Eu que nada amo e a quem nada confio, todas as devoções desligo, pois aprendo que a vida é sempre a perder.
Sou o Homem-Perdedor que fez da sua vida uma sucessão de perdas, porque reter dá muito trabalho e não depende apenas de individual vontade.
Vi tudo à minha volta degradar-se, vi destruírem o meio-ambiente, vi queimarem flora, fauna e gente, e não fiz senão bailar. Dancei na corda bamba, ondulando o corpo na contradança, entre as labaredas cada vez mais fumegantes.
Cego desde sempre, por diferentes factores, vi na perda uma arte e morri sem amores.
(Mais um para a série de poemas Homem-Inexistente, etc. daqui)
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