Às vezes, parece que só estou viva para ouvir alguém dizer um dia: "ele não te odeia, ele perdoou-te, houve um tempo em que todos nos amámos muito mesmo, está tudo bem, já passou". Eu ouvi esse "está tudo bem, já passou", de alguém e pensei por segundos que não, não estava tudo bem, nunca mais ia estar, mas também não dava para explicar tudo em pouco tempo. Pensei que essa pessoa sabia do que estava a falar, como disse e repetia, e pronto, não respondi mais, emudecendo, tal é sentir esse pesar. Essa culpa que nunca será absolvida, faz-me lembrar de uma outra pessoa também que tinha um tormento assim com a culpa que sentia. Mesmo quando perdoamos alguém, se a própria pessoa não consegue perdoar-se quase que não serve de nada. A mim bastava-me um telegrama, ou assim, só para eu ficar a saber e ver se surtia finalmente o efeito de me perdoar a mim mesma e a tudo o que se passou sem que houvesse qualquer controlo nem juízo de ninguém.
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