Saudades de ti, meu amor do cabelo encaracolado, meu mais amado, que eu tanto gostava de ver encantado com as suas descobertas de maravilhaa infinitas. Pergunto-me se a alvura da tua pele abriga muitas estrelas como no céu da manhã invisíveis e se os teus dedos são suaves ou têm alguma aspereza que se escapou do coração.
Faltas-me demais juntinho de mim, sempre, mesmo quando te sinto comigo mais do que é possível. Não sei o que nos aconteceu, onde foste tu, onde fui eu, e não consigo ir a lugar algum. Nada tem interesse nem graça sem ti, não como antes, quando era tudo muito tudo e parecíamos um pouquinho, no meio de tudo, felizes. Eu sei que tem estado tudo bem contigo, apesar dos pesares, consigo sentir-te tranquilo por muitas vezes, e fico despreocupada. É raro sentir-te mal nos dias que passam. Sinto-te de alguma forma esperançoso num futuro e daí essa tua tranquilidade. Talvez tenhas aprendido a maestria da resignação. É bom se assim for, apesar da realidade que levou a isso. Acho que estão todos assim um bocado atropelados pela evidência de que não se pode fazer nada sobre o que era urgente de ser feito e então vai-se seguindo fazendo os seus rotineiros afazeres e demais projectos que nos vão alheando da realidade tenebrosa.
De qualquer forma, eu tenho mesmo saudades tuas, de te falar e te conhecer pela primeira vez, de ser abrigada e cuidada por ti. De pôr os meus ténis em cima dos teus só para nos embalarmos ao som daquele jazz. Espero que um dia voltes para mim, meu menino de verdade.
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