sexta-feira, setembro 18, 2020

 O chão quebrado, no momento em que a terra tremeu, fez-te tropeçar, altivo com os teus dois metros, não estavas habituado a tudo o que ele sofreu;


Como as asas frágeis do amor, vi hoje uma gaivota a voar pelo subúrbio, um tanto longe do mar e fez-me pena estares tão perto e não te poder abraçar;

Sei que agora, como nunca, é certo que irás perder o teu ninho e que ele já definha perante o nosso olhar;

Mas sei que o cancro que se espalha por ele não te pode fazer naufragar;

Pois podem os prédios ruir, o céu se abrir, a terra se partir e a natureza falir, que teremos sempre a memória de um dia os nossos três corações terem sido porto de abrigo ao luar.

terça-feira, setembro 15, 2020

Infinito de nós

Ah se fôssemos todas as coincidências e todas as sincronicidades
Para não deixar mais que a lua nos cegue!
A nossa existência não passava dos primórdios
De ser água: riacho que brinca, mar que se agita e oceano que brilha,
A tua sombra na minha sombra
A tua luz na minha luz
Os teus olhos de mar o azul da minha alma
E todos os meus sonhos
Haviam de desfazer a eterna neblina...