A vida é um continuum de momentos finitos. De pessoas finitas. Cujas memórias só o são depois de o deixarem de ser.
É um passado remoto que ninguém controla e que o tempo se encarrega de transportar para o presente e para o futuro, dobrando-se nas suas esquinas fugazes e diáfanas.
Sentimos a falta da pessoa que amamos, pela ausência do calor a que ela nos habitua. De manhã, quando acordamos e olhamos para o lado; de noite, quando lentamente entramos no reino dos sonhos.
As memórias passeiam-se, sem trela, pelos cantos, ora escuros, ora inundados de luz, da mente que se preenche com a ausência da pessoa que se ama.
De noite, as memórias, oníricas, concretizam a profecia: "transforma-se o amador na coisa amada". A metamorfose que não é física, como já foi, mas sim mental. Em ambos os casos há algo de espiritual nessa osmose das pessoas que se amam.
Sentir saudades da pessoa que se ama, é sentir um constante vazio no peito, que incomoda a todo o instante, lembrando-nos da falta do calor da sua presença.
Enquanto se celebra o luto da ausência do amado, com a festa das memórias de momentos finitos, mas intensos, cria-se a ilusão de que eles perduram - a ilusão da eternidade de momentos felizes -, aguardando-se serenamente por aquele calor que é só nosso.
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