Acabou-se o entusiasmo que eu tinha em relação a ter uma vida normal contigo um dia. Como se isso fosse possível para mim. O teu entusiasmo por mim levou-me a cogitar, erradamente, essa possibilidade. Quase como se realmente aquele desejo naquele dia há tempos atrás fosse afinal real e tinhas sido tu a pessoa nova.
Não posso enganar-me. Não há ninguém novo. São sempre os mesmos fantasmas brincalhões que destruíram o meu coração e saíram impunes.
Hoje fiz anos e mais uma vez não recebi nenhuma mensagem das pessoas que eu mais amo. Tu não eras uma delas, mas já eras alguém de quem eu gostava um bocado. Mas eu agradeço sempre por me livrarem de pessoas que não são para mim, que não têm a ver comigo nas coisas que importam realmente.
Eu tentei essa coisa de gostar de alguém bom e estar no que poderia um dia mais tarde uma relação saudável, mas não. Eles não são pessoas que me amem totalmente, nem realmente saudáveis sequer. Eu não sou uma pessoa normal e tenho de parar de sequer pensar que um dia posso ser. Pertencer aos burguesinhos, contribuir para tudo o que há de mal na sociedade insuspeitamente e ir a sunsets e brunches enquanto uma bimby faz a comida, supostamente.
Hoje pela primeira vez percebi o significado mesmo de que tenho de abraçar as minhas sombras e ser gentil com elas, não estar a odiar tudo de mau que eu sou. É tramado aceitarmo-nos como somos, especialmente para alguém como eu que desde criança tenta melhorar a cada dia (também vejo agora que por condicionamento de traumas). Mas ter chegado a essa ilacção já é muito bom.
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