domingo, janeiro 14, 2024

Um instante de sorriso

 Faz-me feliz ver-te feliz. Mal te vejo e sai logo um sorriso do meu rosto que estava mergulhado num horrível fosso de raiva, nojo e ódio. Ver-te com o teu balançar de sempre, aquela velha promessa, volta de novo no meu peito a acalentá-lo. Um instante, um sorriso, aquele "também", emocionado e doído que nunca foi além. Como eu te amo, meu bem. Sim, foste tu o meu bem e meu pior castigo, meu astral inimigo, minha força de ninguém. Por ti virei tripas coração, por ti enlouqueci a razão, só para que fosses completamente livre e feliz. Forte, bravo, o cavaleiro distante que atravessou o deserto e lutou a mais dura guerra e saiu vencedor. O derrotado fui eu, com prazer. À tua, meu amor eterno amado, meu menino, meu nunca abandonado, que me abandonou. Como me orgulho da tua fé, do teu amor, dos teus princípios de vencedor! Fiel, nu, pesado, com esse teu corpo na terra caminhando, com o teu amor mais amado de tanto apaixonado. És prolífero, és capaz, és um ás no que fazes enquanto o mundo se acaba. O teu sentido é a gargalhada histriónica, a frenética e barulhenta paródia da glória que marcha inebriada e obliterada da realidade. Um instante só. Um instante que dura e dura. Até não durar mais. 

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