terça-feira, junho 14, 2011

A Terra e as suas flores vaginais

Por todo o lado existem esporos no ar,
seja dentro das casas, ou fora delas,
eles cirandeiam quase invisíveis
numa dança errática e fugaz.

Pontilhados de flores saltam-me à vista
e lembro-me do filme que vi outro dia,
em que uma rapariga recusava flores
de um homem que lhe propunha casamento.

Entre outras coisas, a rapariga explicava
que as flores são vaginas simbólicas
e que os homens oferecem-nas às mulheres
apenas porque as querem desflorar.

Ora bem, não é à toa que se vêem ritos
da omnipresente proliferação exacerbada
das várias espécies existentes na Terra,
numa constante caça pelo parceiro ideal.

A natureza em si é uma festa de fecundação,
nascimento e morte - a vida frágil das criaturas.
As flores despertam o desejo com as suas cores
e a Terra recebe no seu seio os esporos da vida.

Esse círculo ininterrupto faz-se vingar,
século após século, flor após flor,
como se se tratasse de um mecanismo automático
e cheira-me que tão cedo não irá parar.

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