Da solidão

 Eu nunca fui de me sentir sozinha, porque desde cedo sempre estive muito sozinha e sem grande acolhimento. Daí que, fui me apercebendo que muitas vezes quando escapava de estar com muita gente, era porque precisava de respirar e de não sentir aquela coisa de não pertencer ali, de me sentir verdadeiramente sozinha e estranha sim ao lado daquelas pessoas que não sabiam quem eu era verdadeiramente. 

Houve poucas pessoas no mundo que me fizeram sentir que eu não estava sozinha, ou melhor, ao lado de quem eu não dei por mim a sentir-me sozinha. Talvez só uma ou duas, na verdade, porque me identificava de ral modo com elas e a ligação era tão forte, que éramos mesmo como se fôssemos um só. 

Hoje em dia, dado o arrasar que está tudo por dentro, a absoluta terra perdida, já me parece tudo uma pura ilusão criada precisamente por essa impossibilidade de haver alguém que de facto tenha sentido tão forte suficiente que jamais desistisse de algo assim. Mas, lá está, também pode ser porque nos sentimos loucos mesmo e mais vale continuar como se nada fosse, nem nada tivesse de ser.