Vivo noutro horário
Desta vida, não sou funcionário
Sou um corvo escuro-azulado
Com ouriço-cacheiro arraçado
E não vivo num aviário
Eu sou o ser mal-amado
Que foge toda a hora
Porque a liberdade é uma só
E amar é só ter dó
Vivo em beleza, serenidade
Tristeza e melancolia
Vigio a pontual euforia
Para não me afogar depois
Em maior dor
Gosto da bela mediania
Essa felicidade de ser
E não se estar
Nem ter de se agitar
É o melhor que posso ter
Viajando sem sair do lugar