segunda-feira, maio 12, 2025

Nós nunca fomos iguais

 Tu tens uma força de vida 
De fazer acontecer tudo
Que eu já não tenho há anos
Verdade, só tenho danos
Concluo que tudo é inútil 
Ou que está muito errado
Espero a minha despedida 
Sei que tu não estás enganado 

Tu e eu nunca fomos iguais 
Não me refiro aos demais 
Mas a ti e a mim que éramos totais

Eu vejo tudo à minha volta 
E não consigo mais rir das coisas 
Porque sei que é doentio
E nada quero de programado
De condicionado e pré-destinado
Com ilusões de que faço eu

Nada fiz que não compactuar
Mais ainda com tudo o que existe 
E que é sobejamente triste
Mesmo que enfeitado a euforia 
Eu desisti há muito da correria 

Tu criaste o teu agradável mundo 
E dá-me uma bela paz ver-te bem
Porque ao menos assim em paz
Eu também não me perturbo
O que diz muito sobre nós no fundo 
E sobre o que é ser mesmo feliz 

Eu não tenho nada para isso
Mas estar em paz seria a felicidade
Por isso vou observando os outros 
E vendo como conseguiram 
Ou pelo menos inventaram
E a todos e a si mesmos enganaram

Eu não seria capaz de nada
Nem provavelmente desse doce engano
Sei que não fui talhada para viver 
Não aqui neste mundo a valer
Sempre me deixei ser abandonada 
Talvez por isso de não merecer

Democraticamente desisti de tudo
Porque tudo desistiu de mim
Pois este não é em quase nada o mundo
Em que eu me reconheci 

(ao som de Katachi - Daigo Hanada)

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