Salto umas escadas, apressada, não vá ele fugir...
Já sentada, o alívio sente-se no ofegar na ponta da língua,
e depois o coice que gera uma onda de calor no corpo,
uma corrida do sangue que estava atrasado para o cérebro.
Tento lembrar-me das carruagens antigas,
mas não consigo... apenas me recordo de momentos da infância
em que eu me arrastava - enquanto o meu pai me levava pela mão a tentar apressar-nos pelos túneis agrestes
- só para que eu pudesse ver durante mais tempo o chão cintilar:
pensava que estava a pisar o chão da lua - a negritude do chão era tão atraente, tão brilhante - feito com pó das estrelas.
De repente, tocam-me nas narinas os dedos de uma fragrância familiar. Espalha-se pelo túnel e adivinha-se o crepitar das castanhas, o fumo quente e salgado de um tempo antigo.
Ao olhar para cima vejo as pegas onde as pessoas se seguram, todas vazias, tremelicam inseguras,
umas vibram mais que outras, assim como as pessoas, na sua estoicidade de aço a tentar combater a inércia.
Hoje em dia reaproveitam o chão das carruagens, cinzentos e com os círculos em relevo mais claros devido ao desgaste; penso em como aquele linóleo será a mala de alguma rapariga rica, bem sucedida e à espera de alcançar um qualquer status por usá-la. Aspira-se o céu e da maioria das vezes não se percebe que é com o chão que lá se chega...
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