Houve um tempo em que o coração era um caçador solitário. Vagueava por entre florestas e bosques, mas preferia o cheiro dos limoeiros. Porém, a sua memória de amor era perfumada a flores de figueira, a densidade da sua seiva e o mel do seu fruto.
No Outono, o coração virava romã. Sangrava o mais entranhado e belo suco. Tingia as manhãs e os pôr-de-sóis melados. Não havia mais bonitos.
Esse coração só desejava o amor que ficou perdido no mar e a beleza incabível de nele flutuar. Por muitas vezes, sonhou que ele o fazia rodopiar e lambendo o sal, o único alimento do seu amor, permanecia em dias lânguidos naquele assoberbador abraçar.
O coração não mais ficou solitário, pois passou ele a ser também presa.
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