domingo, dezembro 31, 2023

 Pungente, Matei

Atravessei, Morri

Fiquei 

No vazio da parede branca 

Parei

Até um dia, enfim? 


sexta-feira, dezembro 29, 2023

Sabedoria

 Explorada

Ignorada

Julgada 

Espancada

Queimada

Torturada

Não foi tão sábia 

 Ninguém tem juízo, só têm o juízo final. 

 Suportar o sofrimento

Sina de quem nasce 

E tem de se fazer forte

Suplantar a escuridão 

Ver luz antes da morte. 

 O amor é uma panóplia de pirosice

Ao som do Zambujo e do Araújo

Sem termos de empenhar o anel

Para vê-los no Coliseu de Lisboa

Porque vemos depois na RTP

terça-feira, dezembro 26, 2023

 

Persistes
Porque és mais que o tempo
Que não temos
És perene alumbramento
Que sorri terno na calidez
De um coração eterno.

 Nomear é perder

E o teu nome é o mais bonito do mundo


E eu ainda chamo por ele

(acrescentado a 30-31 dez.) 

Amor

 Nasci quando ele cantou

Vivi enquanto me amou

Morri quando me deixou


 Nem toda a tristeza é inútil

Nem toda a tristeza tem beleza 

 Antes que eles nos matem, vem dançar uma última dança, imóveis no coração.

 

Sempre a altivez de pássaro ferido mas não na asa.

Guerras

 Crianças mortas, feridas, mutiladas

Crianças ignotas, queridas, exterminadas

Ensinadas a morrer e a matar. 

 

Ele destruiu-me, mas o que sobreviveu em mim foi ele.

Pensamentos intrusivos

 Nós que temos uma mente diferente

Mas silente

Contra-corrente

Temos medo da gente

Que é mundana e contente


domingo, dezembro 24, 2023

terça-feira, dezembro 19, 2023

 Podes dizer-me como se vai a um lugar onde se pode deixar de existir?

Perpétuo Socorro

 Perpetuei momentos bons para que te lembrasses, especialmente nas épocas más, de como um oásis no deserto fez com que o teu sorriso brilhasse.

Perpetuei momentos maus para que tudo o resto ultrapassasses, especialmente nas épocas piores, de como és dona(o) e senhor(a) de ti e do mundo.

(09/12/2023)

 A urgência de viver
Antes que o tempo se acabe
Mata para a vida
Nessa consumição desenfreada
Tudo se esquece 
Até qual é o desejo do coração
Quando foste verdadeiramente feliz
Quando não tiveste de ser tu
Quando o tempo ficou suspenso
E tu completamente livre
E dissolvido sem encarnar

(29/11/2023)

 Meu bem
Tu não sabes voltar
E eu não posso aceitar-te de volta
Esperas que te lamba o suor
Espero que me lambas as lágrimas
Por esta hora já sabemos de cor
O que o amor gasta
Como é a verdade de nós
Jogados às traças
Enquanto temos fome insaciável
De sermos trespassados
Por aquele arder tresloucado
Que fazemos de tudo para esquecer
Demoras e matas-me
Eu estava errada
O amor verdadeiro não é o saudável
Mas sim o que nos faz gozar
De completude da plena saúde 

(28/11/2023)

Nasceu este, morreu aquele
Morreu este, nasceu aquele
Eu fiz tal coisa, comi aquilo
Eu casei, eu tive um filho 
Uma árvore plantei, escrevi um livro
Eu fiz isto e fiz aquilo
Fui além, acoli, acolá
Eu me despi, eu me vesti
Estava frio, estava calor
Foi desgraça, foi horror
Eu detestei e tenho um amor
Hoje fui rei e senhor
Ontem fui doutor
Amanhã estou louco
Mouco e rouco
Eu estive com aquele e aqueleoutro
Eu indignei-me e chateei-e
Tive alegria e disse adeus
Um tudo e nada 
Entre a tristeza e a folia
Fui ateu e conheci deus
Ora digam lá de todos
Esses perfis de Instagram
São ou não uma maravilha?


(23/11/2023)

 Estamos vivos por um milagre
Como libélulas e borboletas
duram pouco num jardim
Nós fomos lagartixas
que se automutilam
Quando presas
para escaparmos de mim

(06/10/2023)

saudade habita o meu peito
quando o dia finda
e tu não estás no meu leito
meu amor primeiro
meu amor segundo
meu amor terceiro
tu, meu amor inúmero

 Talvez eu te namore até ao fim dos tempos e um pouco mais, meu amor inexistente, minha paz.

 Tive-te como base
Saltei
Foi delírio, foi catarse
Amei
Mas tornou-se erro-crase
Quando me apaixonei

Será?

 Será que ainda me procuras quando chega a noite e só existe o branco das paredes do apartamento? Será que ainda me vislumbras quando fechas os olhos e a luz que houve um dia dentro de nós a meias como a nossa escuridão, sufoca o peito com a ânsia daquele calor que nos acalentou o coração? Será que ainda me bebes como um dia a pura água cor de sangue que matou a tua sede? Será que ainda me encontras quando num segundo surgimo-nos no pensamento e unimo-nos numa sintonia do rádio soando no ar? Será que ainda te sentes como a minha eterna e inabalável lua como eu serei sempre o nosso ar; será que me vês bailar, corpo unido ao teu, onde é o meu lugar? Como vê, amado meu, o tempo em que só importará o céu?

(05/10/2023)

 Quem és tu que eu levo dentro
Raiz, tronco e membros
Seiva, fluidez, saliva
O alabastro da tua tez
As entranhas do que vira
E revira desde petiz
Como te chamei de amor 
E só contigo quis viver
Meu amor, meu abismo
Meu amor, meu riso
Corre, corre, corre
Sempre aflito
Para os braços meus

(29/09/2023)

A criatura patética

 "Todos os animais não inspiram ternura? Então o que é que deu errado no Ser Humano?"
Bestas ferais não são tão destruidoras quanto ele. Ele é auto-destrutivo, canibal, completamente assassino, nojento e boçal. Nasce e é ensinado a odiar, a fomentar esse lado agressivo, porque tudo é competição, seja por alimento, seja por abrigo. 
E todos os conceitos que inventa, todas as criações e recriações, não passam de ilusões para afastar a morte, o seu castigo. Para alimentar-se de prazer e satisfação, pisa o outro, pisa o irmão, nada mais faz senão regojizar perante a sua destruição. Porque lhe traz frutos e a dita felicidade, o cúmulo do egoísmo e a falsa saudade. Oh, criatura patética, vomitas todos os dias tudo o que lias e repetes como verdade. Não páras, não sabes parar, "nem debaixo de água", para contigo não teres de lidar. És vil, és torpe, vendeste a tua irmã no açougue. És vil, és cagarrinhoso, pensas que és o maior até seres idoso. Poço de germes e micróbios, o teu corpo que exaltas; buraco negro de radioactividade, o teu cérebro que calas. Nem vou falar do teu coração, pois esse é tão inexistente que nem te ralas. Vives de prazer e paixão, és falastrão e canastrão, forçaste-te a domesticar um cão, devias explodir numa bomba nuclear.

 Um coração simples e sincero supostamente não devia deixar a mente atrapalhar o que tanto se deseja. Só que o desejo é apenas um fósforo que qualquer pouca ventania apaga.

Por isso. se o desejo for profundo e tão duradouro e certo, que é inabalável perante as areias do tempo, então aí é inevitável e não dá para fugir ao sentimento.

(28/09/2023)

terça-feira, dezembro 12, 2023

Fazes-me tanta falta

 Sinto tantas saudades tuas e só queria uma oportunidade de estarmos juntos. Fazes-me tanta falta.

Quando baixo a guarda e ponho-me a ver os filmes típicos da época natalícia, romances que acabam sempre bem, fico com pena de não sermos nós e um nó na garganta fica a a doer com a vontade de chorar. A verdade escancara-se e fico a pensar que nunca mais te vou ver e que a minha vida sem nós juntos não faz sentido. 

segunda-feira, dezembro 11, 2023

 Dialectos de ternura estão a cair em desuso

Anda-se por aí a fazer embriões de porcos com humanos

Todos querem ser os campeões

enquanto a desigualdade aumenta o seu fosso

E ninguém resolve os problemas da Terra

Mas enviam um astronauta

para ficar no espaço recluso 

 

A chuva veio daí, mas atravessando o oceano esfriou, congelou-se em gotículas que vieram colar-se aos carros de madrugada, exalando a lua perfumada no interior das narinas forradas pela geada. O tempo não nos alcança, mas sim nós o pegamos nas mãos como se fôssemos uma criança que nunca escutou um não e, por isso, tem em si a certeza de que nada é impossível.

O Homem.-Apaixonado

 Apaixonei-me pela deusa de todas as deusas, a única para quem eu olhava e todas as outras empalideciam e sumiam.

Queria ver a vista que ela via da janela dela, só para confirmar se era assim tão bela. E enquanto ela falava com os pássaros e assobiava por entre as grades, eu chegava pelo ar, com asas de grande envergadura, como a maior das aves.
Eu recolhia-a nas minhas asas e abrigava-a no quente do meu canto. Os nossos cabelos ao vento dançavam e todo o mundo se alegrava. Afinal sempre fui eu o homem para a mulher-pássaro.

domingo, dezembro 10, 2023

 Sei que tens vontade de desistir

Esse grito calado e mudo
Todos os dias um fardo
Absoluto absurdo
Sem ter lugar
Ainda te sentes culpado
Pela responsabilidade de um filho
Que foste arranjar
E no meio de tudo teres de sorrir
Amiúde
Para ti e a todos enganar.

 Moro no país do desgosto

Com formato de coração partido

Rubro sangue do vinho do Porto

Só sobrou um mosto exangue

No fundo da garrafa 

E colado às paredes da alma. 

 

A noite negra de todos negrumes

Pariu o mundo, os planetas,

Mas não as constelações

Mas sim os queixumes

Das brancas luas e cometas

Pontilhados tiranos sem luz


Ninguém mais lhes trará o Sol

A luz dourada, bênção de mãe

A chuva que cai em fios de arrebol

Vira e mexe nesse vaivém 


Solta o teu sorriso de meia-lua

Espelho reluzente da dentadura 

Que o universo escolheu 

Para iluminar o que escureceu 

 

Afinal, o amor não é construção, mas sim uma casa pronta onde nós maduros habitamos.

 Tu és meu porque me recusaste

Eu sou tua porque me danaste

Merda de vida 

Esta do Sol e da Lua 

sexta-feira, dezembro 08, 2023

 Acabou-se o que nunca foi doce. 

 

Às vezes podia ter a sensação de ser a pessoa que mais amou a vida e ao mesmo tempo a detestou fortemente, em todos os seus detalhes e no seu conjunto. Imagino que se não tivesse sido assim, não teria vivido.

 Qual a maior estatística : o número de óbitos de pessoas padecendo de lucidez, ou de loucura?

 Quem te ensinou a caminhar? Deu-te a mão e não largou? Confiaste, empurrou-te e quando pensou que tinhas balanço deixou de te amparar? Ou foste tu que te ensinaste caminhando? Pé ante pé, só na força da acção e do querer, um tal momentum meio a abanar, mas na pura vontade da motivação da necessidade.

Eras o vento em rodopio, a fome do frio, a ausência de tempo e as pernas  do momento. 

Viraste barulho, correria, maratona e ventania de tornados e furacões. Todos os dias partes uma perna. Não, não é "break a leg". Pensaste que vencias. Mas não. Vives uma vida tão triste, que nunca foi caminhada, foi só ferida. 

quarta-feira, dezembro 06, 2023

 O MEU MAIOR MEDO ÉS TU

QUE QUISESTE A MINHA MORTE

AMALDIÇOASTE-ME A SORTE

E DEIXASTE-ME A NU

terça-feira, dezembro 05, 2023

Depósito

 Tenho milhares de escritos aqui e não costumo lê-los uma vez digitado, quase que funciona mesmo apenas como um depósito, um repositório de poemas, uma armazém que aluguei e onde vou largando coisas que me estão, ora incrustadas, ora dependuradas, mas que consigo deitar para fora. Mas nunca é o suficiente e retorno sempre. 

 esse amor doido

inédito 

que só existe

na memória do adeus 


de canções repleto 

de olhos nos teus

esse amor persiste 

lento como caracóis