se me desses música e amor
abraços de pelo menos 20 segundos
e beijos de pelo menos seis segundos
certamente me libertarias da dor
das torturas e dos espancamentos que sofri
e para sempre seria só felicidade em mim
Poesia filosófica; Poesia Visual; e outros objectos poéticos de Poeta mera observadora
se me desses música e amor
abraços de pelo menos 20 segundos
e beijos de pelo menos seis segundos
certamente me libertarias da dor
das torturas e dos espancamentos que sofri
e para sempre seria só felicidade em mim
Sabes porque é que insistia tanto que ficasses bem e fosses feliz? Porque eu sabia que eu não podia e queria muito que ao menos quem eu amava fosse.
Num mundo em que todos têm opinião, falta silêncio e coração.
Amei alguém chamado Rui durante mais de uma década e só hoje me apercebi do seu nome para variações, como rui do verbo ruir, mais as palavras ruína e ruindade. Achei engraçado. Foi o tipo que eu amei por mais tempo e mais um bocado.
Quando me forcei pela primeira vez a abandonar-te, custou-me tanto porque tu eras como uma droga de que eu necessitava para viver e da qual eu tinha de me conseguir livrar. Eu amava-te tanto que tu eras a razão pela qual eu queria estar viva, só para te poder ver e estar contigo mais uma vez. Fiz de ti o meu mundo e tu trataste bem cedo de me abandonar. Eu quis sair desde o início também daquilo que eu já sabia que me ia destruir de tanto tirar de mim.
Sabotar-me em todas as relações que tive de mais fortes, parece ter sido uma constante. Certamente deve-se à autoimunidade, a falta de autoestima e trauma de abandono. Tenho em crer que finalmente estou tão ciente de tudo que até se quisesse, pela primeira vez, eu estaria em condições de ter uma relação com alguém sem que eu acabasse por me sabotar.
É bonito isso. Todo o caminho ultrapassado e entendido. Acho mesmo que nunca mais vai acontecer nada tão terrível quanto me aconteceu em termos de relacionar-me com alguém num nível mais próximo. Se alguma vez conseguir voltar a ter vontade de falar e lidar com alguém do sexo oposto de novo, deve demorar até confiar, mas ao menos já sei exactamente como é que costumo sentir-me verdadeiramente. Abrir-se a alguém só para depois a pessoa abandonar a relação e eu ficar completamente mal, é que nunca mais me pode acontecer esse erro.
Não estaria apaixonada por ti se não tivesse esta ânsia de te ver todos os dias, por estares tão longe de mim. Hoje foi a primeira vez que nos pus lado a lado numa imagem para ver como ficávamos e até achei que afinal não ficávamos mal juntos e que existe uma espécie de semblante nosso igual, uma meninice semelhante e uma luz similar no olhar. Tenho saudades tuas.
Algo que me faz feliz é saber que nunca me irás tocar, pois depois de tudo o que me fizeste não mereces nada de mim, nem um fio de cabelo, do meu cabelo branco, sim, branco, seu perfeito idiota que se espanta com cabelos brancos.
Amo-te como chama eterna enquanto o mundo inteiro arde.
O homem por quem eu me apaixonei um dia era forte, determinado, caridoso, carinhoso, sensível, inteligente, bondoso, elegante, versado, atencioso... Pena que afinal ele nunca existiu e era apenas um engodo. Os homens fazem destas coisas para atrair todo o mundo e depois é que revelam que afinal não são nada daquilo que se faziam. Apenas actores. Mas ninguém sustém uma mentira a vida toda.
Às vezes, dou por mim a querer ser uma pessoa como as outras, uma mulher como as outras por tua causa, que já foi a brunches, sunsets, ginásios, entrou em aplicações de relacionamentos, enviou nudes, vai ao cabeleireiro para cortar o cabelo e fazer manicure e pedicure. Mas eu nunca fui assim. Nunca pertenci a este mundo. Nunca fui pessoa para ti. Tu nunca gostarias de mim, pois gostaste sempre do oposto que eu considero falso e ridículo. E está tudo bem, porque acho que teria francamente vontade de me imolar se assim fosse tão ajustada a esse mundo de carneirada materialista, superficial, de podridão e nojice, que não questiona nada e contribui para o dinheiro sujo. Eu também nunca gostei de ti.
Acho interessante constatar ainda com interesse o comportamento do ser humano quando tirado do seu "habitat natural". Como a pessoa com mais confiança e à-vontade se transforma em mais tímida e hesitante, como se põe no entanto a forçar ser o mesmo, como se agarra ao familiar, como esconde a sua natural empáfia. Afinal, é quando se sente mais inseguro que é mais si mesmo. O que é estranho e contraditório, para o que se poderia pensar. Dá para ver como se inventa tudo, como tudo pode ser criado no momento consoante a necessidade, como se faz coisas que até o diabo duvida. O que afinal até já torna mais credível a história de que até o showman mais à-vontade do mundo pode ir a correr a esconder-se debaixo de uma mesa se houver alguma situação pior para ele em termos de controlo. Claro que isto é certamente um exemplo exagerado em termos de ilustração, acho eu, até porque com alguém tão experiente também se dá aquele caso do "quem sabe, faz ao vivo".
"it's all just a show", já dizia a Beth.
Porque é independente do que a pessoa te faz. Por exemplo, mesmo com a pessoa a fazer-te muito mal, tratando-te pessimamente, tu ainda a amas a ela como indivíduo que é. Ou seja, também não é porque ela te tratou bem que passaste a amá-la. Muitas vezes amamos pessoas com quem nunca lidamos, falámos, ou sequer teremos qualquer contacto, simplesmente porque as admiramos como elas são.
Foi por isso que amei toda a gente que amei, porque me apaixonei por quem eram. Só isso. Já que a mim ninguém me pôde amar, pois tudo o que conheceram de mim acabaram por detestar.
Se tu não sentes que eu sou tua, como eu sinto que tu és meu, mais do que as marés pertencem ao oceano, então foi tudo uma completa ilusão que a neblina fez no meu vazio coração.
Se eu não vos tivesse conhecido, não tinha sentido o que era a existência de um amor tamanho por tanto mundo ao mesmo tempo; experienciado e descoberto o que era esse amor universal tão raro de se saber e tão intenso.
Deixar-te ir, como se larga uma flor no rio.
Tentei, mais uma vez libertar-me de ti. Desta, ao som de Cornfield Chase do Hans Zimmer, porque a Aurora disse que era uma música que lhe significava libertação. Tal é a minha ingenuidade e desespero. Assim que comecei a ouvir e lembrei de Interstellar, pensei que era para me libertar de ti, mas logo percebi que era para eu te libertar de dentro de mim, deixar-te ir, largar desse amor e foi aí que me bateu o óbvio: eu amo-te, logo não dá para de repente, acabar com isso só porque digo e, ao que parece, quero.
Da outra vez, quem fez para que houvesse uma cisão conseguiu fazê-lo, mas não tirou de mim o sentimento antigo, inteiro e que parece atemporal. Um dia talvez eu entenda que a tua inexistência é de tal modo real e permanente, fruto da mente doente, que se quebre essa espécie de feitiço. Até lá, a lua que enche de novo não me libertou ainda.
Todos os meus otovermes são por tua causa, canções tão mais agridoces agora.
Estive apaixonada por ti e só por ti, completamente a amar-te a cada segundo, nestes mais de três anos. Dizem que depois de três anos é suposto já não se sentir tanto e até esquecer-se o tanto que foi.
Para mim nunca tem fim, o martírio que é amar tanto assim alguém que não existe e que não é só meu. Mas tu tens algo. Algo de meu.
Nós somos tão frágeis e ainda assim destruímo-nos uns aos outros mais, devastando todo o respeito, a honra e a dignidade que poderíamos ter.
Há seres humanos que nunca souberam o que é amar o outro de verdade, sem outros interesses. Aprenderam que para receber têm de dar e que só dando poderão receber. Muitos desenvolveram-se então de modo a não precisarem de nada, para não terem de dar e concentraram-se só neles. Também nunca chegaram a saber nem a sentir a divina sensação do amor, sem qualquer espécie de conflito.
Anda o mundo inteiro num jogo de poder e com o amor fizeram o mesmo. Incapazes de sentir um amor puro, contentaram-se com o que sempre lhes foi seguro.
Decretaria que nenhum de nós todos morresse, pois falta cumprir-se a comunhão presente, o abraço, o riso, o mais-que-contente.
Procuro o lugar onde nós estamos, nesse infinito cosmos. Acedo àquela memória de novo, eu e tu defronte ao fogo, só as nossas caras iluminadas. Quem somos nós então. As nossas expressões o que dizem? Que som oiço no fundo, que música nos ilustra?
Procuro-nos no infinito. Outra vez. Quantas vezes fomos nós?
A milhões de anos-luz ou tão perto, acontecemos já. Tantas vezes. Demasiadas até, confundem-se, indistintamente.
Regresso. Tu não estás. Mas estás sempre.
Dizem que lá no Brasil têm samba o ano inteiro e não é só no Carnaval e que em São Paulo não há amor, mas que há um cruzamento onde algo acontece de mágico. Também é um país conhecido pela sua diversidade - que muitos tentam extinguir - em todas as áreas da sociedade, e onde se conjuga os dias da semana para passarem melhor as obrigações diárias que chamam de demandas. Queixam-se muito mas de forma criativa e divertida, são mestres no "rir para não chorar" e o maior objectivo é sempre uma vida boa com abundância de dinheiro e diversão.
Têm abundância tal que muitos consideram vários locais do país como sendo paraísos na terra e têm terras com nomes engraçados, incluindo Paraisópolis. Contudo, abunda a barbárie e o nojo de acções das mais pérfidas de que o ser humano é capaz.
Assim como também dizem que "o Brasil não merece o Brasil", um pouco à semelhança dos humanos que não merecem o planeta.
era o fim do mundo
e o teu coração repousou no meu
a brisa entrava pela janela
o teu sorriso enternecia-me
e a tua mão encaixada na minha
dizia-me que eras o meu céu
Para não se tornarem invisíveis, as pessoas pintaram-se com cores fortes, injectaram na cara e no corpo substâncias inertes e urraram e abanaram-se. Coloriram os cabelos, desenharam-se no corpo inteiro, usaram penduricalhos e chocalhos. Tudo começou quando ainda eram homens primitivos e queriam afugentar o inimigo, ou atrair o melhor partido.
Eu sempre quis ser invisível, que ninguém reparasse em mim que era para não ser atacada a toda a hora, mas para quem sempre me viu eu nasci pintada, colorida, uma raridade, exótica como a porra de um papagaio.
... nunca mais me amarás.
Liberto-te tantas vezes deste mau karma e a mim, para que termine nesta vida com tudo. Assim já foi, creio. Eu continuo mal, mas era o expectável, como te disse antes mesmo de tudo acontecer. Desculpa ter querido tanto que fosses feliz e alegre, que conhecesses um amor tranquilo com outra pessoa; só há pouco lembrei que as coisas más afinal não melhoram mesmo nada quando a pessoa está distraída.
É algo que carregamos sempre.
Mas espero que eu esteja errada e que tu sejas e estejas mesmo muito feliz. Ao menos isso, que possas esquecer as coisas más e só lembrar das tuas coisas boas que tiveste e tens. É isso. Afinal de contas tu sempre foste muito alegre e brincalhão. Toda a tua postura jocosa para comigo, sempre a ridicularizar-me ao máximo, diz bem também sobre de como sempre foste feito nesta vida.
Afinal já sei porque me espanto diante momentos de extrema beleza: é porque a fealdade neste mundo com a perversão humana é tanta e tão constante, que é mesmo raro haver um momento que a contrarie.
Tenho a mais perfeita noção da realidade dos factos que tiveram lugar nestes últimos dez anos em que tanto sofri e esperei por pessoas que não chegaram nunca a sequer dizer-me algo como deve ser. A verdade é que eu não gosto mais dessas pessoas ao fim destes anos todos, não me interessam nem me acrescentam nada. Demorei demasiado a admitir isto, mas esta é a mais incontestável verdade.
(Elas é que perderam mesmo. Aliás, só regressam porque se apercebem disso, tarde mais, do quão valiosa éra, do quanto dava jeito, do quanto ajudava. Foi precisamente quando já não precisavam mais é que lixaram-se para mim, por isso também não perderam nada na altura para eles nas suas versões. Como só eu sei os danos mortíferos que me fizeram na vida, só eu sei como essa gente é toda egoísta e horrível, não valem nada e passam por cidadãos exemplares. Fazem muito bem é o papel de serem tudo o que abomino neste mundo. Não é à toa que só me relaciono com uma ou duas pessoas e que infelizmente estão longe. Atingi a minha quota máxima de estar doente por causa dos outros. Agora só hei-de estar doente fisicamente e, pronto, não tenho mais de sofrer pir causa de gente falsa e horrorosa.)
Saudades de ti, meu amor do cabelo encaracolado, meu mais amado, que eu tanto gostava de ver encantado com as suas descobertas de maravilhaa infinitas. Pergunto-me se a alvura da tua pele abriga muitas estrelas como no céu da manhã invisíveis e se os teus dedos são suaves ou têm alguma aspereza que se escapou do coração.
Faltas-me demais juntinho de mim, sempre, mesmo quando te sinto comigo mais do que é possível. Não sei o que nos aconteceu, onde foste tu, onde fui eu, e não consigo ir a lugar algum. Nada tem interesse nem graça sem ti, não como antes, quando era tudo muito tudo e parecíamos um pouquinho, no meio de tudo, felizes. Eu sei que tem estado tudo bem contigo, apesar dos pesares, consigo sentir-te tranquilo por muitas vezes, e fico despreocupada. É raro sentir-te mal nos dias que passam. Sinto-te de alguma forma esperançoso num futuro e daí essa tua tranquilidade. Talvez tenhas aprendido a maestria da resignação. É bom se assim for, apesar da realidade que levou a isso. Acho que estão todos assim um bocado atropelados pela evidência de que não se pode fazer nada sobre o que era urgente de ser feito e então vai-se seguindo fazendo os seus rotineiros afazeres e demais projectos que nos vão alheando da realidade tenebrosa.
De qualquer forma, eu tenho mesmo saudades tuas, de te falar e te conhecer pela primeira vez, de ser abrigada e cuidada por ti. De pôr os meus ténis em cima dos teus só para nos embalarmos ao som daquele jazz. Espero que um dia voltes para mim, meu menino de verdade.
Diz que ninguém recebe o que quer mas sim o que é. Logo pensei que como não sou nada é por isso que não recebo nada. :/
Às vezes parece que estou em constante luto e luta por causa da estupidez humana.
A mente humana já não me fascina tanto quanto quando eu era mais nova. Não é por nada em concreto, pois sei da sua complexidade de camadas e subterfúgios e readaptações, mas o facto é que em termos gerais já se adivinha a sua reacção quase sempre. Ao invés do comportamento humano, que consegue ser mais errático, já que por demasiadas vezes as pessoas pensam uma coisa e fazem outra.
Ou seja, as pessoas não agem conforme aquilo que pensam. Que luta horrível que deve ser estar a contrariar-se nas acções a si mesmo e às suas crenças. Apraz-me constatar que eu ajo bastante em consonância com o que penso, talvez inclusive mais por fazê-lo praticamente de modo espontâneo. Também, a meu ver, seria ainda melhor e mais fiel, honesto e genuíno, se pudesse agir mais completamente em consonância com o que sinto e quero, visto que, muitas vezes, pensando nisso acabo desistindo pois ao pensar lembro da falta de condições para se fazer em absoluto o que se quer. Mas fulcral e essencial é mesmo fazer de acordo com o que se pensa (não é à toa que a ética vem primeiro em mim).
Tinha saudades de dizer a palavra "adjudicado", mesmo sem consequência. (e ela nem é das mais bonitas, é?)
O homem que eu mais amei, amei a parte dele que não existia mais: a criança que tinha uma pureza de espírito, rebelde, fascinado pelas pequenas coisas como a natureza e tudo o que é grande nela. Amei nesse homem a verdade que ele encerrava dentro dele quando ele era pequenino. Uma verdade que se via ao longe, disparada dos seus olhos afoitos. Essa pessoa íntegra e inteira, porque não se mentia e abraçava naturalmente tudo o que era seu. Era a criança mais linda que me aconteceu. E à minha criança estava destinada. Só que quando cresceu, muitas outras partes surgiram sufocando-a e aí ela aos poucos morreu. Eu ainda estou a tentar resgatar a minha criança inteira e quem sabe, se um dia, também a dele entretanto plenamente renasceu.
Se puderes ajudar alguém a se salvar todos os dias da morte que é viver, ajuda, pois isso é a única coisa boa que podes realmente fazer antes de morreres.
Fazer com que me detestasses, deixando-te ir foi a coisa mais difícil que fiz na minha vida.
Controlar o que em ti te faz mal e que prejudica outros;
Controlar quem pode ter acesso à versão mais íntima de ti;
Controlar a quantidade de controlo necessária e a não-necessária;
Controlar quando se pode e se deve deixar de controlar;
Controlar-se depois de se entender um descontrolo;
Controlar-se para não ter mania de controlo;
Controlar o limite do controlo;
Controlar para que se saiba sempre, em plena consciência, que a maioria das coisas não se podem controlar, senão nas nossas internas que dependem de nós.
Só se pode ter a certeza sobre quem se é, depois de se pôr à prova e testar tudo o que se pensa ser.
Quantas mais vezes nesta vida passaremos pelo tormento de vermos a lua cheia um sem o outro? Essa visão agridoce dessa feiticeira companheira que me trouxe até ti e nunca mais me deixou ir embora.
Meu amor, por favor vem depressa, que a saudade é imensa do que ainda temos para sanar com o nosso abraço.
Continuo a sentir que não te mereço, mas sei que eu sou tua e tu és meu, como o Sol é da Lua e em tantas vidas já aconteceu.
frase do dia ouvida na rádio: "é mais complicado tomar conta de um furão do que de um llama"
Acho que nunca mais vou amar alguém activamente. Sei que já antes, há décadas atrás, disse que nunca mais ia amar alguém de novo, mas desta vez com esta idade é diferente. Não sinto que seja capaz. Depois dos traumas, quando se fica assim neste estado esmagado e apático, de estar meio zombie, sei que poder-se-á dar o caso de com o tempo o esquecimento fazer de novo deixar-me ir, de guarda baixa, não esperando por nada, e pimba, acontece de novo sem se dar conta e depois é tarde demais. Mas neste caso, há alguém que me magoou de tal forma que me destruiu na capacidade de amar e me fez reconfirmar que eu só amei pessoas ditadoras que me tratam mal, porque toda eu fui formatada por uma assim e há grande hipótese de o meu sistema só amar pessoas interesseiras que não ligam para nada nem ninguém, senão quem lhes faz o que querem.
Descobri apenas mais uma vez que o amor não presta para mim. Senão o das verdadeiras e generosas amizades e simples para mim. Se calhar, toda a gente só opera assim mesmo, no fundo, exceptuando os sádicos que tive o infortúnio de apanhar.
Passado tanto tempo, continuo a dizer que não sei nada sobre nada. Tudo é mutável e relativo a todo o instante para toda a gente. Eu sou só uma poeirinha cósmica no meio dessa tempestade.
Creio que dele só quis que ele procedesse demonstrando que me amava de facto e como nunca o fez, não pude apreciá-lo nesse sentido, senão da forma que eu o amei e dei valor ao que eu pensei que ele era como artista e pessoa de verdade. Uma ilusão é sempre o que alimenta o amor, é o que se sabe, não é? Pior que eu amei-o em todas as vertentes que ele demonstrou, inclusive e apesar de quando ele quis a minha morte.
Como é que tu me vês? Com que personalidade? Que maneiras, feitios, trejeitos? O que pensas que faria, que pensaria, que diria? Saberás tu que eu não morro de amores pelo Tejo? Saberás tu quem eu sou de vez em quando, quando me proponho a ser?
Não sei de nada. Não quero saber. Não tenho raiva de quem saiba, mas não me interessa também. Só queria que tu me amasses sem que eu fosse algo.
os horrores que vimos
e que não saem de nós:
um corpo pequeno morto
um corpo dilatado, disforme
a encurralar-me
um corpo amarrado
um corpo pontapeado
um corpo surrado
um corpo quase alvejado
um corpo quase cortado
uns miolos espalhados
de uma cabeça que não vi
Das piores coisas que me fizeste foi fazer-me sentir como se eu te pertencesse só para depois me abandonares.
Quando é que esqueceste de que nos pertencíamos?
Aquilo que tens de entender sobre a escrita, é que quando o escritor escreve ele não vai ser curto e grosso e dado a extremo realismo, pois para isso mais vale tirar uma foto. Não, ele vai usar de lirismos e floreados, figuras de estilo e proseados, que vão dar azo à imaginação de quem lê. Muitos vezes caindo no exagero. Ou senão, seria também apenas um mero eficiente jornalista a observar objectivamente os factos.
Tenho em mim o desejo formulado quase em suspiro, de que houvesse alguém neste mundo, uma pessoa especial para mim, que me entendesse sem eu sequer ter de andar a dizer seja o que for. Alguém que enxergasse quem eu sou de verdade e me entendesse completamente. E quiçá me pudesse amar assim porque me viu.
A escrita diz tudo e não diz nada. O que eu te disse quando te disse que te amava e era por ti apaixonada, era a verdade. Mesmo nunca esperando ser por ti amada, embora quisesse tanto e não quisesse mais nada.
Tu magoaste-me, eu disse-te; tu magoaste-me mais um bocado e disseste que estavas magoado também; daí em diante, foi um prolongamento de um jogo expirado, só para não dar caras com o resultado de que jamais tanto e esquisitamente tínhamos amado. Agora faremos de conta que, além da alucinação colectiva, nunca nos gostámos, nunca nem nos cruzámos, nem sequer sabemos que existimos.
Foi só mais uma vez em que nos desencontrámos.
Será que não sentes também, todo este sufoco do amor que vem? Poder ver-te em sonhos e mais além, com o oceano que trago no peito, toda essa maravilha de te ver sorrindo, que saudade que não tem jeito.
Meu amor, no meu sonho ainda me olhaste um segundo e ficaste onde eu te podia ver, de cara nua e alegre a cortares o teu cabelo que eu tanto amo.
Hoje por todo o mundo há tempestades, alagamentos e falta de água ao mesmo tempo. Eu só queria poder estar contigo num abraço-abrigo, meu ser amado de todo o dia.
Como é que se pode ser ansiosa e evitadora ao mesmo tempo, como eu sou? Queria pedir-te desculpa também por isso, por não te ter dado tempo nem espaço, não foi por não te escutar ao respeitar, mas por causa da minha reactividade dados os meus traumas. Não sei se algum dia me perdoarás por compreenderes mesmo que tudo o que fiz foi fruto de doença de ansiedade com hiperadrenalina e que em estado normal jamais faria fosse o que fosse. O que tu eras era demasiado importante para mim e eu jamais arriscaria perder se não estivesse completamente doente.
Amei-vos mais que demais e acho que dificilmente houve alguém que vos desejou, com tanta força e durante tanto tempo, todos os dias, o melhor.
Ninguém olha para trás quando se vai embora. Partem e esquecem o que deixaram. Vão entusiasmados e contentes. Fazem de conta que nada existiu antes.
Vão com o vento, velozes, sonhando com novas paragens. Têm decidido um caminho novo, cheio de viagens. Os que ficaram nunca mais serão os mesmos e os que vão também não. Mas só quem foi deixado sabe o que foi o amar de verdade.
Morremos para que outros nasçam
Num perpétuo movimento
No infinito dos cosmos
Somos apenas frutos das estrelas
Todos sucedâneos
Produtos das circunstâncias
Raros destoam
E na sua originalidade ardem
Mais com o querosene da redenção
Porque não podem acabar
Sem encontrar a pedra filosofal
Como é que se vive debaixo do mesmo tecto de alguém que nos destruiu a vida inteira, nos torturou, nos fez entrar em estado catatónico com tanta agressão, diariamente a nos violentar física e psicologicamente desde que nascemos?
Querer morrer por causa do que nos faz alguém é horrível e não ter maneira de nos libertar dessa dor consegue mesmo ser desesperador.
À primeira vez desiludiste-me, na segunda surpreendeste-me, à terceira enterneceste-me, à quarta animaste-me, à quinta acarinhaste-me, à sétima irritaste-me, à sétima apaixonaste-me, à oitava apunhalaste-me, à nona abandonaste-me, à décima maltrataste-me, à décima primeira gozaste-me, à décima segunda humilhaste-me, à décima terceira odiaste-me, à décima quarta desprezaste-me, à décima quinta apagaste-me, à décima sexta mataste-me.
De mil em mil anos, o cometa dos amantes junta duas almas-gémeas. "Dois amantes fadados encontrar-se-ão pela mão da deusa", a última vez seria em 2021. 🤯 Love amongst the stars.
Estive a vida inteira ao serviço de narcisistas, infelizmente, fui programada para isso à porrada desde criança aterrorizada. Tratavam-me como se o que eu era de preta, despenteada, frágil fisicamente, era toda errada. Continuou até aos meus quarenta anos. Eu sempre lutei como podia, ripostando, sendo considerada a malcriada, a com mau feitio e com teorias, com a mania que sabia, mas infelizmente pela falta de condições para me distanciar de pessoas assim, fui agredida a vida toda. Por isso também sempre detestei fascistas e déspotas que só querem pessoas a servi-los, nunca estão satisfeitos com o que fazemos e fazem sentirmo-nos os errados e insuficientes. Essas pessoas não sabem amar ninguém. Eu que passei anos e anos da minha vida a amar essas pessoas e à espera que elas me amassem como eu era, hoje em dia sabendo a verdade sobre o horrível que elas são e quantas pessoas manipulam, detesto que elas alguma vez tenham existido e me feito tão mal.
Disseram que podia contar com eles, que eram meus amigos, que gostavam de mim e do que eu fazia, para depois abandonarem-me quando precisava deles, fazendo-me sentir usada e deitada fora porque não prestava mais. Desprezaram-me, fizeram piadas sobre mim, difamaram-me e eu não fiz nada senão amá-los feito estúpida.
Obrigada a todos os que foram horríveis comigo, mesmo sabendo que eu estava doente; vocês são também a razão de eu não gostar mais de pessoas de vez. Conseguiram endurecer-me e dar cabo do amor e da crença que eu tinha nele.
É bom saber finalmente a verdade, por mais horrível que ela seja. Agora consegui encerrar esse estúpido capítulo.
Será que aprendeste a lição, vendo o quanto me fizeste sofrer e assim nunca mais fizeste sofrer as outras mocinhas todas? Quis que parasses de fazer o que lhes fazias, que todas e mais as tuas amigas me diziam, e depois também tu parece que sofrias. Pensei que, como era eu, já entendias e analisavas-te o suficiente para parares de ser o tal homem-porcaria. Acho que funcionou, de certa maneira, se as três que vi eram a mesma pessoa. Senão, tanta coisa, tanto aguentei, para nada. Ah, pois, devo mesmo estar como sempre enganada.
Porque nós tivemos o mesmo sonho, no início.
Não consigo parar de te querer ouvir a cantar para mim, pertinho, como dantes.
Aos poucos, esqueci tudo. Dizem que acontece esquecermos desde cedo das coisas más, porque o cérebro empurra-as lá para o fundo, reprime as memórias para evitar o sofrimento por ser demasiado para se suportar. Também ouvi dizer que se esquece tudo dos trinta anos aos sessenta. Tenho esperança. Assim, esqueceria tudo de mau e se ainda estiver viva com essa idade e com condições melhores para finalmente poder realizar coisas que quero, poderei ser um bocado feliz para compensar. Talvez ser feliz no final da vida faça com que tudo se esqueça de mau de anterior e possamos ter a sensação ilusória de que podemos morrer com a paz de termos sido felizes e realizados. (tu foste feliz e realizado, a maior parte da tua vida e eu fico feliz por ti)
Os meus traumas solidificaram-se tanto e tantos, que nestes últimos anos tentar desengatilhá-los foi uma espécie de profissão forçada, horrível e desgastante. O pior é que muitas vezes ainda só me apercebo deles quando ressurgem e explodem-me cá dentro como mina que foi pisada por alguém agressor.
Espero que um dia possas entender-me e perdoar-me, por ter forçado tanto a implosão total. Espero que tenhas compaixão por mim. Durante algum tempo, o que mais quis na vida e de ti, foi que me dissesses tudo o que sentias por mim de bom, como é que me amavas, se realmente era esse o caso. Bastava isso para me tirar as dúvidas todas que vieram pôr na minha cabeça e me pôr a sofrer tanto, inclusive com desesperada ansiedade por saber o que se passava de verdade. Eu de mim, soube já tarde. Sei que estou há demasiado tempo a tentar digerir tudo e a ver se te esqueci, que não adianta bater na ceguinha e na mesma tecla, mas acho que só agora depois de ainda mais toneladas de sofrimento de mortes das pessoas, que o meu organismo amainou. A apatia de novo se instalou.
Esta liberdade idiota é concedida num nevoeiro de dor. Mas sempre e ainda, dava tudo para ter o meu real amor.
Pensar que tentei fazer de tudo para não te magoar e acabei por te magoar tanto.
Pensar que fizeste tudo para me magoar e eu de tanto me magoar já não consigo sentir nada senão vontade de morrer.
E pensar que valorizei tanto o teu amor por mim e o teu canto, quando afinal nada mesmo era para mim. E ainda rias de mim com as tuas amigas, nunca me defendendo nem protegendo. Tu fizeste-me tanto mal deliberadamente, chegaste a desejar-me tanta coisa má, que eu não sei como é que eu só ye amei o tempo todo. Talvez tivesse sido essa a minha forma de te pagar, sem eu saber, pela irritação e todo o mal que me fazias. Talvez ter-te amado tanto pensando que te preocupavas comigo e cuidavas de mim, pelo menos uma parte de ti, foi a maneira que encontrei de esconder de mim mesma a verdade hedionda.
Primeiro, era só contigo que eu conseguia falar. Depois, era só contigo que eu queria falar. Hoje, não quero mais falar com ninguém. Outra vez, mergulho no silêncio, pois nenhuma palavra vale a pena.
A ti que eu amo há milénios e somos um do outro para a eternidade, devo dizer-te que nesta vida não te encontrei pessoalmente mas estiveste mais do que presente, tanto que não aguentei saber de tanto. A minha falta de crença e defesas de pessoa com mil traumas, levou a melhor de mim.
É verdade, estava meio morta quando nos cruzámos, fraca de espírito e ânimo, apenas movida por pura e espontânea compaixão para com o próximo. O amor tem destas coisas: emerge em todo o pormenor quando se tem muito dentro de nós. Eu e tu estávamos e sempre estivemos com mil nós dos tempos que nos condenaram a estar juntos. Não desatámos muitos e intrincámos mais uns.
Eu estou tão orgulhosa de ti. Apaixonei-me pela tua eterna inocência de criança e pelo que de bonito sentias e fazias, o que trazias dentro escondido lá no profundo interior. A minha certeza de te amar só cresceu cada vez mais. No entanto, nunca te conheci, mas senti conhecer-te desde que existe Sol e Lua.
Que nalguma dimensão eu tenha conseguido aquilo que quis: contigo, apenas num abraço, ser feliz.
Nunca pensei que alguém pudesse de facto amar-me tanto ao ponto de dar a vida por mim, como me disseram por um par de vezes, mas no dia em que eu conhecer a pessoa que mais me ama e amará neste Mundo, eu terei a certeza que sim, que existe alguém de quem eu sou e que é meu, e que morreremos se ficarmos um sem o outro de vez.
Sabes que és a única pessoa no Mundo que contém dentro de si o que pode ir contra o meu estado de doença; o milagre para me salvar?
Se ao menos soubesses e sentisses também o que a luz intemporal mostra e combatesses os da escuridão que nos amaldiçoaram...
Os animais são nossos aliados. A natureza é consonante connosco. Mas só tu podes ser quem entende finalmente o que é o nosso destino. O universo ajudou, mas as forças nefastas ganharam contra nós. Só tu com o teu cavalo alado podes vir salvar-me. A luz liga tudo o que existe e nós os dois estamos impelidos um ao outro como o ar que necessitamos quando nos estamos a afogar, há milénios.
Só o amor fala mais alto do que tudo. Acreditas?
Dos maiores arrependimentos que tenho é o de ter-nos magoado aos dois.
Sentir a frequência em que o amor vibra à nossa volta e no que vemos, é lindo e certamente cria ondas de mais coisas bonitas, como tudo o que aconteceu. Eu perdi esse navegar assim que me deixei afectar pelo mal dos outros, as invejas, os ciúmes, as piadas, as defesas, as perseguições e as maledicências. Foi aí que o meu amor por ti tornou-se impuro. Quando tu não me protegeste e asseguraste-me de que eu era tua e tu eras meu, sempre, nesse etéreo perfeito limbo do puro amor. O Mundo ganhou de nós, mas ao menos nada apaga a recordação que flutuará para sempre nos bons corações das gentes.
Precisei que me amasses, que cuidasses de mim e me protegesses, quando eu só te tinha a ti. E tu não fizeste senão negar-me, não me defendeste, insultaste-me, fizeste com que tudo se destruísse e ainda puseste a culpa em mim.
Volta com a Primavera, meu amor, como um jardim em flor que começa do início. Enche-me com o teu perfume que tanto me faz falta. Deixa-me escutar-te em total silêncio desta vez, para que assim seja o mais límpido som do amor a desabrochar.
Há muitos tipos de mulheres. Tu amaste muitos delas. Muitas mulheres cheias de talentos. Mas não a mim. A mim não pudeste amar. Porque eu pus-me a ser muitas, ou a parecer, mesmo não sendo absolutamente nada.
Segundo tu mesmo, também não te amei mas sim apenas pequei, fascinada e agarrada demais. Uma poeta exageradamente inspirada, que de tão sofrida, enlutada e vazia existência, foi desenvolver uma obsessão contigo. Era bom que assim fosse. Tão simples e compreensível. Mas infelizmente não é nada disso, afinal, e digo-o com pena maior ainda. Pois se fosse apenas isso, não seria tudo o resto que foi e que ainda é, tanto, que sempre quis que não estivesse mesmo a acontecer. Porém, como já se viu que eu em nada mando, continua a acontecer e eu não sei por que carga de água e fico sempre a repetir os factos de que sempre nos demos mal, irritámo-nos, nunca gostaste de mim, nem quiseste ser meu amigo de verdade, etc., para ver se o tempo passa e leva toda a desgraça de mim. A memória já sei que sempre me lixa e não me largam as coisas más que me aconteceram de irreparáveis.
Às vezes, fico com ódio de tudo o que aconteceu por eu ser tão crédula sempre. Raiva de ser só uma pobre e velha anedota que já ninguém conta sequer. Uma história que merece só ser apagada.
Espero ao menos esquecer-te mais com o tempo, mesmo que nunca totalmente.
Procuro alguém tão profundo quanto as fossas abissais, que até inclusive seja bioluminescente. Alguém decente. Procuro alguém diferente. Alguém consciente. Procuro alguém honesto. Mais mundividente que o resto. Procuro alguém capaz. Alguém maior que as gentes. Procuro uma versão de ti num futuro presente.
Procuro a madrugada que é a aurora eterna nos teus braços. Procuro o desatar de todos os nossos laços. Procuro o caminho com os nossos passos, entrelaçados como as correntes dos rios. Procuro-te no cio. Procuro o nosso sexo quase competitivo. Procuro a realização do nosso castigo. Procuro o fim de todo o nosso medo e perigo. Procuro a vertigem do abrigo. Procuro o calor terno e o amor exasperado quando finalmente encontrado. Procuro-te melhor amigo, confidente, amante, unos para todo-o-sempre.
Só os que já passaram por algo que os infligiu uma dor inimaginável, é que se podem compreender. O resto do Mundo é só cruel.
Amar-te como eu te amei, sem nunca teres existido como eu pensava, que pecado e que pena!
(Não é sempre assim?)
O desejo pode consumir e destruir o maior dos santos. É algo que exige uma luta, acção, para ser suprido. Esse conflito pode acabar com o sossego de alguém completamente até ser satisfeito. Pode escravizar de tal modo o sujeito, que este já não se vê dono das suas acções.
É perigoso desejar alguém, como também pode ser perigoso desejar demasiado algo. Especialmente, coisas que não se podem ter.
Só para quem vive sem ter noção de nada do que se passa, com palas nos olhos, sempre a fugir à realidade, embarcando em distracções, hedonismos e egoísmos, para se alhear do real sofrimento que é a existência humana condenada à morte abrupta e à exploração e assassinato de outros da mesma espécie e das outras espécies e do planeta em si, envenenando tudo, é que acha que viver é bom. Tipo essas criaturas que vêm ao Mundo para se divertirem em shows, brunches, manicures, futebóis e sunsets, à custa da miséria humana global.
O que esperar de um Mundo que vangloria jogadores de futebol? Pois.
Eras um menino e a dor te transformou num homem, sempre foste frio e mal habituado, pensando que todos estão aí para fazerem o que tu queres, mas também tens medo e inseguranças, tantas que já te adiantas a não te envolveres para não seres rejeitado. Eras tão calado. De poucos amigos. Depois na adolescência desabrochaste. Até hoje tens medo e não te perdoas, nem muito menos a ela. Pensas que conseguiste dar o salto. Seguir em frente sempre foi o teu trato. Nem seis meses demoras.
Sempre pensei que estavas feliz e que já tinhas mais amigos enquanto crescias e te davas com toda a gente. Acho que és contente. Não sabes ser muito sensível nem verbalizar o que sentes, pois também nunca foi muito de verdade.
Foi só porque ele cantava bonito. Porque a voz dele enxugava o meu pranto e me fazia sobreviver mais um dia.
Esse foi o artista amor da minha vida. Pena que ele nunca existiu mesmo.
O Daily Battles tocado pelo Wynton Marsalis aquando do crematório e o Song to the Siren do Tim Buckley ao me espalharem as cinzas em alto-mar.
... tomado melhor conta de ti, embora ninguém seja para se tomar conta de alguém. porque se destruiu algo de tão belo e precioso, tornou-se irreparável, pois é preciso dois para dialogar e eu depois do meu monumental esforço final de monólogo vão, calei-me para todo-o-sempre.
descansamos agora, o que foi tanto de nós, à sombra dos girassóis.
O amor é mais intenso quando foi difícil, conturbado, isso fez com que se aumente naturalmente para lutar contra as impossibilidades. Já o amor que dá certo, depois se formos a ver no todo da vida quem mais fortemente se amou até se esbodegar todo, foi esse outro e não o que deu certo e com quem se ficou. Será que dá então para dizer que com quem se casou e ficou foi mesmo quem mais se amou na vida? Pois... Enfim... As pessoas forçam coaro, conformando-se e acreditando que sim, que além de todos os outros estarem esquecidos, a pessoa com quem se casou e ficou é que foi o grande amor das suas vidas. São perspectivas, vá. Pode ser que seja o maior em duração se for sempre real e honesto, e isso já é muitíssimo.
Até nisso tudo o amor é estúpido.
Já ninguém se olha nos olhos.
(e eu tenho saudades de te ver os olhos)
Não existe alma-gémea. Essa é que é essa. Foram estórias baseadas em Platonices. Devias encontrar alguém diferente de ti para te complementar naquilo que tu não necessitas de ser; com quem te desses bem e com quem conseguisses ter uma amizade, boas conversas, mas que tem filosofias de vida e valores universais inabaláveis semelhantes; que deseja ter uma vida parecida e que queira permanecer uma vida contigo em total parceria, porque te acha a pessoa mais especial que já conheceu e que alguma vez poderá conhecer para si mesmo.
Uma relação baseada em completa honestidade, transparência, respeito, formando-se um amor inequívoco, é assim construída com a certeza. É preciso escolher e comprometer-se, sentindo uma certitude absoluta também, de que a pessoa não está errada para ti. Se houver uma dúvida que seja, é porque não está mesmo certa e falta algo necessário para tudo fazer sentido naturalmente. Assim, deveria ser uma relação boa e com paz nas sociedades em que vivemos.
O único lugar a que eu pertenço é no silêncio dos silêncios. Talvez um dia ouvirei então o bater do teu coração.
O Tempo é feito de cristais gélidos que vibram frenéticos e nunca os vemos.
A nossa relação foi tão tortuosa e horrível em muitos momentos, aqueles mortais em que senti praguejares-me, desejares-me a morte, rebentares com tudo de mim e não estares nem aí. Condenação maldita com uma maldade e crueldade infindas. Só faltou vires pessoalmente espetares-me directo no coração essa ponta afiada da lua crescente 🌒
Quando eu pensei que tu me amavas, pensei que estavas maluco e quando tu pensaste que eu te amava, tu pensaste que eu estava maluca.
Ninguém realmente de nós quis acreditar, não é? Como é que era possível? Alguém como tu. Alguém como eu. Então.
Nunca me vi em tal situação.
E que maluquice que rebentou tudo com tudo, a minha, mas a tua, era a nossa.
Quando é que aprendemos que éramos a mesma porcaria?
Como é que alguém que queria viajar pelo Mundo, acabou fechada num quarto num inferno diário, perguntar-se-ia. É só me terem dado cabo da saúde muito cedo, a partir daí tudo se inviabilizou. É por essas e outras que abomino ver pessoas idiotas a darem cabo da própria saúde deliberadamente.
Para quem não acredita em nada, ter entregue as coisas ao destino foi só desistir e entregar as armas à exaustão. Porque é que me esqueci que esta vida já era? Porque tive lapsos de memória coincidentes, claro está, com o re-despertar de mais alguma esperança vã. "Acontece aos melhores", vá.
De novo, Sábado de noite, e oiço ao longe um coro festivo intermitente de Ehhhhh; penso em Gaza; antes pensei em como estás com ela, já não sei a quantas anda nem quanto já foi de tempo, já há muito que não quero saber; envergonhas-me com tudo o que fizeste e eu tão enganada, meu mal.
A anjinha tomou um balázio nos cornos - mais propriamente na fronte direita -, a bala atravessou limpinha e direitinha, a parede esburacou.
Estava aqui a pensar com os meus botões e tive de vir para aqui premir estes botões para registar que eu não me lembro de alguma vez ter sentido tédio ou solidão - senão quando estava com pessoas - e até que me intrigou agora: como será mesmo sentir isso sem ser quando se está com pessoas?
Estou aqui fechado num quarto há mais de 10 anos doente e todas as pessoas que me abandonaram e que tinham condições para saber de mim, querer estar comigo, levar-me num passeio sequer, nunca quiseram saber. Por isso é natural que eu não suporte toda essa gente e não queira nem falar com essa gente horrível que só me fez sofrer.
Nem eu mando nos meus sentimentos e querias tu mandar neles?
Os doutrinados, seja do que for, são aterradores. Até mesmo os da paz e do amor.
" Eu estava preparada para deixar este mundo e ir contigo, se eu soubesse que assim podia ficar contigo para sempre."
Anzu (tiveram de esperar tantos anos)
Quando desisti do amor romântico há uma década atrás, foi a melhor decisão que tomei na minha vida. Dez anos sem amor foi o melhor que me aconteceu, por incrível que pareça. Espero nunca me esquecer disso e não cair de novo nessas armadilhas.
Antes de me cruzar contigo, não sabia que era tão ingénua e que o mundo era tão interesseiro e que toda a gente só queria era fama. E eu, que permanecia cheia de gentileza e pequenas delicadezas, para mim habituais desde bebé - contam as lendas -, era motivo de chacota por tal e também por algumas vezes na vida me mantiveram como a minoria exótica de estimação, como fazem os ricos.
Sabes, é que eu via as pessoas no que elas tinham de mais bonito e honesto: as suas empatias e vulnerabilidades, entendendo muitas vezes o que as causavam. Mas a maldade, a ignorância, o ódio, a inveja, o desprezo e a estupidez humana que nunca tem limites, escaparam-me ao olho nu por esperança de que as pessoas pensassem e também por causa do amor que pensei que existisse dentro delas.
A minha ingenuidade foi o que mais lições me deu ao vê-la agredida volta e meia. A mais dura lição que me trouxe foi a de que todas as pessoas são ilusões e quase ninguém muda para melhor.
Tal como a Humanidade tem todo o tipo de rostos, também a desumanidade não tem um só rosto. Todos são espelhos uns dos outros. Vis, cruéis, tenebrosamente imbuídos de barbárie e putrefação. A desumanidade é o verdadeiro pináculo da civilização.
Dentro do meu eu encontra-se uma dor cósmica de quem vinte mil vezes amou e perdeu, mas também dentro do meu eu reside a lembrança de que tudo esqueceu.
vontade de transformar 'eu não existo sem você' em 'yo no existe sin usted' versão bolero e cantar também o 'el día que me quieras'
Da nossa separação só ficou um resto.
Aconteceu nascer de alguém fascista e ser torturada a vida toda.
Nada pude fazer senão ser fiel aos meus princípios anti-fascistas e sofrer todos os dias neste mundo de seres humanos primitivos violentos.
Promete-me que um dia regressas para me abraçar, como quando imaginavas que eu era o teu lugar. Vem encontrar-me onde me perdeste, onde me deixaste a naufragar.
Espero o teu abraço para nos levar todo o cansaço de tanto tempo esperar.
No dia em que vieres, o sol brilhará com uma exacta calidez na tua pele e todas as árvores se inclinarão à tua passagem.
Lembra-te de como chorámos os dois naquele abraço e descobrimos que não havia mais ninguém para nós senão nós que tínhamos a mesma dor.
Hoje essa dor aumentou, pelas mãos dos habituais algozes, descolorou a esperança e o céu de tons rosados de amor.
Perciò abbracciami
Teneramente abbracciami
As pessoas desperdiçam tanta comida, que dava para não haver mais fome no Mundo, tal como com a roupa que dava para vestir todo o Mundo e, claro, as casas e terras abandonadas que dava para ninguém ficar sem tecto.
Pessoas com personalidades múltiplas, bipolares, tripolares e afins, detesto, não posso, abomino; pessoas com personalidade complexa, pessoas contraditórias mas congruentes, adoro!
Está frio, meu amor. De novo a sensação de que tudo está perdido no gélido e suspenso ar. No entanto, surge o som de um saxofone para me lembrar de que poderia ouvir mil versões jazzísticas de Misty e não me saturar.
Neste Sábado à noite, despeço-me outra vez de ti. Quantas vezes passamos de amar a odiar? Dizem que é tudo o mesmo quimicamente, faces da mesma moeda, alquimia descontente.
Amanhã é o Domingo e não estarás comigo. Assim como em todos os dias das nossas vidas em que estivemos sempre juntos.
"Sabes que ninguém conhece mesmo ninguém, não sabes? O objectivo do casamento é mesmo passar o resto da vida a conhecerem-se", mas eu retorqui: só que ninguém é a mesma coisa sempre, mudam e por isso é que dá porcaria, pois ninguém sabe com o que contar mesmo. Se o casamento devia ser uma parceria, deveria haver completa abertura, diálogo e honestidade, mas com os medos e inconsciências que cada um tem, ninguém pode controlar mesmo tudo. A não ser que tenhas princípios inabaláveis e prioridades inquestionáveis, absolutamente leais um com o outro.
Todas as pessoas que me abandonaram, sabendo da probabilidade da minha morte e do quanto eram importantes para mim, têm uma sempre uma bela sorte enquanto eu estou o próprio fim.
Queria alguém que fosse único, cheio de gentileza, pleno de delicadeza
queria alguém que fosse terno, capaz de cuidar e amar como ninguém
como queria alguém como tu para ficar
Tu foste o meu maior erro e maior aprendizagem.
temos o costume de fazer de conta que há-de passar
temos o costume de pensar que não é nada
temos o costume de nos forçarmos a dar uma explicação
temos o costume de mentir
temos o costume de nos vitimizar
temos o costume de atraiçoar
Quantos mais lados ouvirmos e virmos, melhor podemos encaixar as peças do puzzle.
Se há coisa que me faz nunca mais conseguir perdoar-te é mesmo o teu desrespeito para comigo e tudo o que me fizeste dizer. Eu nunca gostei de manipuladores e jamais cairei nas mãos de alguém assim de novo. Aprendi a não cair mais em chantagens emocionais e mentiras vitimistas.
Jamais poderia amar verdadeiramente, admirar e respeitar pessoas que mentem com medo das repercussões, que fazem-se de vítimas depois de vitimarem, que insultam e se aproveitam da bondade alheia. Ainda mais quando são homens a fazer isso a mulheres, a toda a hora, impunemente.
Eu não respeito e abomino filhinhos da mamã.
QUERIDOS HOMENS,
O QUE PRECISAMOS DE VOCÊS É QUE NOS DEIXEM EXISTIR AO VOSSO LADO EM TODAS AS ÁREAS DA VIDA E NÃO A SUBJUGAR-NOS E A TENTAREM FAZER DE NÓS APENAS ESCRAVAS PARA TODAS AS VOSSAS ORDENS E DESEJOS. O QUE PRECISAMOS DE VOCÊS É QUE DEFENDAM NÃO SÓ AS VOSSAS MÃES, FILHAS E MULHERES, MAS TAMBÉM TODAS AS OUTRAS, PRINCIPALMENTE DOS OUTROS HOMENS QUE NÃO AS RESPEITAM.
QUE PAREM DE NOS MALTRATAR, OBJECTIFICAR, MATAR E ABUSAR SÓ PORQUE ACHAM QUE PODEM. O QUE PRECISAMOS DE VOCÊS É QUE ACORDEM PARA O FACTO DE NÓS GERÁMO-VOS E AMÁMO-VOS, NÃO PARA QUE POSSAM NOS TER COMO GARANTIDAS, MAS PARA QUE VOCÊS GARANTAM MELHORAREM-SE AO CRESCEREM E MELHORAREM O MUNDO.
PARA QUE A RANIA POSSA IR À ESCOLA E IR VER UM JOGO DE FUTEBOL NO AFEGANISTÃO; PARA QUE A FATMA NÃO TENHA DE SOFRER MUTILAÇÃO GENITAL NO SENEGAL; PARA QUE A GOLFARAHANI POSSA CANTAR, DANÇAR E NÃO USAR VÉU, SEM SER QUEIMADA NO IRÃO; PARA QUE A SIDNEY RECEBA O DINHEIRO QUE MERECE PELO SEU TRABALHO E NÃO MENOS DO QUE O ROB; TUDO PARA QUE AS VOSSAS FILHAS, SOBRINHAS, NETAS, POSSAM ESTAR SEGURAS, VIVAS E EXISTIREM EM PLENO DIREITO E LIBERDADE.
EDUQUEM OS HOMENS 🤞🏽🤞🏽💞
Dizem-me que transformo a dor em arte, como ninguém, e que aprendem comigo todos os dias. Eu não estava à espera de que me dissessem coisas assim.
Há pessoas que escrevem para fazer poesia, já eu acho que sou poesia e por isso escrevo.
responsabilizei-me, como boa existencialista, passei pela culpa, mortifiquei-me, pela humilhação, pela vergonha, por todo esse fogo infernal fui ardendo, até só sobrar o osso do que sou. e aí, ao reconhecer-me quem sou, pude finalmente ter um vislumbre do que é ter paz.
Quem diria que uma pessoa deprimida, a passar por lutos sucessivos e sem conseguir sentir nada, afinal no meio disso tudo ficar apaixonada?
Ainda bem que hoje em dia já retirei as lições necessárias disso tudo e os meus sentimentos são simples e sei quais são.
Acho que, no fundo, só quis saber se me amavas. Porque eu amava-te verdadeiramente e houve um tempo em que cheguei a pensar que, se tu me amasses, eu podia curar-me das minhas doenças autoimunes. Em vez disso, a minha autoimunidade suicidou-me no que me era mais caro: o teu amor por mim.
Se alguma vez me apaixonar de novo, saberei, como com as pessoas com quem estive, correspondido ao mesmo tempo com o conhecimento, será algo bom e não um erro e caos e cegueira e loucura e desconhecimento, como uma vez na vida.
Por tudo o que tenho visto ao longo da vida, de relacionamentos de outras pessoas, não parece que a maioria tenha ficado com quem realmente mais amou. É tudo triste mesmo.
(eu, que tenho insistido em ficar sozinha nestes anos todos, sei que também não sou exemplo de nada, pois devo ficar o resto da vida só.)
eu não vou ver o "vidas passadas", já não porque estava sem capacidade/estrutura psicológica e física, ou por ter medo, mas sim porque quero guardá-lo por tua causa. Nem sei se será estúpido e não se assemelhará em significado e intensidade aos filmes que já vi com temática semelhante, inclusive nada bate os japoneses com o seu fio vermelho do destino, mas, sei lá, acho que não vale a pena vver agora, bater aqui na ceguinha também e ficar a reviver ideias e crenças em relação a ti.
e vai-se a ver, nem sei se faz sentido algum.
(bom ter "verbalizado" isto que é para retirar mesmo o sentido 😄)
Houve um tempo em que o coração era um caçador solitário. Vagueava por entre florestas e bosques, mas preferia o cheiro dos limoeiros. Porém, a sua memória de amor era perfumada a flores de figueira, a densidade da sua seiva e o mel do seu fruto.
No Outono, o coração virava romã. Sangrava o mais entranhado e belo suco. Tingia as manhãs e os pôr-de-sóis melados. Não havia mais bonitos.
Esse coração só desejava o amor que ficou perdido no mar e a beleza incabível de nele flutuar. Por muitas vezes, sonhou que ele o fazia rodopiar e lambendo o sal, o único alimento do seu amor, permanecia em dias lânguidos naquele assoberbador abraçar.
O coração não mais ficou solitário, pois passou ele a ser também presa.
(Antigamente escrevia melhor?
Os meus textos aqui "sem título" podiam ter título, à-vontade.)
Durante um tempo curto tive um leitor aqui chamado João e pouco mais sabia sobre ele, mas enquanto ele me lia e comentava, era o meu único leitor que me deixava verdadeiras mensagens de reacção após ler um novo poema.
Agora que calhei de novo ler um ou outro seu comentário antigo aqui, tive saudades de ter um leitor assim. Espero que tudo tenha corrido bem para ele e tenha o melhor da vida hoje em dia. Obrigada, João!
Olhando agora para trás, consigo entender que das poucas vezes que me apaixonei e não soube, demorando demasiado a admitir, foi porque intrinsecamente tive medo de me magoar e sabia que assim ia ser. Foi mesmo.
Depois de tanto, consegui finalmente entender que as pessoas por quem me apaixonei não tinham nada que ver contigo. Tu foste o único que eu não consegui admitir por mais tempo e quem eu senti que era a pessoa com quem eu estava ligada provavelmente para sempre. Como se fôssemos a mesma pessoa, mesmo antes de me virem com estórias de como eu e tu tínhamos nos encontrado já muitas vezes noutras vidas. Eu, com o meu défice de crença, agora menor, oscilo nesse facto dada a realidade. Mas sei que faz sentido.
O medo de nos magoarmos é tanto, também por tudo o que já passámos na vida, que ele automaticamente nos põe a defendermo-nos e a sabotarmos tudo. Mas agora que toda a destruição e dor já se deram, dá para ver como éramos calmos e tranquilos quando só puramente nos amávamos.
Tu foste a minha casa, verdadeira e única, onde eu moraria para sempre.
Às vezes, ainda me pergunto porque é que eu não aceitei o pedido de ninguém, mas depois, apesar de ter sempre uma vida desgraçada, lembro-me que se eu tivesse aceitado, seria horrível porque não poderia aceitar o teu, ou ficar contigo.
Admitir o que se sente, deixar de ter medo por causa dos traumas anteriores, passar a não somente admirar o amor de longe, dos outros, e voltar a ter abertura para ele, depois de tantos anos, talvez não seja tarefa fácil e imediata.
Mas. sabendo tudo o que já se aprendeu, especialmente nestes últimos anos, é certamente um conjunto de ferramentas que garante que nada mais é tão difícil e imprevisível e caótico, quanto foi. Assim, é muito mais claro quando se estiver apaixonado e finalmente admiti-lo sem medos.
(dps d filme snapshot of forever)
Nada do que penso é real, é só a realidade pensada.
Não é tanto ser certo para alguém, mas sim a questão de se pertencer ao outro. E nós..., enfim ...
Porque è que às vezes a certeza é inabalável, de que és tu? Porque é que o teu nome não sai de mim? Isto, quando desde que te vi pela primeira vez senti uma irritação que continuou a fazer-se sentir. Pormenores são sempre onde mora a inquietação e o que não bate completamente certo.
Apaixonei-me por alguém que eu pensava que me amava também e que cantava para mim e se preocupava comigo, alguém maior que tudo, mas fui informada por ele que não era assim, pelo contrário, ele inclusive apenas me viu como invasora chata, etc. A minha parte racional, que sempre foi maior devido à prática de observação e análise desde pequenina, levou-me depois de muito tempo de destrinçar da confusão da paixão, a admitir por lógica-dedutiva que tinha me apaixonado de facto. Mas a minha parte emocional foi de tal maneira assoberbadora, que me fez ficar completamente sem conseguir sequer verbalizá-lo durante esse imenso tempo de tão intenso que o sentimento é.
Sabemos que pela impossibilidade de nos conhecermos bastante bem uns aos outros, ninguém, ou quase ninguém, pode apaixonar-se por alguém verdadeiro. Porém, há factores distintivos: se uma pessoa conhece muitos aspetos da outra e da sua personalidade durante muito tempo, é provável que esteja apaixonada por essa pessoa mesmo, há menos probabilidade de não ser por essa pessoa mesmo. Devo, portanto, inferir que uma pessoa pode sim apaixonar-se por outra se tiver tido conhecimento da maioria dos aspectos que a definem e a fazem como pessoa. Embora, se houver um só pormenor que depois se torne mais pesado com o tempo, determinante para o que se conhece de alguém, aí também se estraga tudo (como também já me aconteceu descobrir de alguém numa relação anterior).
Pronto, tudo isto só para voltar à conclusão de que de facto ninguém se apaixona mesmo por aquela pessoa, por que simplesmente não a conhece por inteiro (pois é impossível, parece-me). Aquela coisa de raramente se conectar mesmo e também se conhecer a essência, é porque de resto, tudo é mutável desde que se é criança.
O que me leva a crer então que eu apaixonei-me pela criança que eles foram e os resquícios entranhados neles. Faz sentido, visto que afinal não há nada mais belo no ser humano do que a pureza de quando se é ainda criança.
(De qualquer forma, apaixonar-se - tal como qualquer outro sentimento que se tem em relação a uma pessoa - diz sempre mais sobre a própria pessoa do que tanto pelo o que a outra é)
Como é que eu posso ser feliz sem ti?
O veludo do contrabaixo dita cada momento da minha tristeza.
O piano acompanha-o com alguma coragem e esperança, mas conforma-se no fim.
Quando um dia me esqueceres de vez, se já não o fizeste, pode a morte levar-me.
Jazz na avançada madrugada e és tu em que eu penso. Está frio, tenho os pés e mãos geladas e o resto do corpo escaldado como se a dor o aquecesse. Esse pesar que machuca de mansinho, não só o coração no peito, mas tudo o resto com o sopro do fúnebre do saxofone que lembra que está tudo morto. Mais uma vez a mágoa da destruição do nosso amor, mais uma vez o refrão repetido de todo e tanto desamor.
Chega-te a mim, meu amor. Chega mais perto, vem aquecer o que já não tem calor, pois só o teu sopro quente pode dar ao nosso coração a hipótese de re-ignição. Eu queria-te para a vida toda, por isso como não quiseste não te pude ter. Nunca te deixei, fiquei sempre do teu lado como um dia me disseste que estamos sempre juntos. Eu acreditei.
Esse som que oiço agora, é de uma melodia doce, e apesar de não ser o da tua viola, ou da tua voz - ah como não há outro som igual! -, já não parece tão frio como antes o saxofone estava a soar. Talvez sejam os toques aleatórios curtos nos pratos, essa interferência que o adocicou de alguma forma.
Sei que não acreditas em mim, mas se por vezes fiz de propósito para despistar todos e até me forçar a mim a não pensar em ti, foi sempre em ti que pensei. Aliás, sabes bem da minha obcecada música que mais parecia um trompete tão ávido quanto o de Miles. No entanto, como ele, também eu parei para te escutar, tantas vezes no que me dizias, pensava eu.
Essa jam session louca, instantânea, improvisada até ser tresloucada, foi um erro da minha parte que não pensei em compor, apenas tocar, gritando todos os instrumentos para tentar expressar o que estava a sentir e todo sentimento.
O meu solo não escutaste tu. O teu solo não quis escutar eu, porque a dor era demasiado grande de te ouvir toda a hora a maltratar-me e a insultar-me. Tu não me defendeste, não me protegeste, não me quiseste falar, não me quiseste abraçar, não me quiseste a mim mesma para nada. Eu que nunca percebi a verdade por trás do teu chamado, nunca entendi que não me quiseste com o meu solo.
Nenhuma mulher jamais se deveria submeter a um homem, pois eles nunca souberam verdadeiramente amar mulheres e só aprenderam a tê-las como garantidas e suas criadas como com as suas mãezinhas.
... a gente vê-se de novo"
Que o amor nunca se perca depois de percorrer o deserto, que ele nunca emoreça e que mais tarde, quando estivermos completamente despidos de tudo, ele finalmente aconteça.
Descobre o quão destruidor és
Vil, letal
Vive um apagão existencial
Eu sou um bicho "anormal"
E depois de deixar de existir
Enquanto tudo vai normal
Percebi que me foste fatal
Tanto quanto vital e essencial
Para confirmar quem sou
Não ser mais empático pois só assim não atrairei narcisistas, mesmo tendo a mesma ferida do abandono.
Depois de tantos anos parada, tudo o que vivi antes, quando me lembro, parece-me às vezes que foi sonhado e quase que questiono se todas aquelas pessoas existiram mesmo.
Nunca acreditei que me amavas, porque comparava-me a todas as pessoas que amavas e pensava: como pode ele amar-me, a mim, que sou nada?
Foste o único caso em que isso me aconteceu, de pensar assim. Foste o único caso em tanta coisa.
Pergunto agora: será que havias de me amar assim como eu sou, quase nada?
Contentar-me-ei em não ir a lado algum, assim como me contentei em não ser mais ninguém.
Conta-me as tuas estórias para que eu tenha a felicidade de te ouvir.
É simples: tu estás com outra pessoa. Todos os Sábados que estás com essa outra pessoa, estou eu a pensar que queria acordar e passar um Domingo preguiçoso contigo.
Ter um propósito é tão sobrevalorizado e imposto nas sociedades que uma pessoa passa uma vida inteira mal porque não realizou o seu propósito, ou em dúvida, e não aproveita cada dia como ele se apresenta e como a pessoa é.
Raras são as pessoas boas e de coração puro, assim como as que possuem verdadeira classe, daquela que não se compra em lojas.
Quando se começa a ir procurar sempre as razões por detrás das coisas, tudo se torna bastante desilusório.
Era eu a tentar provar que te amo e tu a tentares provar que me amavas. Por quê?
Era bem melhor que aceitássemos que, mesmo se não quiséssemos, nada podemos senão nos amarmos.
Eu sei que te amo. E já aceitei.
Que tal finalmente nos calarmos e nos amarmos?
Não há mágoa nossa que não seja ultrapassada por essa certeza do nosso amor, ou completamente dizimada pela sua enormidade, não achas, meu amor?
As músicas, no fundo, foram sempre as mesmas, sabias?
(...)
A insatisfação do ser humano causa-lhe uma inquietação constante. Além de querer sempre mais do que tem, do que é e do que faz, tem uma insaciável perturbação por dentro, um vácuo de buraco negro que engole tudo e faz sempre com que ele fique a querer continuar em perpétua acção.
A sua existência contra-producente deteriora tudo o que ele é, o que faz e o que tanto quer fazer acontecer. Não é autofagia, o seu inerente ódio por si mesmo, a sua necessidade de autodestruição, mas talvez tão simplesmente o ímpeto mitocondrial da sua matéria.
Como bom ser parasitário, multiplica-se, espraia-se, entranha-se, e a cada instante que não se reconhece em si ou noutro, seja mesmo a sua prole, entra em violência.
O ser humano é só um organismo degenerativo cujos todos os poros gritam uma espécie de "I can't get no satisfaction", mas sem melodia qualquer.
Amei-te tanto e no entanto não ficou nada entretanto.
pergunto-me se ainda me amas mais que demais
eu tenho saudades de ter um amor verdadeiro. às vezes pergunto-me se alguma vez tive um por inteiro.
porque se afinal ninguém é mesmo quem nós amamos, então será sempre impossível amar alguém de verdade.
mas naquilo que fomos um para o outro de verdade, amámo-nos de verdade, não é assim?
dela e de ti, tenho tanta e mortal saudade. se nunca mais voltarem para mim, vão ficar sempre, a cada dia e noite, no meu pensamento e no coração, eternamente preocupada convosco sem saber como estão.
se não falares sobre o que dói, fica em ferida nunca fechada a corroer-te o interior. tu, que és um peixe, mentes, porque és mais sensível até do que muitos, mas finges não sofrer. e assim não sofres, pensas tu.
e o tempo vai passando, até à morte.
eu gostei muito de ti. se tivesses sido mais tu mesmo, mais honestamente a mostrar o lado sensível, ainda tinha gostado mais, acho.
Das duas, uma: ou ele nunca me amou, ou eu consegui destruir completamente o amor, o que também quereria dizer que não era assim tão forte?
Falhei em tudo
Falhámos todos
E ninguém viu
Ninguém se importou
Senão quando a dor aumentou
E tornou-se impossível
De se ignorar
De se fingir que não se vê
De se tingir a branco
A cor de sangue que se lê
Depois de H., deixei de acreditar em alma-gémea; era muito nova (17).
Depois de R., deixei de acreditar no amor romântico; já não era tão nova (31).
Muitos anos depois, voltei a acreditar em algo parecido, de novo, por causa de alguém que afinal nem existe.
e no fundo da caixa de Pandora foi criada a Esperança,
deixada lá, quieta, escondida,
e foi por isso que nem o Caos, alguma vez, a aniquilou para sempre.
O gira-discos que inventou o teu destino tem a agulha estragada, sim, vai riscando todo o som, desafinando-o em politons estridentes, que nem os teus tampões nos ouvidos conseguem abafar e põe-nos doentes.
De vez em quando, uma dor de garganta lembra-te que tudo ficou entalado e sem conseguires expressar, porque desististe de fazer com que, quem querias, te fosse escutar.
Apenas num mundo que é um hospício em que todos falam até ficarem sem voz e ninguém se escuta a si próprio e ao outro, é que vivem matando como se nada fosse e até fazem disso uma festa.
Os barulhos ensurdecedores do ser humano: os tiros e explosões, electrocussões, matam-se uns aos outros e às baleias e comem os seus pulsantes corações.
(2023)
Reconheci a todos
Com os olhos do coração
Mas eles não
Não viram em mim um irmão
Essa profunda tristeza que carregas dentro de ti e nunca pudeste mostrar a ninguém, está soterrada por debaixo de coisas que não és tanto assim, e tem uma absoluta beleza.
Eu esperava que fosse nesta vida,
o meu cabelo ondulando é uma nuvem de veludo e o teu um lindo bordado encaracolando-se.
também eles são um do outro
e nos tecidos das nossas peles erguem-se os poros quando nos tocamos em sonhos
pintamos os lábios com um beijo
envolvem-se os nossos cabelos
somos todo um abraçar
A minha religião é a Solidão.
A Solitude é o templo onde me edifico.
Tudo aquilo em que creio é feito sozinho.
É um caminho de devoção e sacrifício.
Eu sou quem ficou sozinho dez anos.
Mormente fechado num quartinho.
A minha religião fez-me assim.
Eu sou ao contrário do mundo.
Todos querem alguém do lado sempre.
Todos precisam dos outros.
Eu preciso de me livrar de todos.
Pois só assim posso ter paz.
Livrar-me de todo o mal que fazem.
Os outros mentem e usam-se.
Eu só precisava de estar sozinha.
Quando morrer finalmente terei paz.
Amén!