Todos os dias, os seres humanos embatem-se com as suas vidas e uns com os outros. Gritam e gesticulam agressivamente, podendo estar ou não alterados por causa de várias substâncias ao nível químico.
Pus-me a preparar uma caneca de chocolate quente, porque de noite esfria bastante e ouvi homens a brigar perto da minha janela à meia-noite. Rapidamente quatro homens empurraram um contra um carro e o pressionaram, enquanto eu abri os estores, pus-me a mexer a caneca que estava muito quente, enquanto tentava acalmar-me, afastar os pensamentos intrusivos em cascata e de qualquer forma emanar alguma paz e amor, e assim eles dispersaram. Ficaram não muito longe. Voltaram para um carro aqui para tirarem algo. Um deles olhou na direcção da minha janela e levantou a mão pedindo desculpas (eu acho que ainda me saiu balbuciado "eu estou doente, o meu tio morreu e antes mais gente, estou triste, estava a ver se me acalmava, a beber uma bebida que está quente", ainda pensei que estou aqui com o cheiro da inundação e o chão levantado e não há um momento sossegado), e foram depois embora a pé.
Se eles soubessem e tivessem presente o quão fugaz é a vida... Por isso, desde sempre fui esta tonta espalha-amor. As pessoas não têm noção do tempo também, não sabem que ele se vai num piscar de olhos. O que é importante é algo tão maior. Por isso também é que é triste ver pessoas agredirem-se.
Vim para a sala e liguei a televisão, estava num canal em que uma rapariga e um rapaz discutiam alto, num desses programas que exploram a bestialidade das pessoas, traduzido chama-se "espectáculo de realidade".
Mudei de canal e apanhei um programa em que costumam passar curtas de cinema independente e estava mesmo uma cena a falar como o capitalismo torna as pessoas agressivas e que o futuro já está escrito por ele. A banda sonora era distópica e sugadora de esperança.
Eu mudei de canal de novo.
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