quinta-feira, agosto 27, 2009

Patrícia

Era uma menina-mulher. A característica dela, que mais saltava à vista dos que privilegiavam da sua companhia, consistia numa espécie de tique - pela repetição do movimento, embora em nada nervoso -, que era o enrolar de uma mecha de cabelo num caracol, à sua direita, permeando-a com o indicador e o dedo do meio.

Não era Patricia Highsmith; não efabulava, até fora sempre bastante terra-a-terra, senão na área do coração, pois esperava um dia viver um amor arrebatador, "daquele que dói algures no corpo", como uma ferida, provavelmente junto do peito onde está o coração.
Mas, quanto a isso, permanecia sempre em dúvida: "Como é que se sabe que é o homem certo?", pensava volta e meia. E, de vez em quando, procurava a resposta junto de amigas mais velhas, mal sabendo que iludida, por dizeres populares: "Quanto mais velho, mais sábio."

Próprio do universo conceptual feminino, o interesse pelas coisas espirituais, ou espiritualizadas, como a intuição e a astrologia, encontravam em Patrícia uma pequena aprendiz.
As suas capacidades relacionais e afectivas, daí, surgem num crescente de preocupação e generosidade para com os outros.
Não havia ninguém como ela, no que toca a convencer pessoas: ora eram assaltadas pela sua perseverança, ora seduzidas pela sua inocente graça.

Se se perguntasse aos amigos, quais as palavras que a definiam, seriam, entre outras, certamente: Alegria, Generosidade, Espontaneidade, Bondade, Beleza, Pureza, etc.

Numa Era em que todos pensavam em carros, Patrícia pensava em abraços.
E não é só isso que verdadeiramente importa?

(esta é a minha pequena homenagem à minha amiga Patrícia)

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