quem nos sonhou assim, viesse apadrinhar-nos e finalmente ser feliz connosco, como a família que somos. 

Ela e tu são tão fortes e tão frágeis. Talvez eu nunca tenha conhecido alguém assim, que me lembra tanto a mim.


Sunday, April 23, 2023

 Preciso de te ver,
de te tocar o rosto
sentir os seus contornos
para que já não te desenhe mais
senão com os meus lábios
a beijar-te as faces e a testa
as pálpebras
a linha do teu pescoço

Preciso de te cheirar
de te sentir o calor
de encostar a minha cabeça
no teu peito e ali ficar
segurando tu o meu corpo

Thursday, April 20, 2023

 Nas piores alturas da vida
A dor é tanta que nos dinamita o peito
E as cordas vocais não vibram mais
Como se tivéssemos uma pedra na garganta
A impedir-nos de gritar cá para fora
Tudo o que se foi acumulando em nódulos
Sob todas as superfícies de pele
Bloqueando a passagem do sangue
Estancamos, mas não
A ferida jorra hemorrágica
Empapando-nos as veias num lodo 
Como se de lamaçal fôssemos feitos
De um pântano em que nos tornamos
Onde sucumbem vagarosamente as nossas memórias
E últimas esperanças 
Tu estendeste-me um pau
Viste que confiei em ti
E segurei-o 
E depois largaste-o

 Hoje até te fiz festinhas no ecrã do telemóvel na tua fotografia no teu rosto... Essa é a desgraça dos tempos modernos. 

Tuesday, April 18, 2023

Por causa de ti deixei de acreditar (algo se quebrou em mim)

 Aos 11 anos, deixei de acreditar que existia amor materno de verdade;

Aos 17 anos, deixei de acreditar que havia alma gémea;

Aos 18, deixei de acreditar num herói;

Aos 21, deixei de acreditar que ainda havia carinho;

Aos 31, deixei de acreditar no amor romântico;

Aos 34, deixei de acreditar que havia amor fraternal;

Aos 39, deixei de acreditar no amor de melhores amigos;

No dia de hoje, com 41 anos, deixei de acreditar no amor de irmãos de alma

Ainda restará alguma coisa?

Provavelmente quebrar-se de novo a diminuta réstia de crença que se recuperou em pelo menos dois itens.

 Quando tu me negaste, eu nada sabia, foi a mim que enganaste, enquanto eu chorava e tu sorrias, usaste todos os disfarces, tiraste a minha alegria e só me maltrataste a ver se eu desistia. Mas todo este tempo, eu tinha ainda o sentimento de que tínhamos mesmo tido, mas agora vejo mesmo o quanto te deves ter rido porque me rogavas pragas e querias livrar-te de uma vez por todas.


(acabado agora, começado no dia 11)

 Finalmente entendi que ninguém ama ninguém e que todos eles foram só nuvens passageiras. 

Monday, April 17, 2023

 Gosto de sermos um segredo tão inaudível quanto o som no espaço e ao mesmo tempo com a força da explosão de mil sóis. 

Ironias da vida

 Acabar com a condição inerente de antropocentrismo é urgente para se salvar a própria Humanidade.

Sunday, April 16, 2023

 se for tudo verdade é um grande sarilho

mas não há nada que tem mais brilho

do que nós aquando do nosso olhar

e só por isso já nos vale tudo aguentar

Friday, April 14, 2023

Thursday, April 13, 2023

 O meu único maior desejo era que me dissesses que me amas mais do que tudo. 

Wednesday, April 12, 2023

 Há algo mais belo do que o pôr-do-sol no teu rosto?

Monday, April 10, 2023

 O meu “brain fog” a acentuar-se, sintoma agonizante, com a perda das palavras, o pensamento coagulado em nuvens cerebrais e eu começo a sentir a espiral do abismo a chegar, o redemoinho do tornado que me joga no precipício se eu não o parar. A raiva de ter-se estragado tudo entre nós, por tua causa, ou por minha causa, sei lá, mas rapidamente lembro que além da Arte, de sermos Mª Helena e Arpad, tu a produzires as mais belas metáforas, as prosas poéticas mais nobres, faltava um tanto sim, um pedaço importante, ou três, quem sabe?
Tudo tão perfeito, mas não, calei muito porque vivia de exaustão e sabotei tudo, porque sei como as pessoas são. Tu só confirmaste o que eu havia dito há muito. Mas mesmo assim: porque é que a Arte que alguém produz é tão mais bela do que os seres, todos eles, com as suas psicopatias?

(Eu que sou Poesia, não sei.)

Friday, April 07, 2023

 Tudo para ti, por ti, por causa de ti.

Essa é que foi sempre essa.

E tu nem existes.

Mas sempre soubeste, até antes de mim.

Thursday, April 06, 2023

Poesia

 Em tudo o que eu faço
Tem o mar lá dentro
Às vezes uma gota de oceano
Outras uma tempestade
Mas sendo eu a Poesia
Cada elemento eu abraço
E salpico todo em maresia

 Farta desse ciclo de choque, indignaçäo e esquecimento; é ridículo. 

Tuesday, April 04, 2023

 Sabes, minha amada/e, tu não precisavas de ser comigo psicopata, embora eu saiba que é da natureza do escorpião picar a rã (que também o sabe) que a transporta. Confio desconfiando porque me é sempre gritante a natureza humana até às suas profundezas que se ocultam de nós mesmos.  Eu amei-te como menina, como irmã, como mulher até nessas tuas falsas volúpias. Se sentes que te tratei mal tu no fundo saberás o que és, a impureza dos homens que tens, a corrupção cravejada em cada molécula, o rancor que só vem confirmar que não há é amor. Porque amor é dádiva sem pedir nada em troca, pois senão seria apenas transacção comercial numa moeda nada original. Mas o que eu nunca pediria também era que me tivesses tão maus sentimentos e fingisses tanto. Lembro de uma série de pessoas a quem caiu a máscara, o momento em às vezes só com uma onomatopeia desintegrei-a. Eu nunca te quis assim para mim, porque acreditei que quando te fiz dos meus braços um travesseiro, eras mesmo só para mim esse lado teu real e verdadeiro.

Monday, April 03, 2023

 Disseste, um dia, que esqueces rápido. Sei que é só a brisa da melancolia. A saudade que dizes ter de alguém, mas não passa do meio-dia. Porque és como um menino quando joga e fica horas embrenhado naquilo. Eu perco o tempo e dissolvo-me quando estou a desenhar. Sou apenas uma tinta que se dilui ao derramar.

Saturday, April 01, 2023

 Corpo inexistente
Esqueleto cadavérico
Porque está dentro de ti
Que és a sua carne
E sem ti é só pele e osso
Carcomidos por desgosto
Meu eterno capataz 

Corre agora atrás dela
Coitadinha da mulherzinha
Que só tem o homenzinho

A misandria ninguém ouve
Mas todos ouviram da misóginia 
 Diz-me algo bonito
Peço-te
Dá-me de ti o carinho
Que tanto me falta
Sentir vindo daí

Por que me deixas
Sem respostas
Sem amor
Sem me dizeres
Se de mim gostas
Ou só me detestas

Como posso eu 
Contar-te toda a verdade
Sobre nós os dois
Se tu não me escutas
Nem eu consigo mais
Ter força para viver
Sem estar perto de ti

Queria tanto
Que me tivesses amado
Verdadeiramente
E assim nunca ter acabado
Essa ligação tão premente

O meu corpo definha
Enquanto o tempo se vai
E tu não quiseste saber
Nem de mim
Nem de nós
Enquanto luto tanto
Para sobreviver
E ter um plano 
Que faça o impossível
Acontecer.