quarta-feira, maio 29, 2024

Desculparmo-nos

Vi algures uma frase que falava sobre como é a primeira vez que viemos para a vida e por isso não nos devíamos cobrar tanto, porque estamos a fazer tudo pela primeira vez. 

Eu gostei disso. Dar-nos um pouco de desconto mesmo, porque afinal talvez seja como dizem e "ninguém nasce ensinado". 

Quando penso no maior erro que cometi, ainda que provavelmente não tenha sido inteiramente fruto de acções conscientes, todos os dias recrimino-me. A devastação que foi causada foi tanta que não deixou quase espaço para algumas memórias boas, ainda que, se virmos bem, talvez tenham sido em maior quantidade. Já nem sei, pois a intensidade e abranger das coisas más é sempre muito forte nestes traumas e ainda por cima eu quase que fiz mesmo para que as coisas más pudessem apagar as boas, para erradicar os sentimentos bons. Como uma pessoa é capaz de tanta autosabotagem, é impressionante. Um subconsciente traumatizado, completamente rebentado, emergiu feralmente, como um lobo sanguinário. Mais valia uma bomba nuclear, xiça. :( 

Sim, já sei a coisa teórica toda, de que não nos podemos culpar se já tomamos consciência do que aconteceu e pedimos desculpa, e também não sabíamos tudo o que estava a acontecer para tomarmos boas decisões, nem estávamos em condições de fazer o que quer que fosse, porque nem éramos nós mesmo, mas não dá para não estar sempre a sentir mal.

O tempo faz esquecer, dizem, mas acho que a morte é capaz de ser o meu único estádio de libertação de tudo da vida. 

(eu já tenho a peónia. será agora o fim da minha vida? se me for embora, fica tudo assim)

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