Duvido que consigas ser tu mesmo, pois tens de tal modo uma quantidade de agressividade dentro de ti, que seria como libertar uma explosão nuclear.
Entretanto, as máscaras colaram-se ao teu rosto, de tantos anos a acumulá-las sem lavares a cara. Tu acreditas tanto nas narrativas que criaste para as justificares, que já nada te abala.
Hoje em dia és como os gigantones com a cabeça enorme no Carnaval de Torres Vedras, completamente ocos por dentro, ou pior, cheios de cotão.
Lembro-me de quando conheci a única pessoa que não tinha máscara, porque parecia não precisar de uma, e disse-me logo que era raro encontrar alguém como eu, sem filtros, e sentir que assim podia respirar. Acho que a desgraça despe-nos, deixa-nos de tal modo com apenas os ossos expostos, que não vemos mais qualquer necessidade de vestes a mascararem-nos. Eu nunca fui da sociedade e toda a gente sempre notou. Alguém puro e selvagem não necessita de nada e só se lembra do que é importante, o amor.
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