Aguardo a extinção de todos os homens idiotas, como quem aguarda a Primavera.
domingo, janeiro 28, 2024
Esqueci-me em ti
Esqueci-me em ti;
digitais pressionadas contra a tua pele
um cisco no olho
verdades indizíveis
o maior desgosto
o nojo, o terror, o asco
meio morto, meio tosco
Tu que foste minha némesis,
derrota, encosto
Esqueci-me em ti;
bela pluma fugaz
de fino rosto
humor mordaz
minha menina, meu rapaz.
sexta-feira, janeiro 26, 2024
quarta-feira, janeiro 24, 2024
terça-feira, janeiro 23, 2024
Gostar
No fundo, deves ter sempre sabido que eu nunca gostei muito de ti. Também, como poderia gostar de alguém como tu que faz tanto mal às pessoas? É, eu nunca gostei de ti e forcei-me a isso, já se viu no que deu.
segunda-feira, janeiro 22, 2024
Árvores e Pássaros
Eu só gosto de árvores e pássaros agora. Nada mais. Simplesmente, árvores e pássaros. E, embora já há algum tempo que não estou com eles, continuo a gostar deles e só deles agora. Mais nada, simplesmente. Gosto com muita admiração das árvores que se recusam a morrer, particularmente são as que mais gosto e também dos pássaros que se recusam a deixar de cantar de madrugada, ao raiar da aurora e do pôr-do-sol. Sim, porque o pôr-de-sol que é nosso raia. Como só as árvores e os pássaros sabem fazer no céu e na terra.
sábado, janeiro 20, 2024
sexta-feira, janeiro 19, 2024
quarta-feira, janeiro 17, 2024
Romantismo
Procurava refúgio das misérias e desgraças da vida nos teus braços, ó minha perfeita vida sonhada nos braços da pessoa amada. Conjurei uma ilusão de poesia e brandura, tanto amor e ternura, paz e carinho, num mundo em que a música nos fazia bailar flutuando eternamente. Tudo é cinematografia e fantasia. O que é doce e irreal, faz o cenário ideal para um romântico que já não existe.
Ventania
Florestas ancestrais ainda escutam o tambor do mundo. Embora longínquo, o seu som chega e faz dançar os gigantes imóveis.
O vento transporta a memória do som. Veloz, instantâneo, como o perfume da maresia que me chega às narinas.
Lembra-me de ti. O mar que é o único verdadeiro e nunca mais vi.
Coisa de Pele
Essa membrana osmótica
Permeável, porosa
Que se funde com a tua
Encaixa-se
Como chave na fechadura
terça-feira, janeiro 16, 2024
Um real problema
"Não gosto de salamaleques na língua, mas gosto de um salame na boca", pensei eu e mais uma vez além de constatar que vou direitinha para o inferno, os meus quase dez anos - a completar em Março - de mongitude e celibato absoluto, não me servirão jamais para me redimir, pois ao que parece não há mesmo solução para mim.
segunda-feira, janeiro 15, 2024
Um Amor de Respeito
Deixa-me ser o teu sonho
Suave e luminoso
Já que fomos um delírio
Risonho e tempestuoso
Deixa-me ficar na tua sombra
Porque foste tu a minha luz
E eu venerei-te a penumbra
E carreguei a nossa cruz
Deixa-me afagar-te o cabelo
E abraçar-te no meu peito
Hás-de sempre tê-lo
Bater o coração com respeito
Peço Desculpa
Por instantes, esqueci-me que nunca te questionaste por que é que "homens não choram" e mulheres usam maquilhagem. Peço desculpa. Não me ocorreu que nunca tenhas sabido o que está por detrás da criação das instituições mais antigas nas sociedades, como o casamento e as religiões. Peço desculpa. A minha memória parece ter eclipsado que não estavas ao corrente de que o ser humano, assim como ele é, existe há milhões de anos num planeta circundado por mais de 700 quintilhões de outros planetas neste universo. Peço desculpa, eu também não sabia, tive de ver essa estimativa no Google - o pai dos burros moderno, que veio substituir o velho dicionário.
domingo, janeiro 14, 2024
Um instante de sorriso
Faz-me feliz ver-te feliz. Mal te vejo e sai logo um sorriso do meu rosto que estava mergulhado num horrível fosso de raiva, nojo e ódio. Ver-te com o teu balançar de sempre, aquela velha promessa, volta de novo no meu peito a acalentá-lo. Um instante, um sorriso, aquele "também", emocionado e doído que nunca foi além. Como eu te amo, meu bem. Sim, foste tu o meu bem e meu pior castigo, meu astral inimigo, minha força de ninguém. Por ti virei tripas coração, por ti enlouqueci a razão, só para que fosses completamente livre e feliz. Forte, bravo, o cavaleiro distante que atravessou o deserto e lutou a mais dura guerra e saiu vencedor. O derrotado fui eu, com prazer. À tua, meu amor eterno amado, meu menino, meu nunca abandonado, que me abandonou. Como me orgulho da tua fé, do teu amor, dos teus princípios de vencedor! Fiel, nu, pesado, com esse teu corpo na terra caminhando, com o teu amor mais amado de tanto apaixonado. És prolífero, és capaz, és um ás no que fazes enquanto o mundo se acaba. O teu sentido é a gargalhada histriónica, a frenética e barulhenta paródia da glória que marcha inebriada e obliterada da realidade. Um instante só. Um instante que dura e dura. Até não durar mais.
sábado, janeiro 13, 2024
Do Prazer
O prazer tomou-os escravos, algemados às suas paixões, aos seus vícios, aos seus hábitos. Tirou-os para brincar ao Domingo, cedo, com as suas comidas favoritas, o aconchego de casa. O prazer deu-lhes a teta do coração, alimentou-os, não lhes disse que não; acariciou-os e acarinhou-os.
Prazer demorado. Prazer rápido. Prazer torpe e entorpecido. Prazer de pedra que roça na água..., ou será o contrário? Prazer de lua que endoidece, que tudo ferve e faz crescer. Prazer que é feitiçaria, acção demoníaca, obsessão elusiva.
O teu prazer incestuoso. O meu prazer tortuoso. A tua dominação, a minha dominação, a minha rendição, a tua rendição.
sexta-feira, janeiro 12, 2024
terça-feira, janeiro 09, 2024
Amei-te
Amei-te na luz e na escuridão
Antes e sempre
Quando eras meu irmão
Na algazarra da festa
No bulício crescente da aurora
Na escravidão
Na loucura
Na paixão
Com constante serenidade
Escondida por trás da ansiedade
Amei-te como o bicho que sou
Para os animais que fomos
E na natureza que teremos
(23/12/2023)
Venenosa paixão
Quando o amor deixa de ser puro e passa a ser venenosa paixão, tudo o que era doce vira duro, tudo o que era claro fica escuro, só o ciúme e a posse têm vazão.
Como é covarde o coração!
Conspurcou-te a mente, encheu-a de ilusão, deu cabo da gente e fez a necessária destruição.
Mas, ainda assim, o amor falou mais forte e fez com que se sacrificasse para dele mesmo teres salvação.
Só quero aquilo que é meu
Sei que nada tenho
Não sei o que é meu
Mas sei que quero
Aquilo que é céu
Olho as estrelas
Vejo-as tão belas
Sei que são tuas
Vês todas nuas
Esqueci-te no ar
Mas lembrei tudo
Em todo o olhar
Que vi mudo
Diz que um dia
Voltas a ver-me
Amada minha
Queria ter-me
Cabeça na lua
Tenho a cabeça na lua
O coração nas nuvens
Sei que já não lembras
De quando te amava
Com tal entrega
Que te desesperava
E foste tu apenas
Quem me fez assim
Nenhuma outra pessoa
Jamais me tirou de mim
Escrevo
Escrevo para ti que tens essa dor sufocante no peito, de quem assiste destroçado à destruição no Mundo, aos seus obscenos e absurdos actos contra a sua própria espécie, contra às outras e contra o planeta. Escrevo para ti que não consegues conter a raiva de ver a indiferença e que ninguém quer melhorar a si mesmo e a tudo em redor: nem muito menos se questionam de nada, pois isso seria questionar a sua própria conduta e modo de vida. Escrevo para ti que tens o estômago revolto com o nojo que o ser humano perpetua desde sempre, a podridão que faz e propaga completamente incólume e sem noção da devastação que cria e dizima milhões.
O resto, para quem não escrevo, é o meu público alvo.
segunda-feira, janeiro 08, 2024
Oásis
No meio do caos e da morte,
na grande probabilidade do erro,
nós fizemos a nossa sorte,
naquele tempo em que fomos
mais carinho e amor,
para todos e mais algum,
como se o tempo fosse condensado
só naquele momento
e tudo o que era impossível
se tornasse num milagre.
Esse foi o nosso oásis.
Finitude
Qualquer momento pode ser o último. Nunca se sabe quando vais ser a última vez que vamos ver uma pessoa. Nunca se sabe se o abraço que damos será o último. E mesmo sendo alguém que é informado de que poderá morrer a qualquer instante, não sabemos quando será o instante e poderá demorar anos a acontecer. Se ao menos ninguém me tivesse dito nada... Se ao menos ninguém tivesse morrido tão cedo,,, "Todos merecem uma hipótese, especialmente no Natal", será?
(17/12/2023)
sábado, janeiro 06, 2024
sexta-feira, janeiro 05, 2024
Elixir do afecto
Cada nosso encontro é um elixir borbulhante de ternura, carinho e doçura, pois por segundos somos a mesma criança e só transborda amor que contagia o mundo todo ao nosso redor. Tudo fica mais belo e apenas verdadeiro. A saudade é sempre um rio a correr no peito para o nosso primeiro abraço de mais e mais um, por que não? Nunca final. Apenas suspenso. É poderoso esse elixir, uma cocção que é imbatível, a de afecto, como se houvesse uma música íntima que só nós ouvimos e uma fórmula matemática que só nós sabemos. É nossa a magia do dia em que nascemos. Os 1 de Setembro.