Há muitos tipos de mulheres. Tu amaste muitos delas. Muitas mulheres cheias de talentos. Mas não a mim. A mim não pudeste amar. Porque eu pus-me a ser muitas, ou a parecer, mesmo não sendo absolutamente nada.
Segundo tu mesmo, também não te amei mas sim apenas pequei, fascinada e agarrada demais. Uma poeta exageradamente inspirada, que de tão sofrida, enlutada e vazia existência, foi desenvolver uma obsessão contigo. Era bom que assim fosse. Tão simples e compreensível. Mas infelizmente não é nada disso, afinal, e digo-o com pena maior ainda. Pois se fosse apenas isso, não seria tudo o resto que foi e que ainda é, tanto, que sempre quis que não estivesse mesmo a acontecer. Porém, como já se viu que eu em nada mando, continua a acontecer e eu não sei por que carga de água e fico sempre a repetir os factos de que sempre nos demos mal, irritámo-nos, nunca gostaste de mim, nem quiseste ser meu amigo de verdade, etc., para ver se o tempo passa e leva toda a desgraça de mim. A memória já sei que sempre me lixa e não me largam as coisas más que me aconteceram de irreparáveis.
Às vezes, fico com ódio de tudo o que aconteceu por eu ser tão crédula sempre. Raiva de ser só uma pobre e velha anedota que já ninguém conta sequer. Uma história que merece só ser apagada.
Espero ao menos esquecer-te mais com o tempo, mesmo que nunca totalmente.
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