segunda-feira, abril 01, 2013

Amar e Perder


Algo que é comum a todos os seres humanos: ter e perder. Há apenas um conjunto limitado de possíveis reacções que temos face à perda. No entanto, a característica que permanece igual é a de ficarmos sempre com a sensação da perda. Esta sensação é como um pôr-do-sol que chega tímido e termina em avassaladora escuridão.

As sombras que se deitam sobre toda a paisagem e se erguem no horizonte são apenas o acabar de um dia.
Mas para quem perde e tem essa noção vincada no peito como um golpe que é desferido, o fim é mais duradouro, prolonga-se pela madrugada fria de quem teve e não foi capaz de manter.

Esta incapacidade que aflora na mente então parece estender-se num ápice, correndo pelas veias até nos definir de tal forma que todo o nosso corpo passa a ficar mais pesado. O corpo que é tão nosso e que só perdemos no final de tudo… O corpo que na maioria do tempo não quisemos pois prende-nos ao chão impedindo-nos de voar…

Desta pequena germinação de incapacidade nasce a culpa. A culpa que todos conhecemos e da qual ninguém se livra nem mesmo no leito de morte. A culpa por sermos incapazes de ter sem perder, de amar sem perder e por vezes, nos mais conscienciosos, a culpa por só termos amado mais quando perdemos.

Disto é feito o ser humano.

Eu amei e disse que amava. Eu perdi e lamentei as minhas perdas. E ainda assim, a culpa por incapacidade de reter mantém-se.

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