Há uma certa melancolia em saber que nada tem grande sentido. Por vezes, também se sente um alívio por se saber que nada realmente importa. É apenas um pensamento para dois poemas, como um concerto para dois pianos. A sinfonia dos velhos alinhados à beira da cova onde fazem descer um caixão negro de patina brilhante, todos eles simplesmente à espera da sua vez.
A dor que sinto é tão grande que dilacera tudo o resto que o meu coração albergou. Sensações cálidas que o aqueciam, são agora dissipadas como as cinzas mortais espalhadas e tornadas invisíveis pelo vento da tormenta. Preciso que alguém me guarde, como um ente amado faz com os restos mortais cinzentos que conserva num pequeno recipiente. Hoje e antes, o meu corpo fora sempre a urna onde se esconderam os meus fracassos e vazios. Apenas uma colecção de cinzas, apenas isso...
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2 comentários:
E Fénix, onde pára?
Bem visto, obrigada por me lembrares. Acho que neste não havia mesmo espaço para renascer. É "preciso que alguém me guarde" as cinzas, as contenha, as impeça de se dissiparem para um dia mais tarde renascer. É, faz sentido. :)
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