terça-feira, fevereiro 13, 2024

Máscaras

 Duvido que consigas ser tu mesmo, pois tens de tal modo uma quantidade de agressividade dentro de ti, que seria como libertar uma explosão nuclear. 

Entretanto, as máscaras colaram-se ao teu rosto, de tantos anos a acumulá-las sem lavares a cara. Tu acreditas tanto nas narrativas que criaste para as justificares, que já nada te abala. 

Hoje em dia és como os gigantones com a cabeça enorme no Carnaval de Torres Vedras, completamente ocos por dentro, ou pior, cheios de cotão.

Lembro-me de quando conheci a única pessoa que não tinha máscara, porque parecia não precisar de uma, e disse-me logo que era raro encontrar alguém como eu, sem filtros, e sentir que assim podia respirar. Acho que a desgraça despe-nos, deixa-nos de tal modo com apenas os ossos expostos, que não vemos mais qualquer necessidade de vestes a mascararem-nos. Eu nunca fui da sociedade e toda a gente sempre notou. Alguém puro e selvagem não necessita de nada e só se lembra do que é importante, o amor.

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