hoje o despertar lento da madrugada fria
aninhou-se manso e triste
por todo o lado a luz que não o era
simplesmente cinza, sem brilho,
a prata de outrora é como se nunca tivesse existido
ao longe avista-se o mar, ou não,
nem se consegue definir numa imagem
que seja perceptível para o olhar meio morto
hoje a luz metamorfizou-se
plena e explosivamente inexistente
como uma molécula improvável
depois, visitou-me uma diáfana melancolia
com um abraço leve mas com uma toda densidade
de quem faz disso a sua última morada
as gotículas sincopadas num formigueiro vindo do céu
ilustram a sombria luz com a cadência de uma orquestra
e, assim, instala-se por fim a indeterminada serenidade
segunda-feira, março 28, 2011
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