Viver

 Poder dizer que se teve uma vida bem vivida, cheia, porque se viajou, foi-se a festas, divertiu-se... Mas até que ponto estiveste mesmo nesses momentos, absorveste-os, sentiste-os? Aquela coisa de estar verdadeiramente no momento presente, sem ser um personagem a interpretar um papel por costume, automatizado, decorado e repetido, emulando de novo as sensaçőes que já se teve com os mesmos estímulos... Um genuíno absoluto sentir como se fosse mesmo a primeira vez ali assim. Por isso é que também dizem que não se deve voltar aos lugares onde já se foi feliz, para não dar hipótese de estragá-los numa outra vez, ou para não se tornarem rotina, banais, esquecidos? 

Eu gosto de termos feito isso e de eu ter coisas únicas do que vivi mesmo quando houve falta de condiçőes melhores, foi tudo lindo contigo maioritariamente. Fomos uns tesos felizes nos nossos luxos. Por isso tenho de agradecer por essas partes. 

Mas nada bate flutuar no mar, sentindo chuviscos mornos a cair no corpo e eatar estirado na praia a ficar a ouvir Lilac Wine com a voz da Nina Simone a ecoar pondo em repeat a sentir a brisa cálida e o silêncio e a magia toda ao mesmo tempo.

 Acabo de me aperceber que o meu amor não tem um tipo e adapta-se às pessoas e ao que elas precisam de mim. Infelizmente talvez, até nisso não existo eu mesma. É congruente com o que sempre fui de não ser uma coisa definida.

 E se o amor não serenar nunca, será amor?

À janela

 Agora que estás aí a chegar não vou de novo ver-te na janela mesmo que seja só por um minuto como da outra vez, vou ficar firme na minha decisão, para variar. 

Cansada de só lembrarem de mim quando dá jeito, esquecendo que eu existo no resto do tempo. Por isso tenho dito que mais vale mesmo continuar a tratar como se já morri que assim é óptimo para todos quando morrer mesmo.

Esperar à janela, pois, também afinal não sou a julieta.

"Unforgiven"

Por causa de não ter o teu perdão não morrerei em paz, todos os dias enquanto a definhar com dores e só a pensar nisso. A pior coisa que fiz na vida.

 Podes mentir a ti e ao mundo

Mas vejo-te sempre por detrás dos teus olhos

Embora agora quando olho ao espelho

Já não enxergo nada

De tão vazio que sou

Um país

 Um país que leva séculos a violentar meio mundo e esconde os seus podres até hoje, tende a ver-se julgado um dia.

Dorme

 Dorme e finge que apagas de vez

A consciência e a lucidez

O que vem aí e o que vês

Dorme enquanto há luz

O rebuliço ao redor

Deixa as pessoas acordarem

E que se deixe o que há de feroz

Andar solto a se enganarem.

Memória do começo (como o nosso amor foi belo!)

 Em 2006, só nas centenas de mails durante dois meses com horas ao telefone de casa tb, um par de fotos de cara trocadas entre nós e mais nada, a minha resposta, depois do poema dele (o único que ele escreveu sobre alguém que conhecia) mais belo que alguém já escreveu sobre mim, é isso mesmo. 

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"n sei porque fazes isto...

uma lágrima saiu do meu olho.. e um sorriso se desenhou nos meu
lábios.. sinto que és meu e existes para mim, mas será que não podemos
ser só amigos? acho que o tempo e também qd nos conhecermos tudo se
resolverá.. assim espero..

gostava que tivesses razão..
de facto, apesar de ter passado tudo sozinha, preciso e como todos os
meus mais próximos amigos dizem, mereço, alguém que me queira também
merecer, me dê valor, não me abandone e que cuide de mim...

não sei se consigo dar-me a tudo isso, não sei se me salvarás de mim
mesma, não sei... mas espero que sim.

há uns tempos atrás dei por mim a dizer que mesmo que se garantissem
que eu ía ser feliz mais à frente (tipo compensação q toda a gente
passou a vida a dizer-m q teria) eu abdicava disso para morrer já
nakela altura dado todo o inferno q passo... não estava mesmo nada à espera de te encontrar, de me
sentir de novo especial e de lembrar o quão se pode sentir preenchido
só por ter a pessoa do lado.

calma é bom, é bom acalmar tudo, o monstro q há em mim tb. quero
crescer o que tenho a crescer agora nesses próximos meses. quero
sentir-me orgulhosa por estar a acabar o curso, tal como os outros
dizem q sentem-no por mim (nas fitas); é mto bom ter quem se orgulhe
de nós, pelo menos na minha situação (c cena d falta d apoio d quem devia;
talvez assim recupere a minha auto-estima e lute interiormente para
ficar melhor. talvez tenha chegado mesmo a altura (d como disse o
Ricardo, o bibliotecário) de olhar no espelho e não sentir pena d mim
mesma. aniquilar o fatalismo e tudo o q tão insistentemente fez
questão de me atropelar do nada a vida toda!

se eu te escolher, será que não me deixas perder-te?"

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Ele prometeu não me decepcionar, nunca me abandonar, fazer o que pudesse para sermos felizes. 

Durámos até fazer 7 anos. 

Eu nunca mais acreditei ou cedi de novo a ninguém.

Delapidada

 Agora entendo que no fundo nunca me deram valor pelo que sou, somente pelo que contribuí ou dei "de mim". É uma das coisas contraditórias ou não fosse eu sempre a contradição, como a minha mùsica favorita de Iguinho. 

Fui delapidada sendo gema, sovada a água, ondas rafeiras com impurezas estrangeiras. O meu amor de antes, o maior deles, é que nunca me deixou completamente senão quando eu agora mostro-me ausente. 

Fui à procura do poema que ele escreveu para mim daquela vez, tão bonito, o mais bonito que alguma vez me deram escrito especialmente para mim. Ainda nem nos tínhamos encontrado pessoalmente e já éramos completamente um do outro. Fi-lo sentir mais vivo que tudo, dizia ele, mesmo na distância. 

Hoje apercebo-me de que talvez tenha isso mesmo em mim, porque já tantas pessoas me disseram que eu dou vida a elas e que significo vida, mesmo agora que factualmente sou mais morte. 

É estranho para mim isso, sempre foi. 

Talvez actualmente, a quem dei o meu amor totalmente, e na verdade me detesta e me destrata, seja o único que me veja apenas como morte, quando lhe entreguei até o meu resto de vida. Nem tem de se preocupar mais porque não arrastarei ninguém comigo, tal como nunca quis. 

Mas...

 Mas eu quis sim que tu fosses o meu abrigo

O meu melhor amigo

Com quem eu tinha a maior ligação

Que pelos vistos tu não sentes,

Apenas todos os insultos ao meu amor por ti,

Mesmo depois o que eu fiz que te fez mal

Se houvesse mesmo uma ligação

E um cuidado e carinho

Nunca desistirias assim de mim

 Como é que era suposto esperar por nós 20 anos para sermos finalmente felizes juntos se eu estou a morrer, meu querido?

 Tenho saudades de como escutava o teu coração bater por mim, quando me aninhava no teu peito, meu amor perfeito, o mais belo de todos que encontrei. 

O sofrimento das estrelas

 Agradeço o teu instante de carinho,

tenho tantas saudades tuas,

Será que ainda lembras de mim

Ou só metida no meio das outras

Como um incómodo interminável?

As nossas estrelas e a lua veremos

No breu do firmamento lá no alto,

Até o mar eu já não posso ver

Tudo perdeu o sentido agora

Todo o sofrimento que me fizeste

Passar sem ti e sem teu afecto

Como é duro viver assim 

Sem saber o que fazer ou dizer

Estando fisicamente a morrer.

 O que calo

Dói agora

Na boca do estômago

Ao saber dos dias finais

Queria adormecer nos teus braços

E não voltar nunca mais

Porque só eu e tu somos iguais

(no insta, who tf is going to last 20 years waiting to be finally utterly happy?? :/)

 Ahh afinal nem tudo é mau: acabo de me aperceber que ao menos morro antes de mais qualquer outra pessoa que eu goste, assim não terei de passar por esse sofrimento.

 Como é que alguém pode fazer mal a tanta gente em relacionamentos e conseguir dormir de consciência tranquila? Provavelmente nem é por não ter consciência mínima do que fez mas sim por ter feito tantas vezes acabou por lhe ser banal. Muito triste tudo.

Ainda assim gostava que existisses

 Tenho um carinho e um afecto inegáveis por ti, tão enormes que tu nem deves imaginar e, no entanto, se tu soubesses do verdadeiro sentimento e o pudesses sentir, talvez então finalmente o pudesses descobrir. 

 A Poesia está em tudo o que os sentidos alcançam e especialmente no que eles não chegam. 

 Pergunto-me se serias capaz de amar alguém como eu sou agora, quase inexistente...

 Não, meu idiota, como é que eu posso estar melhor se as glândulas adrenais estão em falência e deve faltar muito pouco para puff, lá vou eu :/ ?!

 Hoje dispo-me de tudo,

Tudo o que alguma vez fui,

Deixo o mundo,

Abraço-te e tudo flui.

O teu olhar

 Tudo o que disseram que fui

Ou que ainda sou

Não é nada

Porque não te tenho a ti 

A olhares para mim

Com os teus olhos de susto e ternura

Menina bonita

 Guardarei teu rosto todos os dias

E pedirei que voltes para mim

Porque merecemos uma chance

De um verdadeiro romance

De partilharmos de novo alegrias

De sermos felizes juntos por fim.

 Nada vale a pena; só a dor é real.

(Hj pesquisei aqui "dor" e relembrei mto bons txts, mas dores terríveis)

Encontro

 Encontro-te ao luar

Não tardas em chegar

Mais uma memória

Que passará à história

Pois a vida não vale

Não se lembra mais

Esquece tudo o que foi

Deixa tudo para trás.

 Saber que a morte é a única coisa que me resta e que ela está quase, faz-me ter na mente das piores confusőes de sempre. 

Resolução

 Tu não vieste e mais uma vez deixaste-me aqui. Quando vieres eu não quero mais sequer ter de conviver contigo. 

É como o outro disse, eu não sou um ioiô.

 A dor que tenho a cada segundo é da ferida aberta que não cicatriza jamais.

Complexos

 Quando fazia uma piada

Pensavas que era a gozar contigo

E que o meu ar jocoso era malicioso

Agora entendo-te as incertezas

Que destruam as minhas delicadezas

E não passavam de complexos

Nunca tive hipótese logo de inîcio

Estou a perceber só o começo

De uma enorme confusão

Tremenda desolação

De chorrilhos de equívocos

Tanto sofrimento que me fizeram

Tantos que me viam mal

E tanto mal me causaram

Paradoxo derradeiro

 Enquanto reclusa só penso em morrer, mas a razão pela qual estou presa é precisamente para evitar a morte.

Inspiração

 Tu não acreditavas em inspiração,

mas eu fui a tua em tanto que fizeste,

de todos a quem soube que inspirei,

o teu poema foi mesmo o mais lindo

ainda me lembro que falava em alabastro

...

Sufoco

 Não dá para respirar

Com este sentimento sufocante

Pulmőes sem exalar

O teu perfume torturante

Olhos de mar que transbordam

Em ondas verdes e azuis

Que pelo meu rosto gotejam

Quando te emudeces e anuis

Só tu agora me possuis

O homem que não existe

Senão quando me seduz

Como farol para gente triste

O que é esse amor, sabes dizer?

Inexistente mas tão potente

Que mais parece torrente

Que num segundo é dilúvio

Arrasa o muro mais imponente

Dilacerando tudo existente

Mormente ele é dor e mágoa

E indiferença e ausência

Espalha fogo como água

Impaciência como benção

Foge, esconde-se, mente

Vira e mexe e corre doente

Ferve entre as gentes

O que é esse amor, mesmo?

Que vive se arrastando a esmo

Como cadavérico esqueleto

Num terreno desértico

Onde há flores e cobras

Até oásis e arremedos

Vivendo de sobras e segredos

O que é esse amor?

Que é assombração invisível

Que apenas se sente a toda a hora

Porque o sofrimento foi terrível

E só ele foi o sol na aurora

"Esse amor que eu não esqueço"

 Conheceste destroços de mim

Que pus num puzzle de alegria

Hoje sou apenas ar e arlequim

Puro silêncio no brilho da fantasia

 A coisa boa de se morrer sozinho é que ninguém tem de ficar incomodado nem ter pena de nós. 

 Não sei o que é o amor, só sei que ele é bonito. 

Silogismos dos Sexos

  Os homens fazem porcaria

As mulheres limpam a porcaria dos homens

Logo, as mulheres ficam com mais porcaria

(A lógica-dedutiva concluiria que as mulheres têm de parar de limpar a porcaria dos homens)

Rara é quem sabe mesmo amar de verdade

 Nunca vi alguém amar alguém de verdade, geralmente nunca é amor mesmo, é só necessidade, dependéncia, caréncia, egoísmo, narcisismo, hábito, medo, ou outros que nada têm que ver com amor. Alguém amar simplesmente alguém e quando a outra pessoa deixa de amar é que se confirma na reacção das que dizem que amam que não era amor mesmo. 

Enfim, pena que todos se contentam com mentiras que contam a si mesmos até se habituarem como verdade.

O amor é ..

 O amor é o sentimento mais bonito que há. Quando outras coisas menos boas são em maior intensidade que ele, como a agressividade, a possessividade, o ciúme, entre outros, aí poderão sobrepor-se e acabar com o amor. O amor é sempre amor e só amor, o resto é o resto. Não se deve confundir.

Prontinho, quase.

 Tudo encaminhado, tudo tratado, tudo no devido lugar como é suposto, tudo a ser preparado, quase pronta; é, parece que ficou tudo resolvido antes de partir.

 Depois de todo o amor e de toda a dor, o que é interessa?

 A culpa acabou, foi-se, 40 anos acumulados eventos puff. 

(Dead like Me , ser Georgia Lass)

 Natureza vulcânica 

Vastidão oceânica

Eu e tu

Nós a sós

 Meu pranto é oceano sem terra à vista.

Amor delicado

 Peguei num amor delicado

Com pinças, com cuidado,

Mas logo ficou transfigurado

Numa amálgama destroçado

Em mal me quis e me quer bem

Somos crianças como ninguém

Mas tiranas em sociedade

Bons selvagens na amizade

Suportamos a tempestade

Levamo-la mais além e assim

Damos cabo do amor delicado.

Declarei-me

 Falei com os pássaros, escrevi cançőes e poemas, cantarolei, desenhei, perscrutei o coração... E tudo por causa do teu amor que guardei com o segredo do nosso olhar. 

À Lareira

 Espero pelo dia em que já não nos irritaremos mais,
porque estaremos finalmente perto demais,
sem que as defesas nos impeçam o abraço
como as ondas que correm para a costa

Tu e eu tão envelhecidos e despidos de tudo
acalentados pela luz laranja da lareira
com a certeza de que já podemos descansar
depois da tão tortuosa jornada

Amo-te sem saber

 Faço-te festinhas no cabelo
descendo pelo rosto
como se fosses um gato
ou um cãozinho bebé

Preciso tanto do teu amor 

Jamais te diria tais palavras
até escrevê-las custa-me

Guardamos o segredo da flor

quantas vezes

o mundo não é nada sem ti

 E a única coisa que eu queria nesta porra desta vida antes de morrer era poder encostar a minha cabeça no teu peito e ficar até finalmente adormecer.

 Tu sabias que eu era a pessoa mais triste à face da Terra, ainda assim fizeste-me ser o sol para ti.

 Infelizmente esse é o único vínculo que conta e fala mais alto. 

Um homem que soubesse o que é o amor verdadeiro

 Se houvesse um homem que visse além, que não visse o físico nem a fotografia, não se deixasse ludibriar, soubesse que o amor é sobre algo maior do que tudo o que já existiu, pela essência imaterial que une duas pessoas sem discriminação nem etiquetas, aí sim, esse seria o homem para mim. 

 Ter princípios inabaláveis é ser um bocado suicida, em sociedade..., pelo menos às vezes parece-me. 

 Pensar que uma vida se resume a uma biografia..., é só esquisito. 

Declaração

 Eu fui a pessoa mais burra à face da Terra, ao contrário do que todos pensam. 

 A partir do momento em que não servimos mais para os interesses das pessoas, ou desiludimo-las, elas esquecem-se de nós. É raro que não aconteça assim. 

 Nunca pedi a ninguém para casar comigo (nem a brincar), nem sequer que me beijasse...

(Daquelas coisas estranhas de me aperceber)

NB.: e sim, claro que queria que pudéssemos esquecer, que me perdoasses e que pudéssemos ser amigos normalmente. 

Krishnamurti about insufficiency, etc.

Action as we know it is really reaction, it is a ceaseless becoming, which is the denial, the avoidance of what is; but when there is awareness of emptiness without choice, without condemnation or justification, then in that understanding of what is there is action, and this action is creative being. You will understand this if you are aware of yourself in action. Observe yourself as you are acting, not only outwardly but see also the movement of your thought and feeling. When you are aware of this movement you will see that the thought process, which is also feeling and action, is based on an idea of becoming. The idea of becoming arises only when there is a sense of insecurity, and that sense of insecurity comes when one is aware of the inward void. If you are aware of that process of thought and feeling, you will see that there is a constant battle going on, an effort to change, to modify, to alter what is. This is the effort to become, and becoming is a direct avoidance of what is. Through self-knowledge, through constant awareness, you will find that strife, battle, the conflict of becoming, leads to pain, to sorrow and ignorance.   It is only if you are aware of inward insufficiency and live with it without escape, accepting it wholly, that you will discover an extraordinary tranquility, a tranquility which is not put together, made up, but a tranquility which comes with understanding of what is. Only in that state of tranquility is there creative being. — Krishnamurti

 Então e o que é que realmente acaba quando sentimos que o amor acabou?

Tudo virado de novo

 Agora pergunto: se o amor bonito acaba sempre por ser ilusório, então o amor é mesmo uma dor? Ou se um dia sabendo de como ele realmente é mau também nalguns aspectos e ainda assim o amarmos sem estarmos iludidos, nem sem ser algo que nos faça sentir que é impossível coadunar-se connosco, podemos então finalmente dizer que isso sim é que é o amor real e verdadeiro? 

E teremos nesse caso também de ter em consideração que ele pode mudar e acabar? Ou não?

 Obrigada, meu amigo, por teres ajudado um bocado no que podias e gostares de ter sido meu amigo enquanto estiveste assim. 

Prós e Contras

 Vendo tudo o que fiz de bom para e que deu tantas alegrias e oportunidades, dos melhores amigos e um bom amor, numa época tão difícil, tudo de mau que te fiz sentir para que pudesses finalmente ultrapassar e enfrentar tratando certas questőes, para dar um salto ainda maior, embora o que é mau pareça muito mais intenso do que o bom, ainda assim parece mesmo que tanto quantitativa quanto qualitativamente a coisa foi muitíssimo melhor. Eu, mesmo assim, sofro todos os dias com a cena toda. Querer bem a alguém às vezes implica mesmo isso de sacrificar o que é preciso para que haja um impacto para a mudança. De outra forma, soaria apenas como crítica e não seria tomada em conta. Já tinha acontecido antes. Mas como disse há uns meses, nunca mais ajudarei nessas coisas, já bastou nos irmãos que foi.

Sina pior

 A pior coisa nesta vida foi ter de te perder, ter feito o que tive de fazer e que me levou ao inevitável. Tu és a minha maior perda e eu amo-te mesmo e tenho tanta pena que não acredites que seja mesmo de verdade. Só fui aquilo que disseste que precisavas na altura, fiz um esforço enorme, rasguei o coração, matei-me ainda mais, só para ser quem querias que eu fosse para ti no momento. 

Mas deixa estar, a minha vida sempre foi só sofrimento.

Amar de verdade

 No dia em que puderes amar alguém com todos os seus defeitos, conhecendo-os bem, não te iludindo e amares a pessoa não apesar deles mas a eles também, então aí sim finalmente será verdade e não apenas amar alguém que não existe.

 Ser castigado pelo que se fez aos outros é bom especialmente porque dá uma sensação de que se pode sair mais condigno no fim e também pode ajudar a sentirmo-nos com alguma redenção mesmo que esta não ocorra mesmo.

 Espero ainda estar aqui quando voltares.

Atenta que...

 Tu só te sentes sozinho porque antes tinhas companhia e só te sentes sem ser amado porque antes tiveste amor. Só te sentes triste porque antes tiveste alegria. Por isso, atenta nisso tudo e vê que perdeste porque tiveste e nada dura para sempre mesmo. Habitua-te a constatar simplesmente que não há nada a reter. 

Não se deve dar ouvidos a ninguém

 Muito menos quando se tem um histórico de se dar mal quando se dá ouvidos a alguém e também uma lógica dedutiva acima do habitual. Fui dar ouvidos às pessoas que diziam coisas sobre alguém gostar de mim, quando na verdade, tal como me parecia o mais provável - e o contrário me parecia completamente impossível de ser verdade - a pessoa não estava nem aí para mim e até não gostava mesmo de mim como eu estava a ser - precisamente depois por causa do que me vieram contar sobre a pessoa. Enfim, imbróglio que eu, por estar afastada da sociedade e suas superficialidades e intriguices, não me apercebi nem soube lidar bem com tudo. 

Agora parece tudo uma grande palhaçada e mega-idiotice, mas devido aos danos colaterais e sequelas ocorridas, não tem piada nenhuma mesmo. Especialmente quando se é condenado sem direito a qualquer defesa. Mas, lá está, como nunca fui de disse-que-me-disse nem tanto de emprenhar pelos ouvidos, sei destrinçar o ocorrido e assumir finalmente uma posição de que nunca mais vou lidar com o que outros dizem sobre o que for, regressando assim eu ao meu estado original. A não-acção e não-envolvimento, pois embora tudo o que fiz foi feito com propósitos que se cumpriram de coisas lindas para as pessoas em questão, nomeadamente uma boa dose de lição, o meu anterior estado é o mais benéfico para mim mesma. 

Morrer sem amor

 Ele era um homem só

A quem muitos enganaram

E reduziram-no a pó

Dele tudo levaram

Houve quem lhe dissesse

Que podia sempre contar

Mas assim que ele fizesse

Todos o foram abandonar

As pessoas juravam amor

Mas nunca ficaram com ele

Até ultrapassarem a dor

E tudo acabou na solidão dele.

Patife

 Destruíste o amor

Com o teu descaso

Sempre o teu domínio

De senhor menino

Caprichoso e peste

Nos meus vasos sanguíneos

Destruíste o amor

O cuidado que te tinha

Nem quiseste saber

Tomei-te como melhor amigo

Erradamente sempre soube

Que não eras alguém bom

Com um coração verdadeiro

Que soubesse ser companheiro.

Amor devastador

 Não me amaste como eu era

Abandonaste-me sem dó

Nunca pensei que amor

Fosse toda essa dor

Tinhas razão

O resto que tive antes de ti

Foi só o melhor que tive

E que pensei ser para sempre

Mas tudo acaba e dói

E tudo muda e destrói

O que afinal era só ilusão

 Pega na minha mão

Vê como ela esperou

Por encontrar a tua

Encaixarem como uma

A pulsação nos dedos

Ao mesmo ritmo

Acelerando devagar

...

Do arrependimento

O arrependimento mata sim,

Tu estavas tão completamente

E absolutamente arrependido,

A morte chegou entretanto

Levou o teu coração gelado

Que só estava assim porque perdeu

Tudo o que teve e o que tinha

Senão nem estarias arrependido.

Eu não, eu arrependo-me sim,

Mas não porque perdi

Já sabia e fiz para isso mesmo

Porém nunca quis causar dor

E sim, é triste ter de se destruir

Tudo e todos, incluindo a mim,

Só porque tem de ser assim.

 Ele trazia o sol no sorriso

Eu presenteei-lhe com o luar

Juntos fomos ver o mar

Fizemos dos braços um abrigo

Era uma vez um homem

 Era uma vez um homem

Que não sabia o que era o amor

Apenas conhecia a paixão

O empolgamento, fascínio,

Posse, diversão e poder

Distração e manipulação

Necessidade e carência. 

Ele nunca amou ninguém,

Nem podia, pois nunca soube

Nem tinha como saber

O que era mesmo amar.

 Há uma diferença enorme entre não estar nem aí nem se preocupar e entre ser leve.

 Será que algum dia vais entender tudo o que se passou e porquê, já que eu de tanto analisar dias a fio ainda estou para decifrar certos fenómenos ocorridos de que tu nem tens conhecimento? 

Engraçado como o que é importante para uma pessoa não é nada para outra tendo as duas passado supostamente pelo mesmo. 

É como o que fica de memórias para cada um passados anos. 

Não há "o homem da minha vida"

 Lembrei-me de quando me enviaste uma mensagem a dizeres que eu era a mulher da tua vida, enquanto estavas com outra lá longe e nem vieste para os meus anos. O meu orgulho nunca me permitiu dizer algo de bom como querias provavelmente na altura. O problema é que eu conheço-te demasiado bem e sabia porque é que disseste isso. Eu nunca devia ficar amiga de quem me trai ou abandona, mas acabo sempre por conseguir resolver bem as coisas dentro de mim nem que dure anos até deixar de amar as pessoas em questão. Foi assim com eles os dois, espero que fiiquem bem entretanto e me deixem também em paz já que me magoaram tanto. 

 O pior é que cheguei mesmo a acreditar na tua crença, houve um momento em que aceitei e afinal mentiste em tudo. 

 Cansei de ser humana,

declaro que sou oficialmente um marshmallow. :) <3

Rosto renascentista

 Tu és tão belo de se olhar

Que podia passar horas nisso

A contemplar cada aresta

Desse teu rosto de homem

A deter-me em cada sinal

Em cada centímetro

E finalmente afogar-me

Nesse teu olhar de rio

Translúcido e molhado

Desejosa de mergulhar

Para não falar desse sorrir

Que é dos mais luminosos

E esse teu nariz afilado

E pequenino na pontinha

O mais fofinho que existe

Não me lembro se te toquei

Nesse teu rosto que contemplo

Há anos com o teu conhecimento

Será que te lembras sequer

De quando eu disse uma vez

Como o teu amigo notou?

O rosto que devia ter sido 

Feito um molde dele

Para se eternizar

Como beleza renascentista

Eu tentei um bocadinho

Por ti também fui artista

Mas tu só me valorizaste

Dessa mesma vez

Quando te fiz gordinho

Na cara que disseste

Que eu até que adivinhei.

Liçőes a notar

 Quando nos forçamos a amar alguém de quem não gostamos, acontece das duas uma: ou se cria uma teimosia e depois torna-se numa questão de honra, ou se fica completamente agarrado por costume numa espécie de vício acidental e depois não se consegue dar o braço a torcer, como aquelas pessoas que acreditam na própria mentira que criaram. De qualquer das formas é mais uma estupidez humana e um fenómeno cerebral extremamente idiota. Sendo que pode acontecer que o pior seja mesmo conseguir admitir para si mesmo que era tudo mentira. 

 Adaptar-me-ei como sempre

Assim como o girassol

Quando há luz ou sombra

Porque eu não sou só mar

Mas terra mesmo com sismos

 Fervo

As adrenais ardem

Nunca sei se vai ser agora

O fim tão anunciado

Esta maldita hiperadrenalina

Que me fez ligar com pessoas

Que eu nem queria

E destruiu-me tudo

A fazer coisas que eu não faria

É a ti que eu odeio

Não interessa se fazes ver tudo

Pois não me serve de nada

Senão para viver manipulada

Amordaçada e arrasada

Todos os dias ao contrário

A verdade

 Poeta que é poeta jamais esqueceria a minha canção. 

 Não sei se voltaste à cidade

Se antes ouviste a minha mensagem

Imagino que estejas perto

Ou se calhar até não

Mas não queria que regressasses

Estou cansada de tantos desastres

Homens todos uma desilusão.

Ódio

 Vivi tantos anos com a força do ódio

Das injustiças sofridas e vistas de perto

E durante esses anos sofria de uma raiva

E de uma revolta que não me largavam

Uma dor constante por haver gente assim

Tão horrível e egoísta para com os outros

Que não tinham maneira de se defender

Hoje o meu ódio regressou depois de anos

Poucos anos que ele me deixou em paz

Ou pelo menos tinha aprendido a isso

Ou a uma espécie de exausta resignação

Pela impotência e incapacidade de lutar 

Mas o que sinto agora é um ódio forte

Capaz se calhar de trucidar a própria morte

É sempre a injustiça que me faz retorcer

De uma forma que dá vontade de explodir

Como odeio todas as mentiras e abandonos

Que me fizeram crer tanto outra vez

Não há solução quando se é tão crédula

Especialmente quando não se transforma

Em pessoas igualmente horríveis como elas

De que ficamos sempre reféns com terror

De a qualquer momento serem maus de novo.

Enaltecer

 Enalteci-te

Vi o sol que tinhas 

Vi o oceano e o mundo

Vi uma natureza

De carácter benigno

Quis que fosse uma deusa

Para reinares bela e forte

Mas não passas de bobo da corte

Apenas mais um com a tua certeza

E gestos tirânicos de displicência.

Quando me disseram

 Quando me dizem que mereço ser amada

Que esperam que eu fique melhor

Que esperam que encontre alguém decente

Que sou muito amada

Eu não acredito já em nada

Porque esses mesmos que disseram

Não me souberam amar

Não foram decentes

Não me ajudaram a ficar melhor

Até me fizeram ficar pior

E me fizeram acreditar que não mereço nada.

Nunca foi bonito

 Quando eu morrer não precisas de te sentir culpado por me teres mentido e abandonado. De nada me valeu dizeres que gostas de mim e não estares aqui. 

Todas as palavras que me disseste e nunca me demonstraste carinho e verdadeiro espírito de amor e entrega. Nunca tiveste verdadeiras saudades de mim. 

Tu foste a última pessoa que eu quis amar. Agora nunca mais amarei de novo. Até porque o tempo acabou e o quão os homens são horríveis só se confirmou.

 Acho que nenhum de nós merecia nada do que nos aconteceu e fizemos um ao outro, mas assim foi e nunca foi para haver retorno nessa estrada em que fomos o nosso pior acidente de percurso. 

 Se nunca conseguirás admitir o que fizeste como é que algum dia vais melhorar e não repetir a mesma situação?

Fealdade

 Sentirmo-nos feios ocorre quando nos tratam mal, quando nos sentimos culpados, quando não gostam de nós e tantos outros factores e circunstâncias externos. 

Olhar no espelho torna-se inútil. 

Que se passa?

 O que se passa contigo, meu amor?

Teus olhos perderam fulgor

Tua cara envelheceu

Tuas mãos já não tocam

Não como antes

Que se passa, amor meu?

Que demónios te afligem o pensamento

Que fantasmas gemem no teu tormento

O que te transformou e embruteceu?

Troça

 O meu sentido de humor continua quebrado

Aleijado e atrofiado

Já não sou leve nem alegre

Tu mataste essa pessoa em mim

Conseguiste essa proeza

Com a tua escuridão

Parabéns

Ri-te ainda mais de mim

Com os teus amigos

E irmãos.

Agora sei como é pior

 Esta sensação de que é para sempre

Este castigo para o qual não há redenção

Não tinha eu pelos vistos aprendido a lição

Estava no meu degredo impassível

Mas ainda a consciência não atingido

Mais uma aprendizagem que faltava

Cometer erros conscientemente culpada

Para não morrer ainda mais santificada.

Hoje entendo-te melhor, anjo escuro.

Seres humanos

 Só constatei hoje, acho, que todos os seres humanos ("dos 8 aos 80") são tiranos, pois em algum momento acabam sempre por se comportarem querendo ser como Deus.

...

 E agora vais esquecer-me

Que é como tudo vai acontecer

E estava previsto.

Somos

 Somos a mágoa

A dor que não se cura

Volta e meia regressa

Porque houve amor

Essa é que é a dura

Constatação da lição

Que fez parte 

Do que quis se ensinar

Não se maltrata

Nem se descuida

Quem nos ama tanto

Quem acredita em nós

Quem vê mais em nós

Do que nós mesmos.

 Sou um bicho

Arisco

Noctívago 

À meia-noite desperto

Como com as mãos

E quando chega a alvorada

Canto

Com os meus amigos pássaros

Eu sou um bicho

 vivi como nuvem:

flutuei

chovi

trovejei

mas no fundo

nunca existi

(Espero que nunca usem este para se referirem como se fosse eu-autobiográfico postumamente)

A ensanguentada ilusão

 Hoje assustei-me ao só conseguir levantar e ver que já era meia-noite. Ensanguentada ainda. As hemorragias da doença do sangue da PTI e os sintomas da doença de Addison, cada vez piores. 

Estou tão exausta que parece que já não estou mais aqui. 

E sim, fica com a razão, pensa o que quiseres, que não é amor nem era, se isto te fizer melhor e esqueceres. 

Depois de tudo e tanto, e também tanto insulto e incompreensão ou verdadeiro acompanhamento e amor e cuidado, não importa mesmo. 

E como disseste, não meu caro, não é negatividade, de novo é só a minha realidade, daí eu não querer arrastar ninguém e afastar todos enquanto ainda dá.

Era uma vez a esperança, de novo

 Cometi o erro crasso de esquecer que a pior coisa para alguém moribundo é a esperança, essa que volta e meia eu sempre tive a arrasar-me cada vez que recebia os resultados do sangue e tinha de enfrentar a realidade. É, sempre foi das coisas mais estúpidas, no que me diz respeito, a esperança de uma pessoa que não vai ter dias melhores neste caso.

Basicamente...

 ..., o que posso então deduzir desta história errónea toda de ter cedido a "voltar à civilização", foi que as pessoas só gostaram de mim enquanto eu as elogiava, fazia-as rir, incluí-as, alegrei-as, publicitava-as, tudo do nada, por pura espontaneidade da maior parte das vezes, dando-lhes atençäo e destaque. Assim que levaram com as minhas próprias coisas, deixando de serem meu foco, nem sequer quiseram mais saber de mim. Exactamente como imaginei e disse antes mesmo. Pouquíssimos foram os que ficaram e que nem fiz tanto por eles quanto por todos os outros. Centenas de pessoas, puff e foi-se o Chocapic. 

Serviu mesmo para confirmar o que já se sabe da natureza da sociedade e também relembrar as razőes em parte pelas quais me auto-ostracizei dela. Sempre tudo muito triste no que diz respeito à humanidade, basta ver as atrocidades a cada segundo para com os mais frágeis entre si e no resto do planeta.

 Mesmo que eu não tenha um lugar neste mundo, parece mesmo que não é para uma pessoa estar a questionar-se sobre nada, nem isso, porque realmente nada faz sentido. E às vezes embarcar em atribuir um, ou pensar que existe um, apenas serve para confundir uma pessoa, o que ainda é pior do que quando se pensa que se tem um. 

 Construir uma melodia nova
De uma música que já existe
É estranho e pode ser homicida
Mas é como jogar roleta russa
Ainda há uma hipótese de acertar.

(Alt J a House of the Rising Sun, versão diferente mas início parecia mesmo Bowie Life on Mars)

Alienígena

 Quando não se tem nada a ver com ninguém,
como se fôssemos de outro planeta,
estamos sempre à espera que alguém nos busque
para nos levar de volta para o planeta de origem

Claro que sabemos que infelizmente não há
nem quem nos venha buscar nem outro planeta

Ainda assim
sempre fui e serei
alienígena de mim

Preparação

 Escapei de tudo,
preparei-me para a morte
com menor dano para outrem
excepto para alguém
que não sei bem 

Espraia-te nos meus olhos,
cuida de nós de vez em quando
porque ao fim e ao cabo
sempre estivemos juntos
pelo menos enquanto tiveste pena
acho eu que era isso
porque nunca me disseste
que não era isso

Tentei preparar tudo para todos,
deixei tudo arrumado
espalhei amor e energia a rodos
só não consegui 
fazer com que deixasses
de ficar tão zangado
mas imagino que sim
que se me detestasses
ficavas sim tão magoado

Sinto que já falta pouco
para fenecer de vez,
eu até que tentei
até paguei de louco
até em amor re-acreditei
que o de todos talvez
me ia ajudar como me disseram
mas devia saber que era crença
apenas de quem queria me ver bem

As últimas páginas escritas,
o último canto assobiado,
o derradeiro retrato desenhado,
e o meu amor maior
para sempre eternizado,
já tudo se sabia de antemão,
que não haveria outra solução.

 As pessoas dizem a si mesmas as coisas que precisam para passar bem. Ninguém aguenta um incómodo, uma dor de cabeça, tomam logo um analgésico que seja, ninguém aguenta a verdade, olhar-se verdadeiramente no espelho. Além de só se poder conhecer a si mesmo em apenas 5%, segundo a neurociência. 

Ora, o facto de que existem pessoas a apregoar-se como exemplo de força quando na verdade estiveram sempre na dependéncia de sistemas de apoio (fosse religioso, pessoal, ou outro), dá-me asco, porque se clamam como exemplos e depois quando pessoas sozinhas não se sentem tão capazes ainda as fazem sentir-se piores.

A crença no amor

 Tinha mais ou menos a tua idade quando deixei de acreditar no amor e dei por encerrada a loja. 

Um bocado como no tal do empreendedorismo, é preciso acreditar nele, porque ele não existe e tem de ser construído de raiz, mantido e investido. 

É apenas uma ilusão como outra qualquer das que inventamos para não ter de lidar com a inevitabilidade da morte.

 É, vamos passar a vida nisto, pelos vistos, chiça, que sina!!!

Aventuras

 Impressionante como tudo é apenas química do corpo, desde o interesse que temos pelas coisas e pessoas, até o simples acto, passando pela suposta coragem e espírito aventureiro de quando se é jovem e depois a suposta maturidade, responsabilidade e consciência de quem já envelheceu. 

Gostava de me interessar por algo ou alguém o suficiente para fazer planos de futuro com essa pessoa, como nunca fiz. 

 Devia fazer poemas como pessoas normais

Que falam sobre a natureza, flores, animais

E não estes devaneios anti-sociais

Verborreias que nem são manifestos

...

 Estou tão cansada. 

Não vejo a hora de morrer

Para que todos fiquemos em paz

E as pessoas mais felizes ainda.

A tal da chama-gémea

 Nunca tinha ouvido falar de tal

Apenas do outro termo antes

Que deixei de acreditar jovem

Em alma-gémea sem saber

Exactamente o que queria dizer

Agora no ano passado aprendi

Que supostamente há outro

Conceito ainda mais louco

Pois afinal há muitas almas-gémeas

Mas apenas uma chama-gémea

Assustei-me de tanta identificação

Com os alegados sintomas dela

Resolvi ignorar como tudo

Mas volta e meia vêm-me falar

Dizer sobre coisas inéditas para mim

Se não fosse tudo tão flagrante

Até me poderia ter esquivado

Esquecido todo o sentido

Mas parece que a chatice permanece

Para quem não quer dar ouvido

O tempo e a consciência 

Ainda têm muito a fazer

Eu não sei de nada mesmo

Muito menos se terei tempo

Para melhor tudo perceber

 A dor e tristeza nunca terminam

São fiéis companheiras

Como a foice e o ceifador

Estão sempre comigo

Não me largam nunca

São as únicas

Que eu não perdi

Meu universo

 Olho o céu

Tanto

Nos últimos tempos

Procuro-nos

Às vezes com a Lua

Hoje com duas estrelas

Penso num amor cósmico

Como seria bonito

Que não precisássemos de falar

De nos ver, de nos encontrar

E era só pensarmos um no outro

Que estávamos juntos de novo

Como sempre nesse universo

Auto-sabotagem

 Não ter autoestima e portar-se com arrogância para se fingir para que as pessoas detestem é a derradeira auto-sabotagem.

Um amigo

 Um amigo era alguém que nos salvava do perigo. Eu fui amiga de toda a gente e esqueci de permitir que me salvassem. 

Os amigos que tive nos vários momentos da vida foram tudo a que dei importância e estiveram comigo enquanto deu. Tenho saudades de saber apenas se eles estão bem, mas sinto que sim, mesmo os que não estão mais. Eu também vou ficar bem, assim que puder descansar de vez.

Factualidade

 Lembrei de como pareceu-me a vida inteira que só o amor fazia com que tudo valesse a pena. 

Eu que não posso existir mais, ter amigos, ter amor, tenho tido de me conformar com isso e assim tenho feito. 

Não, não é "negatividade" como me inquiriste, mas sim apenas a minha realidade.

Aprender a amar

 Aprendi a amar-te

Contra todas expectativas

Os julgamentos

Preconceito que tinha

Foi tudo terra abaixo

Na minha ideia pré-concebida

Transformou sentimentos

Derrubou lamentos

Ultrapassou feridas

Esse bem-querer maior

Que não tem término

Nem tanto um sentido

Nunca foi encantamento

Foi sim de dor um gemido

Mais profundo no pensamento

E vivo para te poder ver feliz

Sem mim e sempre lá fora

Porque sei do dano que causei

E como fiz para te ires embora.

 Ser terrível

Ter noção de que se é horrível

De que sempre se foi a pior pessoa

Que se conhece

É algum passo para melhoria? 

Espero que sim

Senão estou tramada

Não há qualquer salvação para mim.

Consegui voltar para o novelo

 Consegui voltar para o meu novelo

Apanhar o fio pela meada

Soltar o emaranhado do cabelo

Depois de julgada e condenada

De novo habito o silêncio e só ele

Passando dias sem falar com ninguém

Como é bom voltar a ser só dele

E poder descansar e não ter de ir além.

Água que passou

 Incrível como o tempo vai

Mas quando se convive com dor

Em termos quase diários

Nessa armadilha se recai

De reviver a perda do amor

Pela mágoa dos contrários

As águas passam mas não lavam

As almas que se prenderam 

Numa constante atormentada dor

Porque não esqueceram e cavam

A sua sepultura onde se enterram

Quando em vez podiam ser amor

Porque é que persistimos nesse erro

De não nos permitirmos qualquer paz

Que não admitimos nem queremos

Porque tudo é pesado nesse enterro

Cada um de nós consigo é demais

Por mais que tanto nos amemos

As mágoas que duram uma vida toda

É isso de que és tu muito capaz

Ou de esquecer tudo e apagá-las

Mas não quereres tocá-las nunca mais

Porque não tens coragem de lavá-las.

A mágoa

 Quando se tem consciência da mágoa

Em todos os dias das nossas vidas

Seja a que causámos e que nos fizeram

Vive-se como que se sufocado

Por umas mãos invisíveis

Apertando-nos ora o pescoço ora o estômago

Tirando-nos a possibilidade de respirar

Ah e lembra-me de quando eras o meu ar

Como fui cometer o erro de me ligar

Mesmo sabendo e estando sob aviso

E de estar a ver um filme repetido

Sim, porque quando é para chocar

A coisa anuncia-se avisando de se rebentar

E eu só insisti para que ele pudesse ganhar.

A ideia do amor

 Como é bonita a ideia do amor

E nem me refiro a um ideal

Mas tão só ao conceito inventado

Por nós humanos para explicar

Os sentimentos arrebatadores

Os mil e um amores que temos

E que não passam de um cocktail

De tantos outros conceitos e factores

Que também foram e estão inculcados

Nas nossas cabeças que a eles são alheios

E depois há um amor que não tem regra

Não tem explicação ou ponta que se pegue

Não é de nenhum tipo conhecido

Não é em nada igual a um mínimo detalhe

Não tem nada em comum nem na afeição

Ou mesmo teimosia, ou só obsessão,

E que só se vai descobrindo que já existia

E é só uma antiga e cíclica condenação:

"Nessa vida será intenso, breve, sem acesso

Porque se tratou mal nas outras vidas,

É esse o castigo que não tem perdão".

(E tu, o meu bem-querer maior)

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O último eterno amor

 Quando me pus a amar-te

Não fazia ideia do quanto te amaria

Assim, puramente e sem medida

E muito menos saberia

Que serias o meu último amor

O que será eterno

Assim que eu morrer. 

O mar deixou de existir para mim,

tomou conta esse outro menino-mar,

tão sem ideia do que foi e será

nesse fio do tempo que já foi linear

essa reunião de algo imperceptível

alguém que é completamente invisível

mas que em muitos se dividiu

e em nós habita essencialmente

Um último grande amor

Que é o mais puro deles todos

Sem qualquer possível magoar.

O amor poema

 Quero encontrar O Poema

Aquele que cada palavra

Tem a força de um terramoto

E o som de mil trovőes

Mas envolto na mais pura delicadeza

Do amor maior e mais absoluto

Nunca encontrei 

E creio que não existe

Mas se tu souberes dele

Vem-me contar

Antes que eu morra triste.

 Acabo de me aperceber que essa história de ser cupida de toda a gente afinal remonta a muito mais cedo. Até me lembrei daquilo que me disseram há tempos sobre pedirem-me para eu rogar por eles porque Deus ouvia quem estava muito doente... 

Enfim, as coisas que uma pessoa ouve nesta vida, chiça, já foi com cada uma!

 Isso de amar génios loucos sempre me acabou por assustar um pouco; ainda bem que acabei sempre por me safar deles, foi mesmo como suspeitava, abençoado sistema de defesa, intuição ou sagacidade, o que seja, nunca me fez cair nessa armadilha de forma mais danosa.

(Como ele disse da outra vez "foste poupada do pior". Elas que fiquem com eles já que são feitas para eles. "E ressonam" elas, como diria a Tatah qd eu disse "a dormir c outra" para o "onde estará o meu amor" lol)

Os recordes

 Os fenómenos humanos deitam por terra qualquer bonomia real...

Não tendo muito a ver, mas sim, hoje vi algo sobre existir uma notícia de um homem que bateu um recorde com um amendoim numa montanha. Pus-me a recordar de como há milhares de pessoas a fazer disso uma vida, bater recordes com coisas muitas vezes completamente sem nexo. 

Perante isto e outras idiotices quaisquer que sejam encetadas e repetidas por pessoas, de facto tudo ganha uma perspectiva diferente. 

Sempre factos diversos humanos a mostrarem a realidade e a lembrar-nos de como tudo é tão relativo se conseguirmos enxergar fora de um só foco.

O pior presente

 Os presentes que te dei

Dos melhores que tens

Embrulhei-os em escuridão

Em agonia, dor e confusão

Para que tivesses o amor

Maior que depois tiveste

De todos e que soubeste

Finalmente abraçar.

 À minha janela

Tudo repousa

Vêm gaivotas, pombos, melros

Todos os dias pesam-me os teus danos

Que vivo para afagar

Num isolamento sem fim

Nenhum homem sabe ser só melhor amigo

 Olhando agora lá para trás, tudo o que eu queria era só que fosses o meu melhor amigo. Trágico como tudo ocorre sempre. O erro é eu deixar-me levar pela pena e um certo nível de intrigância e identificação. 

Confiável

 Quando se ama alguém como irmão, a outra pessoa vê isso como uma rejeição da sua beleza/atractividade. Nunca me acerquei disso senão há pouco tempo. 

Tive pessoas que gostaram de mim enquanto eu estava com namorado e que eu só via como amigos. Nunca pensei no quanto isso pode ter causado sofrimento, embora eu também seja sempre muito verdadeira em relação às coisas. 

Pior é quando há confusão de sentimentos, aí tem-se mesmo de tomar opçőes. Muitas vezes imagino que não as melhores para a maioria das pessoas, depois mais tarde quando se vai a ver. Nunca se pode, lá está, fazer o tal "e se", pois aí seria tudo permitido. Nunca fomos de "e se", não é meu caro?

Pena que no fundo, no fundo, apesar de fazer tudo como deve ser, acabei sempre sem nunca me conseguir comprometer. Não encontrei ninguém capaz de me inspirar completa e absoluta confiança ao ponto de derrubar todas as minhas defesas e alertas, que sempre estavam certas. 

Sempre curioso como funcionam bem estas coisas, mesmo com os seus pesares. 

Psicografando

 Nunca disse, ou escrevi, um milésimo do que pensei, ainda assim.

Momentos de mais paz

 Os momentos em que senti mais paz, de que me lembro logo, são quando estive em Almograve naquela rede em que vi o tal pássaro a apanhar um abelhão com o bico em pleno vôo que, mais pareceu-me uma cena em slow-motion e outro foi quando estava a boiar no mar. 

É, faz sentido

 Se eu não tenho mais o que fazer aqui, se ele também não me ama nem pode amar, se eu estou a definhar, certamente serei finalmente feliz depois de morrer, embora não me irei lembrar lol

Olho no espelho 

Vejo só um esqueleto

Com longos cabelos brancos

À espera que o ceifador

Se lembre de vir recolher

A alma que deixou para trás

E que todas as madrugadas

Fica quase a ir de vez

Mas permanece 

Exausta 

Porque de novo foi esquecida

"Dead like me" até parece que tb calhou a estar a preparar-me...

 Devia desenhar-te só mais uma vez, uma última vez, feliz como és de verdade.

 Queria adormecer e não mais acordar.

 Penso em ti em demasia

E nem é pela tua rejeição

De mim

Pois antes já era assim:

Esta espécie de dor

De incómodo

De clamor

De ardor

Como se fosse um vulcão

Adormecido, latente,

Só à espera da explosão.

Desilusão

 A verdade é que todos eles me desiludiram porque deixaram de ser tão bons quanto eram como pessoas em tudo e rapidamente acomodaram-se e instalaram-se numa sociedade doente.

 Porque o homem não consegue olhar-se no espelho da morte, dança com bola de espelhos...

Piada cósmica

 A maior piada cósmica é termos evoluído o suficiente para termos consciência de que nascemos, apodrecemos e morremos, enquanto pensamos ser especiais, divinos, etc., tudo conceitos que nós próprios inventámos. 

Cansada de kamikazes em prol do bem maior lol

 Quando olho para trás e vejo tudo o que fiz aos meus irmãos (os de alma e os de sangue), o quanto me lixei e fiz com que odiassem, mas queria a toda a força é que ficassem fortes, que tivessem mais segurança, se fizessem melhor a si mesmos e enfrentassem as coisas e parassem de se mentir e aos outros, tendo em mim a frase de "quero é que sejam felizes, mesmo que seja sem mim", pergunto-me agora exactamente sobre essas vezes. Ainda bem que "à terceira é de vez" comigo costuma ser e aprendi que nunca mais vou fazer isso, mesmo que me peçam.

Agonia diária

 Não te dei amor? Não te dei alegria? Tudo o resto que causou agonia, será que alguma vez seremos os mesmos antes disso? 

A coisa toda é tão complexa que sempre achei que não merecia o teu perdão pelos danos que te causei, mas ao mesmo tempo neste momento lembrando de todo o bem que fiz para que resultasse de tudo e para tudo, então afinal é tremendamente maior e muito mais meritório de tudo e alguma coisa.

Saber que me detestas é a cruz até ao fim que me resta. Mas agora tendo me acercado desse outro facto, apercebo-me de que não é nada disso de ter de sentir culpa e vontade de morrer todos os dias pelo que fiz (a todo o instante ultra-consciente desse peso que carrego diariamente). Até hoje não sei como foi possível inteiramente tudo o que aconteceu.

Impressionante como tinha ela razão no que me tinha dito e também todas as milhentas circunstâncias. 

Faz-me saber

 Se eu tiver um lugar na tua vida

Faz-me saber

Porque eu não sei como pode ser

 Eu e tu

Desfeitos

Abraçados

Aninhados

A juntar os cacos

Oceano - Djavan (apercebi-me agora na live de Hugo Branquinho q ainda n tinha publicado aqui esta :D)

 Assim que o dia amanheceu

Lá no mar alto da paixão
Dava pra ver o tempo ruir
Cadê você? Que solidão
Esquecera de mim

Enfim, de tudo o que há na terra
Não há nada em lugar nenhum
Que vá crescer sem você chegar
Longe de ti tudo parou
Ninguém sabe o que eu sofri

Amar é um deserto e seus temores
Vida que vai na sela dessas dores
Não sabe voltar, me dá teu calor

Vem me fazer feliz porque eu te amo
Você desagua em mim, e eu, oceano
E esqueço que amar é quase uma dor
Só sei viver se for por você

Enfim, de tudo o que há na terra
Não há nada em lugar nenhum
Que vá crescer sem você chegar
Longe de ti tudo parou
Ninguém sabe o que eu sofri

Amar é um deserto e seus temores
Vida que vai na sela dessas dores
Não sabe voltar, me dá teu calor

Vem me fazer feliz porque eu te amo
Você desagua em mim, e eu, oceano
E esqueço que amar é quase uma dor
Só sei viver se for por você

O amor eterno

 Era uma vez um amor 
Que não tem princípio
Nem tem fim
Jogou-se do precipício
Para não haver mais dor
Quando a morte chegasse
Por fim

Esse amor eterno
Atravessa o tempo
A travessia no deserto
E nada o pode conter
Nem o fazer fenecer

Ele é puro como cristal
Que brilha pelas galáxias,
Feito de nebulosas rosas
E carmim e pôr-do-sol,
Ele é a pimenta e o sal
Todos os cheiros bons
As belezas que há
O princípio e o fim do mundo
No silêncio oculto
No universo profundo.

Desejos

 Que o amor fosse algo real

Que houvesse saúde

Que houvesse paz

(...)

Nunca digas adeus

 Promete-me que ficamos sem dizer nada

Porque as palavras são todas vãs

E nada podem para tudo o que já sentimos

Quando o dia nascer para ti, Sol,

Lembra do nosso amor e guarda-o

Até chegar a noite e eu, Lua,

Tomar conta dele para nós

E não te esqueças

De nunca dizer adeus,

Pois estamos nesse céu 

Somos os dois nele a sós.

Promessa de um amor

 Pediste-me que te prometesse

Que serias para todo-sempre meu

Pois, meu ser amado de todos os dias

Tu ocupaste o meu coração inteiramente

Nunca duvides que já era para ser teu.

Meu karma

 Disseste-me uma vez que me amavas

Quando eu estava destruída 

E nem me conhecias sequer

Depois disseste que eu era linda.

Quando não me estavas a ver bem

Hoje pedes-me que te deixe ir

Que não te diga mais nada

Quando passei todos os dias

A tentar compensar-te pelos danos

A sofrer que nem uma condenada

A sentir-me culpada e sempre magoada

Mas a ligação e o sentimento maior

Tão fortes quanto uma bomba nuclear

Porque é que ainda custa tanto tudo

Porque é que tive de fazer tudo isso

Como se de facto os meus antepassados

Tivessem maltratado os teus

Expulsando-os do país

E eu pelos vistos tudo o que fiz

Não vai desfazer esse nosso mau karma

Mas fica com a certeza que nada desfaz

O que eu sinto por ti de tão profundo.

 Faço de conta que nada existe, 

O tempo, a vida, as pessoas

O mundo lá fora

Só para sobreviver.

Resumindo...

 Vida

Dor

Miséria

Desgraça 

Amor

Dor 

Morte

(Nunca pude aceitar a ajuda das pessoas poucas que me quiseram salvar completamente, porque não podia mesmo ir pela saída mais fácil. Hoje em dia já a situação seria diferente, por causa do que eles alteraram, mas agora já eu fui por eles completamente destruída e sacrificada. É uma sina desta vida maldita.)

 O que é que interessa o que sabes

Ou o que fazes 

Ou mesmo o que passaste?

As melhores madrugadas

Foram as que passei em silêncio

Ao lado de alguém num sofá

Ou algo parecido

 Que simplesmente

Estava ali

Com o seu olhar

Com o seu abraçar

A aceitar a essência de mim.

(Não ter de ser alguém, para ser aceite)

 Preciso de respirar

Sem sair do lugar

Ler algo novo

Escutar algo leve

Que nem chega a tocar

Preciso de amar

Perder-me nos teus braços

E ali ficar

Porque tu és meu coração

Minha alma, meu perdão

A única pessoa

Que tem o amor puro

E por isso não existes

E nem eu mais duro.

Afundo / a fé a fundo

 Às vezes afundo-me

Mesmo estando de pé

Ele é a água 

Em que não me atrevo

A adentrar

Mesmo tendo pé

O ritmo é errático

Frenético, louco,

E eu Mar Morto

Lutando para não me mover

Porque sei que sou como ele

Mas não tenho a mesma fé

E nos momentos que acreditei

Depositei tudo na fé dele

Na luz azul contra ninguém pode

Da sua espada e do seu corte.

Lembra-te que é mentira

 Todos mentem

Lembra-te

Só tu tens a condenação

De dizer a verdade

Os outros só te deram maldade.

Propósito de Existência

 O destino e sentido da vida é estarmos juntos, precisamos um do outro, como a "terra seca da água".

(Jove p/ Juma :D)

 Tanto faz tudo
Tanto faz...
Porque já foi tudo
E tanto
tanto mais...

 Teu, eternamente teu,

como a areia do deserto
como a brisa dentro do vento
como o mar dentro do oceano
como o amor dentro do profano.

 Feitos de inflamável néctar
Líquidos desejos de ardor

Da Exposição

Durante 7 anos de namoro e mais uns 7 de continuarmos melhores amigos, nunca ninguém conseguiu tirar fotos nossas. Eu tirei algumas, mas poucas, nunca directa/, sempre o nosso reflexo nalguma superfície, ou três em que são pedaços de nós assim; dois escritores que não gostavam de aparecer deu nisso e tb eu brincava e respondia às pessoas que não queria porque como era meio índia as fotos iriam capturar a minha alma e tb que se alguém tirasse uma foto nossa conjunta havia de se quebrar tudo entre nós. A não-exposição à chibaria e ao 'grande irmão', mais a nossa convicção de querer rasgar o B.I. e ir para uma ilha, fez-nos os últimos dos eremitas. Nos últimos tempos, contra tb essa cultura de não-exposição, tão própria europeia, por ter-me submergido aqui numa realidade cultural completa/ oposta, fiz então esse esforço de me "expor", pelo menos no que concerne a aparecer com a minha imagem, embora com a modulação própria do audiovisual. Foi um caminho - ainda mais com as minhas limitações de saúde - bastante insano, pois ao mesmo tempo que tentei desmistificar esse fenómeno, ora numa de "no one cares, why should I, what's the big deal?", também tive saudades da pessoa de 'backoffice' que sempre houve em mim desde origem. Claro que, como sempre aprendi em Comunicação, quanto maior a exposição mais azo a opinião (que geralmente "ninguém pediu", mas nessa outra cultura do 'show-off' todos no fundo pediram e vivem disso, que é pior. Continuei a usufruir da minha liberdade de mera observadora, inclusive às vezes, aquando da recepção das ditas opiniões por mensagem directa, divertindo-me ao relembrar a velha frase que ouvi aos 15 anos e sempre foi mesmo isso "mas ninguém te conhece". Pois é, ainda assim, outros poucos dos que julgavam conhecer-me espantaram-se muito, dizendo inclusive que nem me reconheceram. Verdade seja dita que mudei completa/, de novo, nos últimos tempos, e sempre mudava todos os dias, sempre fiz assim desde pequena, mas assim tão absolutamente nunca.

Deu-se mm na altura mais certa, depois de ter começado o processo de desconstrução do ego em 2017 e, após os últimos 2 anos de profunda depressão e esvaziamento com a despersonalização, devido a todos os mais de 20 lutos sucessivos de pessoas que me tocaram na minha vida, dei por mim naturalmente a reconstruir o tal do ego para a sua forma mais pacífica constituída por Silêncio e Paz, mas desta vez após anos de mongitude, com a verdadeira noção de que não me era algo que tb me tinha sido imposto pelos condicionalismos vários que sofremos. O caminho da Paz é tortuoso, mas uma vez alcançado, sem ser por causa de algo externo, é um bocado como a frase "nothing's gonna change my world" da música favorita dos Beatles (All Across the Universe) de um amado professor que tive na faculdade, que dizia que eu era a pessoa mais forte e mais lúcida (isto, tal como todos os elogios que me fazem, nunca levei muito a peito, talvez outrora infelizmente mas hoje em dia conscientemente); portanto, por mais que o fim do mundo ocorra e eu me condoa com ele todos os dias, o meu sentimento de paz, mesmo ainda não gostando de deixar coisas não-resolvidas, está bem impregnado para com tudo para que servi e para com a minha iminente partida. ☆♡ 

13/07/2022 insta post

Construção

 Lições aprendidas por ele
Erguidas ao alto por mim
Tudo completado com fé
Tijolo a tijolo e sangue
Para se colar tudo de vez
Nesse granito amaciado

Podemos descansar agora
Eu já me vou embora
Tudo a tempo no planejamento
Dessa construção surpreendente
Que ninguém estava à espera

Crédula

 Mentiste-me todos os dias e eu, crédula, acreditei. Não merecia tudo o que me fizeste.

Ainda bem que nunca gostei de quem eras.

 Eu estava tão despojada de mim

Que me deixei ir

Sem saber

Que seria o meu fim.

 O silêncio basta a quem nunca quis ouvir som. 

O teu murmúrio constante na minha cabeça enlouquece-me à distãncia.

Tu que me mataste em 365 dias. 

Faltou dares-me o tal tiro na cabeça. 

 Tu és o sangue que jorra da ferida

O óleo sagrado

O unguento

O bálsamo que me deixou acabado

 Não aguento mais esta doença da hiperadrenalina que dá cabo de tudo e de mim. 

Como eu queria morrer enquanto dormia. Mas para isso tinha de conseguir dormir!!!!

(Sim, trocava a Poesia -sei q é o q sou, mas ..- para ser só uma pessoa normal e saudâvel)

 Gostava de nunca ter nascido, ou que tivesse morrido quando a minha mãe tropeçou nas escadas no trabalho dias antes de eu nascer. 

 O que sinto por ti

Não é amor nem paixão

É muito maior que isso

Mas também não é devoção

Por ter a força a força de mil sóis

Vou dizer que nebuloso-te!

 Nunca te conheci

Nem hei-de conhecer

Mas já sei o teu cheiro

Fresco e depois pesado

Que lavei da minha pele

Tive de tirar de mim

Mesmo antes de perecer

 Inexplicável

Estar vivo

Inevitável

Estar morto

Impossível

Fingir riso

Improvável

Ser agradável

Imperecível

Sem rosto

Pensamento

 Pensar em vocês é doloroso

Tão agudizante quanto o ar

Que me sufoca com tanto fogo

Nestes incêndios agora no Verão

Quando eu só queria ir flutuar

Nada mais nos dá consolo

Nunca mais se poderá ser feliz

Pois jamais haverá um colo

Como na canção para eu me colar

O nosso amor existiu só por um triz

A mente todos os dias vai buscar

O quanto fui ingénua e culpada

No que tentei fazer para vos ajudar

Afeiçoando-me aos que não devia

Danei-me mesmo no fim desgraçada

Para a eternidade que me aguardaria

Teu Cheiro

 Penso em como cheiras a magnólias
De que desconheço o aroma
Esse teu corpo que esconde o microbioma
E exala todos os perfumes da Anatólia

(...)

Abandono

Tantos anos juntos para não ficar quase nada de nós,
o teu abandono foi a coisa mais atroz
e eu não conseguirei jamais aceitar-te de volta
pois quem ama não faz o que tu fizeste
mas imagino que foi dessa vida toda torta
o que aconteceu entretanto e tudo que me deste.

(Vou responder com "bom fds" à tua outra msg, ainda assim.)

Silêncio e Solidão

 O Silêncio sempre foi o meu melhor amigo

E a Solidão o meu melhor amante.

Inconsequente

 Foste mais um dos inconsequentes que eu amei; tantas pessoas irmãs que nunca souberam ter força de verdade para se enfrentar. O abandono de alguém que está muito mal a morrer é sempre algo previsível necessário para manutenção de cada ser, ou não fossem todos egoístas que só se lembram das pessoas enquanto precisam.

 Murmurei o teu nome ao vento

Para que te chegasse por fim

E te entregasse o meu chamamento

Para que voltasses junto de mim

Era lua cheia mas não se via

Estava escondida pelas nuvens

Pedi que ela limpasse a mágoa

E toda a dor deixando só amor

Esse amor que pegámos com luvas

Sempre com enchentes de água

Intensidade do momento das chuvas

Pluviosidade que não lava a alma

Somos sensíveis por demais

À beleza e à emoção que nela jaz

Jurámos que no tempo da delicadeza

Não haveria mais tristeza jamais

 Tudo o que faço 

Tem morada

Tem um ninho

Tem um abrigo

É o meu castigo

 Preparem-se para os bombardeamentos. Que é como diz: abaixem-se e tapem os ouvidos, pois não há muito a fazer.

Existência

 Encerrei a minha vida

Há oito anos atrás

Tinha eu 32 anos

Reestruturei o ADN

Tornei-me num monge

De samadhi existencialista

Fui destruindo tudo

Todos os dias

Para começar todo dia

Centrei-me na mediania

Nem tanto ao mar 

Nem tanto à terra

Mas já há muito

Morri de novo

E hoje não existo mais