Nunca senti que pertencia completamente a nenhuma casa com alguma família, fosse de amigos, namorados ou mesmo minha família.
Penso agora que terá sido por ser sempre tão diferente de toda a gente, de alguma maneira, e assim nunca me senti completamente amada e aceite como era ao ponto de ficar muito tempo. Sim, não descarto que pela minha insegurança e falta de autoestima, por pensar que ninguém podia gostar completamente de mim como sou, começava sempre também a autosabotar-me. Houve uma vez ou outra, ou mais até, que senti claramente que era indesejada e por isso a minha pressa em ausentar-me. Essas vezes foram traumáticas e também deixaram ainda mais acréscimos às minhas paranóias. Ser julgada e recriminada, maltratada e invejada, é sempre muito difícil. Eu também julguei as pessoas, claro, mas foi essencialmente por viverem de modo bastante ofensivo para os meus valores básicos, como por serem snobes, racistas, elitistas, esbanjadores, desperdiçadores, ditadores, agressivos, etc. Enfim, não eram ambientes para mim. Mais cedo ou mais tarde, vinha sempre a descobrir isso nalgum episódio que já me deixava em estado de alerta/fuga. Fizeram sempre sentir-me uma estranha, nos dois sentidos da palavra. Bem, afinal, as pessoas são todas pessoas apenas, praticamente com os mesmos defeitos. Eu fui sempre como uma criança ou cachorro abandonados que não conseguiu sentir amor suficiente de ninguém para confiar plenamente.
Hoje em dia, que já sei tanta coisa sobre tudo o que se passou comigo e o porquê, podia ser a altura perfeita mas infelizmente não há ninguém confiável e eu não me posso dar ao luxo de só tentar.
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