Viver uma vida apenas contemplando a Vida:
a rugosidade do passeio que trilhas, o intermitente brilho nas pedras do caminho, a extensão das planícies e planaltos a que os animais retornam passadas décadas, o vento que transporta a vida e traz também notícias do outro lado, o mundo que ninguém vê*, só tu e mais ninguém, vislumbrando o céu imenso que ainda é minúsculo para tanto mar dentro de ti, e a falta de estrelas porque a luz da cidade as ofusca, e a falta de silêncio porque o barulho apodrecido da sociedade impera, não deixa escutar a vida que poderia ter sido, mil milhões de vidas que foram, toda a mortandade contida em todos os aflitivos chilreios incessantes de madrugada em madrugada, de despertar em despertar, raiando a atmosfera nebulosa de todos os que pariram a vida num só mundo.
Eu não sei viver.
*as cores que não existem
quinta-feira, abril 19, 2018
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