Perdê-la foi quebrar-se o tempo e ele deixar de existir por completo, entrando eu numa espécie de suspensão dos sentidos. O gosto que a língua deixou de sentir, as mãos que nada conseguiam mais agarrar, o cheiro e o som de tudo o que havia para olhar e que eu não mais via, não mais enxergava, não mais.
Quando algo me relembrava de quanto tempo tinha de facto passado eu não acreditava porque ele para mim não tinha passado. "Onde foi o tempo?", perguntavam. Eu nunca soube, nem sequer soube que ele tivesse ido.
Ela sempre dentro de mim, mais do que eu mesma, sempre presente no vazio da ausência que deixou. Porque agora já se sabe que existe matéria num buraco negro e que o vazio espacial tem substância, tem peso e dimensão. Porque agora e, sempre, eu soube que ela existia como vórtex espácio-temporal no meu coração.
Eu não vou perdê-la. Eu não vou perdê-la. Eu não vou perdê-la. Nunca.
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