Faz-me ficar, dá-me de ti, esperança, tu que és verde, dá-me o teu sinal de semáforo da minha vida. 

 Cada vez mais sinto essa atração pelo caos ordenado volátil que só por não poder ser repetido na medida existente não está classificado como ciência exacta. Esse espaço que dá para a liberdade ilusória da dança frenética. E poucos a tomarem para si por terem receptores expandidos e assim bailarem como o próprio vento e o envolver das marés. 

3

 Não é a conta que Deus fez.

2

 Duas partículas

Vibram

Eternamente

Mesmo distantes

1

 É o número mais solitário

Diz a canção

E eu que nasci no dia 1

Estive em primeiro

Em coração algum?

Ventre

 Sou antídoto 

De mal secular

Morreste azul antes de nasceres

Nasci resistindo roxa ao me teres

Simbiose

 Duas partículas

Enquantum vibram

Interestelarmente

Solaris

 O que dói mais: 

o barulho da verdade

ou o silêncio da mentira

               ?

 Plantei uma semente

No vazio do teu olhar

E anos se vão passando

De tudo o que é a gente 

Lentamente num brotar

Vendo-te sempre brilhando

Tens galáxias a reverberar

Nos teus seios mel a jorrar

E na tua boca os feitiços

De menina moça vibrante

E mago gigante dos mestiços

Tudo num só sonho flutuante

 O que aconteceu no isolamento

Não ficou no isolamento

O que acontece agora

Depois de tudo ser muito tudo

E não ter sobrado nada?

A esclerótida congelou

A íris difundiu

A retina fotografou

E ainda é muito cedo

Para a luz enbranquecer

A memória da escuridão

Leva tempo para os olhos

Focarem as imagens

As suas cores e contornos

Sem serem encandeados 

 Pára e escuta

Responsabiliza-te pela reacção

Talvez não seja cura

Mas é caminho para a solução

 Há quem dance para esquecer

Há quem dance para lembrar

Eu só danço para flutuar.

 Tudo o que eu fiz valeu a pena porque tu estás feliz e tudo aconteceu como já estava previsto. A minha dor fica para depois, porque não tem remédio e não passa mesmo.