Por todo o lado existem esporos no ar,
seja dentro das casas, ou fora delas,
eles cirandeiam quase invisíveis
numa dança errática e fugaz.
Pontilhados de flores saltam-me à vista
e lembro-me do filme que vi outro dia,
em que uma rapariga recusava flores
de um homem que lhe propunha casamento.
Entre outras coisas, a rapariga explicava
que as flores são vaginas simbólicas
e que os homens oferecem-nas às mulheres
apenas porque as querem desflorar.
Ora bem, não é à toa que se vêem ritos
da omnipresente proliferação exacerbada
das várias espécies existentes na Terra,
numa constante caça pelo parceiro ideal.
A natureza em si é uma festa de fecundação,
nascimento e morte - a vida frágil das criaturas.
As flores despertam o desejo com as suas cores
e a Terra recebe no seu seio os esporos da vida.
Esse círculo ininterrupto faz-se vingar,
século após século, flor após flor,
como se se tratasse de um mecanismo automático
e cheira-me que tão cedo não irá parar.
terça-feira, junho 14, 2011
quarta-feira, junho 01, 2011
Mais uma infecção, 3ª dose de antibióticos este ano...
A minha vida tem laivos de tristeza enraizados, tão frequentes e indeléveis como os das árvores.
A seiva que todos perdemos diariamente, num constante jorrar de energia, nunca chega a ser reposta. Não existem sóis suficientes ou rostos benignos; édens sem bichos malignos.
Assim como as árvores, espero o golpe final do machado extracorpóreo da vida, mas eu, ao contrário delas, não servirei para a construção de mobiliário, nem para aquecer alguém, ardendo numa fogueira qualquer.
A seiva que todos perdemos diariamente, num constante jorrar de energia, nunca chega a ser reposta. Não existem sóis suficientes ou rostos benignos; édens sem bichos malignos.
Assim como as árvores, espero o golpe final do machado extracorpóreo da vida, mas eu, ao contrário delas, não servirei para a construção de mobiliário, nem para aquecer alguém, ardendo numa fogueira qualquer.
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