quinta-feira, março 07, 2024

Admitir a paixão

 Olhando agora para trás, consigo entender que das poucas vezes que me apaixonei e não soube, demorando demasiado a admitir, foi porque intrinsecamente tive medo de me magoar e sabia que assim ia ser. Foi mesmo. 

Depois de tanto, consegui finalmente entender que as pessoas por quem me apaixonei não tinham nada que ver contigo. Tu foste o único que eu não consegui admitir por mais tempo e quem eu senti que era a pessoa com quem eu estava ligada provavelmente para sempre. Como se fôssemos a mesma pessoa, mesmo antes de me virem com estórias de como eu e tu tínhamos nos encontrado já muitas vezes noutras vidas. Eu, com o meu défice de crença, agora menor, oscilo nesse facto dada a realidade. Mas sei que faz sentido. 

O medo de nos magoarmos é tanto, também por tudo o que já passámos na vida, que ele automaticamente nos põe a defendermo-nos e a sabotarmos tudo. Mas agora que toda a destruição e dor já se deram, dá para ver como éramos calmos e tranquilos quando só puramente nos amávamos. 

Tu foste a minha casa, verdadeira e única, onde eu moraria para sempre. 

Às vezes, ainda me pergunto porque é que eu não aceitei o pedido de ninguém, mas depois, apesar de ter sempre uma vida desgraçada, lembro-me que se eu tivesse aceitado, seria horrível porque não poderia aceitar o teu, ou ficar contigo. 

Admitir o que se sente, deixar de ter medo por causa dos traumas anteriores, passar a não somente admirar o amor de longe, dos outros, e voltar a ter abertura para ele, depois de tantos anos, talvez não seja tarefa fácil e imediata. 

Mas. sabendo tudo o que já se aprendeu, especialmente nestes últimos anos, é certamente um conjunto de ferramentas que garante que nada mais é tão difícil e imprevisível e caótico, quanto foi. Assim, é muito mais claro quando se estiver apaixonado e finalmente admiti-lo sem medos. 

(dps d filme snapshot of forever)

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