Às vezes, o meu pensamento atreve-se a abraçar-te. Lentamente se aproxima da tua pessoa, um vulto colorido, e rapidamente foge, escapa-se a medo de que saibas, sintas, e novamente me dirijas a tua ira. Mesmo assim, o medo é por vezes ultrapassado pelo desejo incontrolável de te lembrar, de te rever no pensamento nem que seja nesse vulto fugaz. Tento há tanto tempo desligar-me completamente de ti, não te ver, não te recordar, não nada, mas a verdade é que sinto que estás sempre dentro de mim. Resides na minha memória com morada por tempo indeterminado. Um dia talvez eu também te esqueça tal como tu me esqueceste. Escrevi isto e não acreditei muito que alguma vez te esqueça por completo e que deixes de estar dentro de mim. Talvez tu sejas a única pessoa que estará sempre guardada comigo mais que demais.
Será que alguma vez sentiste tanto assim por alguém como eu senti por ti e tiveste de a deixar ir forçosamente e fizeste de tudo para destruir tudo para que fosse mais fácil para todos? Será que também tiveste esse sistema de defesa em que o subconsciente fala mais alto? Será que alguma vez conseguiste entender exactamente na pele também o que eu senti?
É a coisa mais estúpida do mundo, vendo agora bem: eu querer o amor mais doce e bonito do mundo, tranquilo e sempre a fazer o mais lindo e inabalável sentido, e no entanto fazer tudo para destruir qualquer hipótese de ele ser uma realidade, apenas por medo, insegurança, traumas e confusões.
Eu estou velha para estas coisas e agora estando uma década sozinha já deu para ver que nunca mais vou estar com ninguém, pois só havia uma pessoa de que eu queria estar perto. Essa pessoa que me detesta, ou para quem eu não passei de uma anedota, e com razão, eu nunca quis perder mesmo quando fiz de propósito para perder.
Assim, já não há ninguém mais que eu queira como quis essa pessoa e então vou ficar o resto da vida a tentar ter alguma paz e ter depois a paz quando finalmente morrer. Que fraquinha que eu fui com esse amor e essa paixão inesperada que me derrubou.
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