A insatisfação do ser humano causa-lhe uma inquietação constante. Além de querer sempre mais do que tem, do que é e do que faz, tem uma insaciável perturbação por dentro, um vácuo de buraco negro que engole tudo e faz sempre com que ele fique a querer continuar em perpétua acção.
A sua existência contra-producente deteriora tudo o que ele é, o que faz e o que tanto quer fazer acontecer. Não é autofagia, o seu inerente ódio por si mesmo, a sua necessidade de autodestruição, mas talvez tão simplesmente o ímpeto mitocondrial da sua matéria.
Como bom ser parasitário, multiplica-se, espraia-se, entranha-se, e a cada instante que não se reconhece em si ou noutro, seja mesmo a sua prole, entra em violência.
O ser humano é só um organismo degenerativo cujos todos os poros gritam uma espécie de "I can't get no satisfaction", mas sem melodia qualquer.
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