Tu tens uma força de vida
De fazer acontecer tudo
Que eu já não tenho há anos
Verdade, só tenho danos
Concluo que tudo é inútil
Ou que está muito errado
Espero a minha despedida
Sei que tu não estás enganado
Tu e eu nunca fomos iguais
Não me refiro aos demais
Mas a ti e a mim que éramos totais
Eu vejo tudo à minha volta
E não consigo mais rir das coisas
Porque sei que é doentio
E nada quero de programado
De condicionado e pré-destinado
Com ilusões de que faço eu
Nada fiz que não compactuar
Mais ainda com tudo o que existe
E que é sobejamente triste
Mesmo que enfeitado a euforia
Eu desisti há muito da correria
Tu criaste o teu agradável mundo
E dá-me uma bela paz ver-te bem
Porque ao menos assim em paz
Eu também não me perturbo
O que diz muito sobre nós no fundo
E sobre o que é ser mesmo feliz
Eu não tenho nada para isso
Mas estar em paz seria a felicidade
Por isso vou observando os outros
E vendo como conseguiram
Ou pelo menos inventaram
E a todos e a si mesmos enganaram
Eu não seria capaz de nada
Nem provavelmente desse doce engano
Sei que não fui talhada para viver
Não aqui neste mundo a valer
Sempre me deixei ser abandonada
Talvez por isso de não merecer
Democraticamente desisti de tudo
Porque tudo desistiu de mim
Pois este não é em quase nada o mundo
Em que eu me reconheci
(ao som de Katachi - Daigo Hanada)
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