quinta-feira, novembro 30, 2023

Desculpem

 Confundi as pessoas umas com as outras, o meu cérebro substituiu algumas que perdi em 2020 por pessoas que me apareceram de repente e que tiveram um papel similar na minha vida. Peço imensas desculpas pelo atrofio que o meu cérebro causou para processar os lutos. O amor que tinha pelas pessoas assim só por existirem e serem quem são foi e é sempre maior, porque é assim que sempre fui, mas alguns o meu cérebro confundiu-se e pensou que já conhecia. 

terça-feira, novembro 28, 2023

 Amo o silêncio

Como amo o vazio 

E a solidão 

Em que me deixaste 


Há como não amar

 a verdade? 

 Essa saudade silenciosa

Que emudeceu

De tanto gritar

Tem cheiro de seca rosa

Sem espinhos para magoar


Essa saudade silenciosa

É do olhar teu

Sobre o meu amar

Sossegada e maviosa

Lembra a voz do luar

 penetraste num mundo novo

desconhecido

e pétalas tocaram-te

na ponta dos dedos

abriste-as

apartaste-as

e sussurraste-lhes segredos

e a ponta da língua ao acaso

sentiu o mel do desejo


que perdurará no eterno sonho

da promessa de um beijo

segunda-feira, novembro 27, 2023

Tatuagem

 Aguardo o meu homem que tem uma só tatuagem de um pássaro azul do lado esquerdo do peito.

Ele voa alto e vem me buscar, recolhe-me na grande envergadura da sua asa e eu viro uma tatuagem nela.

Voamos os dois muito alto. Não paramos mais. Nada é já preciso. Só o nosso beijo tatuado. 

Está na hora, meu amor. 

domingo, novembro 26, 2023

 Nenhum Verão tem um Sol

 ardente como tu

Nenhum Outono tem bourbon 

quente como tu 

Nenhum Inverno é tão frio 

quanto tu 

Nenhuma Primavera me faz florescer 

tanto quanto tu 




 Se eu disser que eras para mim um irmão

Por quem se deu o erro de eu cair em paixão

Onde cabe esse pecado e esse segredo 

Que me condenou ao degredo e sem perdão? 



 Procura-se uma nuvem 

específica

Densa o suficiente 

Onde me deitar 

Leve o suficiente 

Para me aconchegar 

Mas principalmente 

Para eu flutuar 

Quente o suficiente 

Procura-se uma nuvem 

Para ter um lar 



 Banalizaram o Beijo

Banalizaram o Grito 

Banalizaram a Vida 

Banalizaram a Morte 

 Jurei "olhos claros nunca mais"

Só para depois cair fatalmente

Nuns olhos escuros fecundos 

Como nunca tinha visto iguais 

sábado, novembro 25, 2023

Solidão única

 A solidão de não nos termos um ao outro, porque só tu és tu e só eu sou eu e só nós nos completamos. 

quinta-feira, novembro 23, 2023

 Não quero outro beijo que não o teu

Não quero escutar outro murmurar

Nem tão somente outro abraçar

Apenas o teu calor me aquece

E cada poro que geme

Sabe que o corpo é só seu


quarta-feira, novembro 22, 2023

Uma única chance de amizade

 O facto de tu existires atormenta-me, não por uma espécie de f. o. m. o. , não porque te perdi, mas porque no fundo queria que me pedisses desculpa por tudo o que me disseste de mau e nos tornássemos amigos de verdade, agora que podemos ser verdadeiros. 

segunda-feira, novembro 20, 2023

 Será que sabias que quando abandonasse o nosso amor o mundo todo se enlutaria? 

 Há tantas pedras, uns calhaus, umas preciosas, umas no caminho, outras em decorações airosas e há também as das camadas rochosas, umas em batidas pela fúria do oceano, outras pelas canções dos rios e riachos, e ainda outras pela chuvinha.

(Inka minerais mudaram pra magma minerais) 

Como o tempo passa

 Quando eu morrer, espero que ninguém nunca te vá dizer e que o tempo passe e não te lembres sequer que eu alguma vez existi. É melhor assim, já que escolheste ficar sem mim e eu nada de bom fui para ti. É bom saber que foste feliz nesta vida e que pudeste fazer o que querias e ficar com quem quiseste. Saber que tu existes foi a pior coisa que me aconteceu, porque eu sabia que ia ser horrível para mim. Só não esperava passar o resto da vida assim. O tempo passa e acaba depressa, porque tudo o que queria ter feito e tantos sonhos que tive não puderam ser realizados.

O facto de tu existires salvou-me e matou-me aos poucos. Como o tempo que passa. 

domingo, novembro 19, 2023

Nós nesse céu

A Terra criou o nosso encontro Vénus fez do nosso amor
Substantivo, substância, substancial
Depois Mercúrio baralhou-o
Meteu Marte ao enrolo
E Saturno o separou de vez
Pelas mãos de feiticeiras além 
Mas eu ainda espero justiça 
Que Neptuno, Urano e Plutão
Se unam apesar de distantes
Para nos dar um belo fim
Pois o Sol e a Lua 
Não foram feitos assim

sábado, novembro 18, 2023

sexta-feira, novembro 17, 2023

 É bem mais fácil dizer que amamos alguém que nunca existiu, não é? Poupa-nos. Preserva-nos. Será mesmo? 

 Tentei embalar um poema

Mas a alma tá tão pequena

Num mundo que não vale a pena

Eu só queria mudar essa cena

Mostrar qual é o meu lema

Dar a volta ao antigo sistema

Explodir com esse esquema

 Não devo gostar de ninguém na verdade, porque eu gostava e amava toda a gente vendo todos como bons lá no fundo, e eles não são, nem eu conheço ninguém mesmo. 

Miragens

 Tudo me parecerá sempre muito pouco

Porque tu não estás a gritar aos 4 ventos que me amas

E nós não estamos naquele bosque encantado

A festejar com todos de braço dado

Nem exercitamos o nosso romantismo juvenil


Tudo me saberá sempre a pouco

Porque não haverá aquele manancial

Da profundeza do que fomos sentir

Quando tudo queria ruir mas aguentámos

Criando um oásis em que fomos um para o outro

Sendo só eternamente miragens

 

Alguém beijou alguém
Não sei dizer quem
E a vida soprou
Pela fresta da janela
Como se o vento
Quisesse interromper
Para lhe falar ao ouvido
Que ele era seu

Ela tentou encostar-lhe a face
Pensando que o tinha
Mas apenas o vento adivinha
O que lhe vai no pensamento

Um encontro de almas
Nunca é adiado

.


Cara idade/caridade

 Agora que é chegada esta idade, aceita-se a caridade de alguém, que tenha vontade de doar uns segundos, seja para um "bom dia", seja para cumprimentar com um leve toque no braço no máximo. Agradece-se a generosidade de olhar na cara e não afastar de imediato e não nos despachar como se fôssemos um tipo chato. 

 Tão inocente que tu és

Descendente de barbárie

Mas amado por todos

Que desconhecem

Quantas almas mataste

E nunca soubeste perdoar

 
Não rasgo a fantasia mais linda
Mas também não vivo na ilusão
Sei que o que é bom finda
Com a voracidade de um trovão
Os abutres estão sempre alerta

Os carniceiros ditadores nojentos
Não passam de bêbados de merda
Que vão à Igreja pedir perdão
Mas todos os dias são violentos
Com os companheiros, filhos, irmãos
Cheios de julgamentos e preconceitos
Deus na barriga e lavam o cu com água benta

E eu que não fui alimentada a grãos
Abomino criaturas nesses preceitos
De brancura e gordura salazarentos
Que destroem tudo em morte lenta 

 

Arquétipos de criaturas que abomino nessa brancura e gordura.

Efeito

 Emudeci quando deixaste de falar

Ensurdeci quando deixaste de escutar

Adormeci eternamente quando desapareceste

quinta-feira, novembro 16, 2023

Encontramo-nos a meio

 Se eu deixar cair a minha resistência e tu as tuas defesas, abraçamos o impossível e damos um fim à loucura? 

 Escrevi aquilo que nunca disseste, silenciei tudo o que me fizeste e, mesmo assim, não foi o suficiente para te calar a soar dentro da minha mente.

Cantei o que senti, gritei o que me cantaste e, mesmo assim, quando assumi que nunca me amaste tu vieste e só mo confirmaste.

Se eu pudesse, se eu tivesse podido... Se tu pudesses, se tu tivesses conseguido... 

domingo, novembro 12, 2023

 

Pena de pessoas simplistas e broncas
Raiva de pedantes e snobes
Restam os poetas e ilusionistas
Ou seja, pessoas vestidas com robes

Eu não me acho, eu sou

Eu não me procuro, eu sei quem sou


Procurei-te como metade de mim
Mas tu de mim eras tudo
E eu detestei ver-me assim
O mesmo pesar e contentamento
A mesma dor o mesmo sentimento
Quando tu eras meu e eu tua
Quando o Sol era da Lua
Seguindo uma mesma órbita
Sem destino ou cais
Eu jurei para nunca mais
Rezei para teres alguém
Para acabar com a nossa dor
Mal sabia eu que não posso viver
Sem ter o teu amor

Portuguesa de (sg) raça

 

Ora aqui vai um pouco de História pra portuguesa de raça, com essa falta de classe estás mais pra morcona, uma pedigree vira-lata,
Fica a saber que não existem raças, isso foi só fake news de um passado cheio de traças, os esclavagistas, a inventar desculpas e chalaças só para justificarem a sua barbárie e a ganância de chupistas. Tu e os restantes milhões vieram dos mesmos invasores, misturados mais que os feijões, com ora mouros, ora saxões, mais uns dez povos em séculos de invasões. Se não sabes do que falas, vai fazer um teste de ADN, vais ter cá uma surpresa que és tu que deves fazer as malas. Nenhuma terra é de alguém, nasceram nelas por acaso, por se separarem assim é que vai pró diabo. Ó portuguesa, tu tás mais é pa desgraça.

quarta-feira, novembro 08, 2023

 Gosto da boa arte da conversação, aquela perdida em tempos idos, no final da adolescência, em que por horas e madrugada fora se desafiavam devaneios filosóficos sobre o ridículo de tudo. 

Lamento pelo Mundo

 Ecoa um lamento pelo Mundo afora
É quase um choro agudo contínuo
Que parece que se vai auto-sufocar
Mas não chega nunca a se extinguir

É uma feiticeira que o canta
E não é uma balada para embalar
Nem um cântico de sereia 
Para hipnotizar
Não, é antes uma afirmação 

Eu escuto-a e vejo-a contorcer-se
Em gestos mínimos ondulados
Com as mãos soltas e braços abertos
Ela ressoa pelos múltiplos cantos
Do Mundo

Ela canta os venenos nos rios
Os ares poluídos
As nações dizimadas
Num planeta moribundo

Como é tão triste e profundo! 

terça-feira, novembro 07, 2023

 Agora finalmente já consigo sentir o alívio que sentiste quando te desligaste finalmente de mim. Hoje eu tomei finalmente a decisão e agi sobre ela, em relação a outra pessoa que também me arrastou por anos. Acabou. 

segunda-feira, novembro 06, 2023

 Quando penso em todas as coisas idiotas e horríveis que te disse, apetece-me dar um tiro na minha cabeça, de tão estúpida que fui e tão não-eu em que me tornei. 

sábado, novembro 04, 2023

 O mistério de como sobrevivi nestes anos todos nunca saberei deslindar. 

(Des) Culpados

 Estava convencida de que tínhamos sido os dois culpados pela força de quem éramos. Mas agora vejo que não. Eu nunca quis nada daquilo que aconteceu. Cruzarmos foi um dos piores eventos da minha vida em termos da personalidade que me fez ter. O problema, vejo eu só agora, é que os nossos subconscientes são tão entrelaçados e eram tão doentes, que se atropelaram um ao outro e estavam sempre a falar mais alto. A nossa gémea génese era o que fazia afinal eu pensar que me estavas a imitar e a investigar, enviando as tuas pessoas cercarem-me. Eu caí na armadilha de os amar a todos. De me colocar no lugar deles. De ter a tal da compaixão e amor total. Era urgente amar, ou não era? É, acho que sempre é, no fundo, dadas as circunstâncias.

Sempre tive uma forte sensação de que estava a reconhecer o que estava a acontecer, como se já tivesse visto aquele filme antes. Mesmo assim doeu tudo tanto, sentiu-se tanto, amou-se tanto, como se fosse todo o segundo o último.

A vida nunca mais há-de ser assim e ainda bem, não só pela insustentável intensidade e insanidade alheia contagiante, mas porque nós só somos o outro, eu e tu, iguais na semente da criança consciente, e isso, por mais que o mundo na sua extensão espácio-temporal fale muito alto e me perturbe - apenas a mim, que estou já consciente -, o mundo humano fala mais alto porque é nele que tu vives completamente.

Germinámos em tanto lugar. Não sei como foi. Mas deve ter havido muitas vezes bonitas, com direito à nossa Primavera e ao nosso perdão para quem tanto chorou. 

Fado

O Fado é a voz da alma na sua maior honestidade e profundidade. 

sexta-feira, novembro 03, 2023

Saudades, Lua

 Quando deixei de te ver

Deixei de ver o Sol 

No entanto 

Tu sempre foste mais o meu luar 

quarta-feira, novembro 01, 2023

 Tens-te dado conta do tempo a passar? Eu não. Só sei que ele passa porque sinto a tua falta.