O tempo é obsoleto
como os três relógios que disponho numa caixa
para que perdurem como memórias do que já não é.
A dor continua a incomodar-me naquele lugar,
aquela dor que me há-de matar,
tal como o sorriso dela que um dia
ainda há-de ser a minha morte.
A mulher que tinha uma língua de vinagre e que
cada vez que chamava pelo meu nome
a acidez da bílis se me agitava no âmago,
tinha em mim a sua criação mais extrema.
Durante o primeiro dos três relógios
ela se imprimiria em mim
e eu seria muito ela.
Durante o segundo, porém,
já ganha a personalidade, pareceria menos ela,
muito mais eu, mas também os traumas
que começaram por causa dela.
O terceiro relógio chegou. Eu já não sou quase nada
e a olhar para trás vejo o que muito pouco fui
e o nada que apenas restou.
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