e embora ela não tenha corpo
e dele seja a sua ausência,
permanece como pesada foice
pois só ela tem presença
Eu sou a sombra, a dor, a raiva, a estupidez e tudo o que há de mais patético, que tu ainda carregas, algures no fundo, enterrado como cadáver de um crime hediondo.
Já se acabou - pensávamos nós.
Se calhar só acaba se tivermos coragem de olharmos para a ferida quando ela está a jorrar. Se calhar teríamos, para isso, de desenterrar o putrefacto corpo do que foi, o que quer que tenha sido. Os anos dissolvem as memórias. Como as nuvens se vão dissipando no céu até ele ficar azul e já não haver mais memórias. Até haver uma tempestade repentina, forte e fugaz. Nós esperamos sempre que ela passe. Nem sequer ligamos muito à chuva, só nos queimam os raios que nos fulminam o coração e nos ferem os olhos os 'flashes' da memória como um trovão.
Foi mais uma fase da lua que ultrapassámos.
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