Saturday, April 27, 2013

Sem título

Estás presente em todo o lado, mas não consigo ver-te.

Estás a toda à minha volta.

Estás em mim.

Mas ainda assim não te consigo ver como dantes.

Não te consigo tocar como antigamente.

E sufoco aquilo que me apetece gritar.

Escrevo-o debaixo de água com a fúria do grito calado.

E contenho-te para que não me esqueças.

Tuesday, April 23, 2013

"O Amor... É difícil para os indecisos. É assustador para os medrosos. Avassalador para os apaixonados! Mas, os vencedores no amor são os fortes. Os que sabem o que querem e querem o que têm! Sonhar um sonho a dois, e nunca desistir da busca de ser feliz, é para poucos"  Cecília Meireles

Friday, April 19, 2013

Na tua pele

Na tua pele me alimento e bebo desse teu cheiro que me inebria e me faz cair nos teus braços sem defesa.
Repouso na tua pele colada à minha de tal maneira que nos sufoca com tanto desejo. Sinto as gargalhadas que elas dão juntas por mergulharem vezes sem conta num só abismo de prazer.

É na tua pele de sol, de areia, de tarde cálida num deserto tórrido que é esse teu corpo de dunas e oásis, que eu sinto milhões de vezes a vida começar como se nunca tivesse existido antes.

Não há palavras que descrevam o que sinto quando estou na tua pele...
É mais que Amor o que sinto..., é Amor, paixão, desejo e tudo mais, concentrado no sentimento mais profundo e denso, honesto e saudável, que tenho o prazer de conhecer.

Há em ti uma ternura que parece ser só minha conhecida, de um menino adorado pelos pais e que tanto carinho guardou deles consigo, com uma inocência rara. Por outro lado, vejo em ti uma leve tristeza que é profunda desilusão de quem cresceu belo num mundo hediondo.
Essa altivez, essa racionalidade e no entanto uma vontade de te deixar ir, de parar um pouco, de ficar suspenso em camas de plumas no pensamento.

Gotejo porque me esforço e não posso mais, por isso até amanhã.

-- in rolo de papel 05/11/2007 --

Thursday, April 18, 2013

É muito mais fácil dizermos que não estamos arrependidos, seja do que for. Porque o arrependimento mata e ninguém quer morrer, todos têm medo da morte. Por isso quanto mais longe estamos de ter consciência de que errámos melhor nos sentimos.

Monday, April 01, 2013

Amar e Perder


Algo que é comum a todos os seres humanos: ter e perder. Há apenas um conjunto limitado de possíveis reacções que temos face à perda. No entanto, a característica que permanece igual é a de ficarmos sempre com a sensação da perda. Esta sensação é como um pôr-do-sol que chega tímido e termina em avassaladora escuridão.

As sombras que se deitam sobre toda a paisagem e se erguem no horizonte são apenas o acabar de um dia.
Mas para quem perde e tem essa noção vincada no peito como um golpe que é desferido, o fim é mais duradouro, prolonga-se pela madrugada fria de quem teve e não foi capaz de manter.

Esta incapacidade que aflora na mente então parece estender-se num ápice, correndo pelas veias até nos definir de tal forma que todo o nosso corpo passa a ficar mais pesado. O corpo que é tão nosso e que só perdemos no final de tudo… O corpo que na maioria do tempo não quisemos pois prende-nos ao chão impedindo-nos de voar…

Desta pequena germinação de incapacidade nasce a culpa. A culpa que todos conhecemos e da qual ninguém se livra nem mesmo no leito de morte. A culpa por sermos incapazes de ter sem perder, de amar sem perder e por vezes, nos mais conscienciosos, a culpa por só termos amado mais quando perdemos.

Disto é feito o ser humano.

Eu amei e disse que amava. Eu perdi e lamentei as minhas perdas. E ainda assim, a culpa por incapacidade de reter mantém-se.

Portugal, Portugal...

Ultimamente, Portugal faz-me lembrar um doente terminal, que quase a falecer de doença prolongada apresenta alguns típicos rasgos de lucidez que são os poucos negócios novos de que se ouve falar, mas que em nada evitam o fim.