Pungente, Matei
Atravessei, Morri
Fiquei
No vazio da parede branca
Parei
Até um dia, enfim?
Poesia filosófica; Poesia Visual; e outros objectos poéticos de Poeta mera observadora
Crianças mortas, feridas, mutiladas
Crianças ignotas, queridas, exterminadas
Ensinadas a morrer e a matar.
Nós que temos uma mente diferente
Mas silente
Contra-corrente
Temos medo da gente
Que é mundana e contente
Perpetuei momentos bons para que te lembrasses, especialmente nas épocas más, de como um oásis no deserto fez com que o teu sorriso brilhasse.
Perpetuei momentos maus para que tudo o resto ultrapassasses, especialmente nas épocas piores, de como és dona(o) e senhor(a) de ti e do mundo.
(09/12/2023)
Meu bem
Tu não sabes voltar
E eu não posso aceitar-te de volta
Esperas que te lamba o suor
Espero que me lambas as lágrimas
Por esta hora já sabemos de cor
O que o amor gasta
Como é a verdade de nós
Jogados às traças
Enquanto temos fome insaciável
De sermos trespassados
Por aquele arder tresloucado
Que fazemos de tudo para esquecer
Demoras e matas-me
Eu estava errada
O amor verdadeiro não é o saudável
Mas sim o que nos faz gozar
De completude da plena saúde
(28/11/2023)
Nasceu este, morreu aquele
Morreu este, nasceu aquele
Eu fiz tal coisa, comi aquilo
Eu casei, eu tive um filho
Uma árvore plantei, escrevi um livro
Eu fiz isto e fiz aquilo
Fui além, acoli, acolá
Eu me despi, eu me vesti
Estava frio, estava calor
Foi desgraça, foi horror
Eu detestei e tenho um amor
Hoje fui rei e senhor
Ontem fui doutor
Amanhã estou louco
Mouco e rouco
Eu estive com aquele e aqueleoutro
Eu indignei-me e chateei-e
Tive alegria e disse adeus
Um tudo e nada
Entre a tristeza e a folia
Fui ateu e conheci deus
Ora digam lá de todos
Esses perfis de Instagram
São ou não uma maravilha?
(23/11/2023)
Será que ainda me procuras quando chega a noite e só existe o branco das paredes do apartamento? Será que ainda me vislumbras quando fechas os olhos e a luz que houve um dia dentro de nós a meias como a nossa escuridão, sufoca o peito com a ânsia daquele calor que nos acalentou o coração? Será que ainda me bebes como um dia a pura água cor de sangue que matou a tua sede? Será que ainda me encontras quando num segundo surgimo-nos no pensamento e unimo-nos numa sintonia do rádio soando no ar? Será que ainda te sentes como a minha eterna e inabalável lua como eu serei sempre o nosso ar; será que me vês bailar, corpo unido ao teu, onde é o meu lugar? Como vê, amado meu, o tempo em que só importará o céu?
(05/10/2023)
"Todos os animais não inspiram ternura? Então o que é que deu errado no Ser Humano?"
Bestas ferais não são tão destruidoras quanto ele. Ele é auto-destrutivo, canibal, completamente assassino, nojento e boçal. Nasce e é ensinado a odiar, a fomentar esse lado agressivo, porque tudo é competição, seja por alimento, seja por abrigo.
E todos os conceitos que inventa, todas as criações e recriações, não passam de ilusões para afastar a morte, o seu castigo. Para alimentar-se de prazer e satisfação, pisa o outro, pisa o irmão, nada mais faz senão regojizar perante a sua destruição. Porque lhe traz frutos e a dita felicidade, o cúmulo do egoísmo e a falsa saudade. Oh, criatura patética, vomitas todos os dias tudo o que lias e repetes como verdade. Não páras, não sabes parar, "nem debaixo de água", para contigo não teres de lidar. És vil, és torpe, vendeste a tua irmã no açougue. És vil, és cagarrinhoso, pensas que és o maior até seres idoso. Poço de germes e micróbios, o teu corpo que exaltas; buraco negro de radioactividade, o teu cérebro que calas. Nem vou falar do teu coração, pois esse é tão inexistente que nem te ralas. Vives de prazer e paixão, és falastrão e canastrão, forçaste-te a domesticar um cão, devias explodir numa bomba nuclear.
Um coração simples e sincero supostamente não devia deixar a mente atrapalhar o que tanto se deseja. Só que o desejo é apenas um fósforo que qualquer pouca ventania apaga.
Por isso. se o desejo for profundo e tão duradouro e certo, que é inabalável perante as areias do tempo, então aí é inevitável e não dá para fugir ao sentimento.
(28/09/2023)
Sinto tantas saudades tuas e só queria uma oportunidade de estarmos juntos. Fazes-me tanta falta.
Quando baixo a guarda e ponho-me a ver os filmes típicos da época natalícia, romances que acabam sempre bem, fico com pena de não sermos nós e um nó na garganta fica a a doer com a vontade de chorar. A verdade escancara-se e fico a pensar que nunca mais te vou ver e que a minha vida sem nós juntos não faz sentido.
A chuva veio daí, mas atravessando o oceano esfriou, congelou-se em gotículas que vieram colar-se aos carros de madrugada, exalando a lua perfumada no interior das narinas forradas pela geada. O tempo não nos alcança, mas sim nós o pegamos nas mãos como se fôssemos uma criança que nunca escutou um não e, por isso, tem em si a certeza de que nada é impossível.
Apaixonei-me pela deusa de todas as deusas, a única para quem eu olhava e todas as outras empalideciam e sumiam.
Queria ver a vista que ela via da janela dela, só para confirmar se era assim tão bela. E enquanto ela falava com os pássaros e assobiava por entre as grades, eu chegava pelo ar, com asas de grande envergadura, como a maior das aves.
Eu recolhia-a nas minhas asas e abrigava-a no quente do meu canto. Os nossos cabelos ao vento dançavam e todo o mundo se alegrava. Afinal sempre fui eu o homem para a mulher-pássaro.
A noite negra de todos negrumes
Pariu o mundo, os planetas,
Mas não as constelações
Mas sim os queixumes
Das brancas luas e cometas
Pontilhados tiranos sem luz
Ninguém mais lhes trará o Sol
A luz dourada, bênção de mãe
A chuva que cai em fios de arrebol
Vira e mexe nesse vaivém
Solta o teu sorriso de meia-lua
Espelho reluzente da dentadura
Que o universo escolheu
Para iluminar o que escureceu
Quem te ensinou a caminhar? Deu-te a mão e não largou? Confiaste, empurrou-te e quando pensou que tinhas balanço deixou de te amparar? Ou foste tu que te ensinaste caminhando? Pé ante pé, só na força da acção e do querer, um tal momentum meio a abanar, mas na pura vontade da motivação da necessidade.
Eras o vento em rodopio, a fome do frio, a ausência de tempo e as pernas do momento.
Viraste barulho, correria, maratona e ventania de tornados e furacões. Todos os dias partes uma perna. Não, não é "break a leg". Pensaste que vencias. Mas não. Vives uma vida tão triste, que nunca foi caminhada, foi só ferida.
Tenho milhares de escritos aqui e não costumo lê-los uma vez digitado, quase que funciona mesmo apenas como um depósito, um repositório de poemas, uma armazém que aluguei e onde vou largando coisas que me estão, ora incrustadas, ora dependuradas, mas que consigo deitar para fora. Mas nunca é o suficiente e retorno sempre.
Quem quer salvar o mundo é preso e quem anda a matar o mundo é vangloriado.
Confundi as pessoas umas com as outras, o meu cérebro substituiu algumas que perdi em 2020 por pessoas que me apareceram de repente e que tiveram um papel similar na minha vida. Peço imensas desculpas pelo atrofio que o meu cérebro causou para processar os lutos. O amor que tinha pelas pessoas assim só por existirem e serem quem são foi e é sempre maior, porque é assim que sempre fui, mas alguns o meu cérebro confundiu-se e pensou que já conhecia.
Aguardo o meu homem que tem uma só tatuagem de um pássaro azul do lado esquerdo do peito.
Ele voa alto e vem me buscar, recolhe-me na grande envergadura da sua asa e eu viro uma tatuagem nela.
Voamos os dois muito alto. Não paramos mais. Nada é já preciso. Só o nosso beijo tatuado.
Está na hora, meu amor.
A solidão de não nos termos um ao outro, porque só tu és tu e só eu sou eu e só nós nos completamos.
O facto de tu existires atormenta-me, não por uma espécie de f. o. m. o. , não porque te perdi, mas porque no fundo queria que me pedisses desculpa por tudo o que me disseste de mau e nos tornássemos amigos de verdade, agora que podemos ser verdadeiros.
Quando eu morrer, espero que ninguém nunca te vá dizer e que o tempo passe e não te lembres sequer que eu alguma vez existi. É melhor assim, já que escolheste ficar sem mim e eu nada de bom fui para ti. É bom saber que foste feliz nesta vida e que pudeste fazer o que querias e ficar com quem quiseste. Saber que tu existes foi a pior coisa que me aconteceu, porque eu sabia que ia ser horrível para mim. Só não esperava passar o resto da vida assim. O tempo passa e acaba depressa, porque tudo o que queria ter feito e tantos sonhos que tive não puderam ser realizados.
O facto de tu existires salvou-me e matou-me aos poucos. Como o tempo que passa.
Tudo me parecerá sempre muito pouco
Porque tu não estás a gritar aos 4 ventos que me amas
E nós não estamos naquele bosque encantado
A festejar com todos de braço dado
Nem exercitamos o nosso romantismo juvenil
Tudo me saberá sempre a pouco
Porque não haverá aquele manancial
Da profundeza do que fomos sentir
Quando tudo queria ruir mas aguentámos
Criando um oásis em que fomos um para o outro
Sendo só eternamente miragens
Alguém beijou alguém
Não sei dizer quem
E a vida soprou
Pela fresta da janela
Como se o vento
Quisesse interromper
Para lhe falar ao ouvido
Que ele era seu
Ela tentou encostar-lhe a face
Pensando que o tinha
Mas apenas o vento adivinha
O que lhe vai no pensamento
Um encontro de almas
Nunca é adiado
.
Agora que é chegada esta idade, aceita-se a caridade de alguém, que tenha vontade de doar uns segundos, seja para um "bom dia", seja para cumprimentar com um leve toque no braço no máximo. Agradece-se a generosidade de olhar na cara e não afastar de imediato e não nos despachar como se fôssemos um tipo chato.
Emudeci quando deixaste de falar
Ensurdeci quando deixaste de escutar
Adormeci eternamente quando desapareceste
Se eu deixar cair a minha resistência e tu as tuas defesas, abraçamos o impossível e damos um fim à loucura?
Escrevi aquilo que nunca disseste, silenciei tudo o que me fizeste e, mesmo assim, não foi o suficiente para te calar a soar dentro da minha mente.
Cantei o que senti, gritei o que me cantaste e, mesmo assim, quando assumi que nunca me amaste tu vieste e só mo confirmaste.
Se eu pudesse, se eu tivesse podido... Se tu pudesses, se tu tivesses conseguido...
Procurei-te como metade de mim
Mas tu de mim eras tudo
E eu detestei ver-me assim
O mesmo pesar e contentamento
A mesma dor o mesmo sentimento
Quando tu eras meu e eu tua
Quando o Sol era da Lua
Seguindo uma mesma órbita
Sem destino ou cais
Eu jurei para nunca mais
Rezei para teres alguém
Para acabar com a nossa dor
Mal sabia eu que não posso viver
Sem ter o teu amor
Ora aqui vai um pouco de História pra portuguesa de raça, com essa falta de classe estás mais pra morcona, uma pedigree vira-lata,
Fica a saber que não existem raças, isso foi só fake news de um passado cheio de traças, os esclavagistas, a inventar desculpas e chalaças só para justificarem a sua barbárie e a ganância de chupistas. Tu e os restantes milhões vieram dos mesmos invasores, misturados mais que os feijões, com ora mouros, ora saxões, mais uns dez povos em séculos de invasões. Se não sabes do que falas, vai fazer um teste de ADN, vais ter cá uma surpresa que és tu que deves fazer as malas. Nenhuma terra é de alguém, nasceram nelas por acaso, por se separarem assim é que vai pró diabo. Ó portuguesa, tu tás mais é pa desgraça.
Estava convencida de que tínhamos sido os dois culpados pela força de quem éramos. Mas agora vejo que não. Eu nunca quis nada daquilo que aconteceu. Cruzarmos foi um dos piores eventos da minha vida em termos da personalidade que me fez ter. O problema, vejo eu só agora, é que os nossos subconscientes são tão entrelaçados e eram tão doentes, que se atropelaram um ao outro e estavam sempre a falar mais alto. A nossa gémea génese era o que fazia afinal eu pensar que me estavas a imitar e a investigar, enviando as tuas pessoas cercarem-me. Eu caí na armadilha de os amar a todos. De me colocar no lugar deles. De ter a tal da compaixão e amor total. Era urgente amar, ou não era? É, acho que sempre é, no fundo, dadas as circunstâncias.
Sempre tive uma forte sensação de que estava a reconhecer o que estava a acontecer, como se já tivesse visto aquele filme antes. Mesmo assim doeu tudo tanto, sentiu-se tanto, amou-se tanto, como se fosse todo o segundo o último.
A vida nunca mais há-de ser assim e ainda bem, não só pela insustentável intensidade e insanidade alheia contagiante, mas porque nós só somos o outro, eu e tu, iguais na semente da criança consciente, e isso, por mais que o mundo na sua extensão espácio-temporal fale muito alto e me perturbe - apenas a mim, que estou já consciente -, o mundo humano fala mais alto porque é nele que tu vives completamente.
Germinámos em tanto lugar. Não sei como foi. Mas deve ter havido muitas vezes bonitas, com direito à nossa Primavera e ao nosso perdão para quem tanto chorou.
O problema é que eu não gosto das pessoas que eu amo. Acontece amá-las, sem que eu esteja à espera, e eu nem sequer gosto delas, pois elas nunca são tão boas pessoas quanto isso, pelo contrário. As que eu amo um bocadinho menos, de forma que não me doa, eu até gosto delas porque são pessoas boas. Mas as que mais amei foram todas pessoas horríveis à semelhança de quem me pariu e me formatou para amar ditadores horríveis que só me fizeram sofrer. É também por isso que desisti do amor há tantos anos atrás. Ainda espero que com a minha evolução e desformatação dos últimos anos eu consiga amar alguém decente mais que tudo e já não alguém horrível.
Ninguém sabe como nos tentaram calar a pontapé, as tantas vezes que fomos agredidos, sovados no corpo magro, puxados pelo cabelo e insultados. Ninguém sabe como fomos olhados com nojo, chamados de lixo e de velhos, de fezes e de escaravelhos. Ninguém sabe como ainda com a boca ensanguentada continuámos a sorrir calados, com a cabeça e os olhos subservientes. Ninguém sabe como ficámos ao abandono, corpo congelado e esfomeado ao relento. Ninguém sabe como vivíamos em terror, acossados, fugidios, a cada segundo com raiva e temor. Ninguém sabe que ficámos à beira do abismo e demos um passo atrás com toda a nossa força e teimosia, quando na verdade queríamos que o vento nos empurrasse de vez. Ninguém, ninguém, sabe o quanto fomos capazes e ninguém nos conhece jamais.
Consegues ouvir-me agora mesmo, ainda que eu não esteja a dizer nada? Consegues escutar-me, meu amor? Este buraco no peito, está angústia explodida, que dor, meu amor! Meu tudo! Abraço-te mas não, beijo-te mas não, porque estou destruída e não sobrou vida no meu coração. Como o meu amor por ti nunca te beneficiou em nada! Nunca te arrancou um pedaço sequer da dor que te fustigava. Não é nos meus braços que repousas, mas o meu amor e toda eu só penso em ti e na tua paz. Tu sabes. Sempre soubeste lá no fundo mais. E primeiro do que eu. Dorme, meu amor, dorme. O sono profundo de todos sermos culpados do grotesco abominável que é o ser.
"Sempre" não quer dizer "às vezes", "de vez em quando", "talvez", não é verdade? "Demais", é, sempre foi demais, por isso é que deu no que deu e é como é. Não dá como nos separar. Há mesmo algo suspenso, oculto, mas total e vital, tão intenso que se se toca a corda a vibração causa ondas de explosão. O amor maior tem destas coisas indeléveis, intangíveis e implacáveis.
Peço ao eclipse que te retire de mim, mas não funciona. Volta e meia vem o teu nome à tona, nos que morreram e nos que ainda vão viver. A lua não foi muito amiga; deixou de te dizer sobre mim, fez-te esquecer do doce, do quentinho, do carinho silente. Quem tinha feito o feitiço para nos quebrar de vez, eu perdoei e até agradeci quando soube, porque sofria muito e tu também. Mas eu nunca quis que nos perdêssemos um do outro, que cortássemos laços, que me virasses as costas por um equívoco ou tudo mais. Sempre que escrevo sobre nós assim, a falar de cisão, parte de mim pensa e sente sempre que "como é possível que haja qualquer separação e afins, se estás sempre aqui?", mas contradigo para me convencer que não passa da tal obsessão que se acumulou. Embora eu saiba que no fundo não é verdade. Não houve obsessão por ti nem por ela. Nunca houve mesmo. Apenas este amor tão grande que só vos quer saber o melhor possível, felizes, ou pelo menos não a sofrer. Basta de sofrimento no mundo todo, não é? Eu amo-vos e tenho saudades vossas, inclusive quis enviar um áudio a ela a dizer, mas não consigo. Talvez me tenha tornado naquelas pessoas sem coragem e conformadas, resignadas, que deixam o tempo passar e, pronto, já é demasiado tarde para dizer o que quer que seja. No entanto, às vezes, acredito no tal reiniciar abrupto, do nada, talvez precisamente se consiga porque já passou muito tempo. Faço-vos umas festinhas imaginárias ao vosso lado esquerdo do vosso rosto, do vosso cabelo e espero que sintam algum conforto mesmo que nem se lembrem de mim também quando o faço. Zelo pelo vosso adormecer hoje nestes tempos horrendos que de alguma forma nós os três já vimos doutras vezes. E dói tudo tanto na mesma. Amor meu e amor da minha vida, meus meninos amados.
Não quero ver-te
Não quero ouvir a tua voz
Não quero sentir que existes
Só quero que desapareças
E nunca mais apareças
Numa sociedade de olho por olho e dente por dente, todos os dias matam crianças e ninguém se acha doente.
Daquela vez, há tanto tempo atrás, tu vieste pela primeira vez, pairaste sobre mim e me beijaste o ombro e a explosão de luz e calor foi tanta que acordei abruptamente. Nunca me tinha acontecido algo assim. Só agora me questionei se tu fazes aquilo da projecção astral, ou se nos encontrarmos nos astros é natural. Afinal, duas almas ditas gémeas que não têm nada a ver com a concepção banal e conceito espalhados, nessa novidade de raras chamas-gémeas, devem mesmo ter um lugarzinho reservado, brotadas de um Solaris e no céu de baunilha eternizado.
Da minha maneira de ser, do jeito como eu falei, como cheguei. Exceptuando duas ou três "cortesias" da sua parte sem ser "em público, sem ser a atenção que me conseguia dispensar. Eu não tinha mais ninguém para me sentir, ninguém mais com quem eu conseguisse me abrir, senão que foi sempre uma miragem para mim. Uma criança para a minha criança, nós dois crianças puras, indefesas, juntas contra o mundo que se acabava. Mas nunca gostou de mim e eu estupidamente por dependência e por pensar que éramos unos no fundo, insisti em persistir. Não há outra ligação assim, mesmo com as que foram parecidas, nada tão certo e definitivo, nada tão errado e pecaminoso, nada tão destruidor, avassalador e redentor. A redenção não existe, não é? Queria ver a nossa, estar naquele momento em que estamos juntos defronte ao tal fogo, abrigados, unos de novo.
Se eu soubesse que ele me amava de verdade, é claro que eu ia sim com ele, por isso não me chateiem mais com isso. Sei que fui a confusa e até cobarde, que não acreditei em nada do que me diziam, fiz piadas com o meu estado e tudo, mas uma vez sabendo o que sinto eu nunca mais me demovi. Mas ele não me ama a mim. Por isso, ficou assim resolvido. Obrigada, passar bem, de nada. (e sim, eu era capaz de arriscar a vida por um grande amor, sempre fui, por isso não me venham dizer que eu não fui porque não quis)
Tu a aprender a amar de verdade e eu a aprender a amar-me. É então esse o desenvolvimento que tínhamos de fazer e foi por isso que aconteceu tudo assim. Bom caminho para nós dois e que um dia nada mais impeça o nosso tão tumultuado reencontro de vidas.
Amaram-se como dava. Às vezes, sentiam que, embora o mundo tivesse acabado há muito, o tempo deles não tinha ainda sequer começado e apenas desempenhavam os papéis que lhes estavam guardados. Ela, tendo recuperado a fé, depois de muitos anos, voltou a rezar e em desespero pediu a Deus que ele tivesse uma namorada e que ela visse, para poder terminar com a dor toda da confusão de não saber do que ele realmente sentia por ela. Passados uns dias, ela viu. Afinal o que ela sempre havia querido para ele era que ele fosse feliz e soubesse o que era um amor saudável. Ela sentiu que estando tudo bem finalmente já podia morrer em paz, porque todos estavam bem. Passado pouco tempo, percebeu que não, ela estava chateada consigo mesma e ela queria que ele fosse dela e não de outra. Queria que o tempo deles existisse e fosse já. Quem ama tanto assim pode esperar uma vida inteira, mas sente sempre que é tarde.
O tempo desaparece e o corpo também. O corpo dela começou a desaparecer. A pouca carne a sumir-se e a deixar apenas o craquelado da pele. Ela sempre duvidou que ele amaria o seu corpo, entretanto ainda mais.
Ele nunca existiu para ela, desprezou a sua existência como a de uma melga chata que não parava de lhe zumbir ao ouvido até ele a esborrachar com uma chinelada. Ele nunca a amou nem a quis abraçar. Ela deixou-se enganar pelo que os amigos mais próximos dele a diziam e foi-se apaixonar e acreditar que ele a amava também. Mesmo que ele a tivesse amado mais do que tudo, ele nunca lhe diria, por isso só o desprezo restou de facto. Esta é só a história de um amor não retornado.
Fazer alguém detestar-nos para não incorrer na hipótese de sofrer por gostar de mim e acabar eu a gostar da pessoa... Haja parvoíce... Pior ainda quando se faz também para a pessoa deixar de levar com pessoas más ou loucas, como as tais escorpião, e impor-se, mas acabar por fazê-lo custando o próprio amor e relação com a pessoa, perdendo para sempre. Depois ainda há quem me ache muito inteligente e que não me deixo cair nem me apaixono... Ai ai, que palhaçada monumental.
Imagina o que é teres um amor tão grande que, mesmo tu conhecendo as estórias épicas de amor, jamais poderias imaginar a densidade e profundidade desse amor que te foi arrebatar.
Todos vinham dizer sobre ele, como gostava de mim, e eu acreditei por momentos que poderia ser verdade, mesmo sendo tão improvável. Os seus amigos vinham falar-me dele como se a cercarem-me para que ele ficasse bem aos meus olhos. Ora os meus olhos caíram de tanto o olhar, fixaram-se nos seus detalhes e foram constatando que se havia perdido por ele. No mais improvável, além do amor e cuidado que havia, gerou-se uma paixão que não me largou mais. Como eu lutei contra esse amor proibido e desmedido!
Mas o que fui descobrindo só piorou tudo. Eu que lutei quase a minha vida toda contra uma ideia de que há destino escrito, todos e tudo, menos a pessoa que eu tanto amo, me diziam que esta ligação é secular e que atravessou os tempos.
Como dele só tive mormente desprezo e indiferença fatais, vendo-o amar outras por demais, nada me leva a crer que é verdade tudo o que me disseram. Mas, pior, é que eu sinto-o também. Aquela visão de nós dois, também é bastante inequívoca. Do jeito que tudo terminou para ele não sei o que raio poderia ainda regressar para nós. E, no entanto, todos os dias eu amo-o e não é por hábito, pois eu deixei de o ver quando ele quis assim; é por certeza e amor maior.
(nem o raio do eclipse me arranca ele de dentro)
Hoje apanhei uma chuva miúda, claro que me lembrei de tu, tu que eras o meu guarda-chuva. Molhei-me pouco, mas o suficiente para me encaracolar o cabelo e mais tarde doer-me o osso do fémur pior que a dor de cotovelo. Oh meu amor, precisava de ti inteiro! Apenas um sétimo de ti existiu para mim, o resto pertence ao mundo-pardieiro. Como foi mundano o teu amor por ela, na sequência de eventos iguais em intensidade e cariz aos que eu tive com ele. Será que ainda me recordarás depois de te aperceberes da verdade toda, depois de viveres tudo o que tens a viver com ela? Não sei se estarei viva e se, esperando por ti, hei-de eu estar livre e com condições. Mas é suposto ser assim. Bem, eu não sei o que é suposto. Assim como não sabia que eles vão morrer todos. Sim, eu sabia. Tu sabes como eu via o que acontecia. Pelo menos já entendi que é apenas o que já aconteceu e vem às vezes antes numa vaga muito forte quando impactou muita gente, ou alguém com quem eu tenha tido alguma ligação forte no coração. Esses impulsos electromagnéticos que tanto vibram por todo o mundo e eu vou levando com as ondas maiores neste meu rádio atrofiado. Parecia tudo loucura quando te dizia, depois soube o que realmente tecnicamente acontecia, explicando tudo isso, mas já nem te pude contar.
Se te vires de mãos atadas
Usa a boca
Se te paralizarem os pés
Mas se te taparem a boca
Caga neles
Mija-lhes nas sepulturas
Não te preocupes
Nada dura
Não me lembro o que fiz antes de te amar. Tu és o meu princípio e o meu fim.
Já não olho para o céu, porque sei que vemos o mesmo astro a brilhar. Já não olho para o mar, porque sei que estás tu lá do outro lado, tivesse eu coragem de naufragar.
Por que me mentiste? Por que não me amaste? Por que me levaste a crer que não havia nada que nos se parasse? Por que fiz eu tanto disparate para que me detestasses? Por que não deixámos de ser nós em vez da nossa verdadeira essência? Por que não quiseste ser meu amigo? Por que me maltrataste tanto?
Para que é que serve viver se não tens saúde, nem amor da tua família nem romântico, dinheiro ou condições? Todas as pessoas que vivem na miséria em todos os aspectos, inclusive de paixão e espírito, por que raio continuaram vivas? Só quem se desespera ou se vê inexoravelmente mediante a verdade sobre a vida é que tem coragem de se matar.
Um dia hei-de morrer como toda as pessoas de uma maneira ou de outra. Mas antes não posso esquecer daquele momento em que a Carminho e o Zé Ibarra me disseram aquelas coisas tão bonitas que ressoarão sempre dentro de mim; e a correspondência entre mim e o meu querido Sir Eddie Vedder, as suas lindas palavras para mim, a sua lady hehe; também não devo esquecer o que me disse o Zaim Kamal da Montblanc, os seus belos elogios a mim, ao meu estilo e principalmente à minha escrita (assim como o Eddie) e os livros que ele me enviou depois; mas também e muito mais vital pela constância, conhecimento e acompanhamento, as palavras bonitas da minha menina linda Renata Paloma e do meu caro amigo Marcelo Cardoso que se tornou num irmão para mim; há mais umas pessoas de que me consigo lembrar que me disseram coisas muito bonitas e importantes em certas alturas (como até o meu fantástico Lucinho Mauro) pontualmente.
Acho que é importante lembrar disto, especialmente em momentos assim maus como estes que passo e se repetem há tantos anos com esta eterna e horrível situação de violência doméstica a vida inteira. Lembrar que tive amor e admiração de pessoas que gostaram de mim como eu era e que eu não sou apenas um zero, uma merda, como quem me pôs no mundo passou a vida a pisar-me a dizer e a tratar-me assim, fazendo com que eu desde os meus doze anos queira morrer por causa de toda a porcaria que ela faz a mim e ao meu pai a vida toda.
É, nós ficámos doentes e deprimidos e isolados por causa dela uma vida toda, mas fomos pessoas queridas e amáveis e por isso valemos muito, muito mais do que apenas o dinheiro que ela sempre quis ir atrás.
Nós valemos e muito e demos valor às coisas certas e houve umas pessoas que enxergar isso e não foram apenas interesseiras. Eu agradeço muito por ao menos ter cruzado com essas pessoas na minha vida nos momentos que foram. Quando eu morrer, provavelmente ninguém delas há-de saber, mas elas souberam que eu estive viva e eu soube que elas existiram e isso ajudou-me muito a sobreviver mais um dia que fosse. Obrigada, "I've always depended on the goodness of strangers" too.
A música que tu tinhas feito e que eu nunca soube se podia ser para mim, ainda me volta à cabeça agora que está tudo perdido em mim, em toda a minha vida horrível como sempre. E eu dava tudo para te poder ver, para te poder merecer, para estar à altura da tua presença e que tu me amasses tanto e tão ampliadamente como eu te amo. Talvez me agarre a ti ainda mais nestes momentos em que a vontade de morrer volta por causa do mal violento e nojento que ela me faz e ele também por consequência, mas a verdade é que o meu amor e minha necessidade de ti ultrapassam tudo isso, são independentes de tudo e são omnipresentes.
Queria que ao menos conseguisse saber que existes de facto, que tudo o que sinto tem vazão, por mais que o meu inferno aqui seja tão insuportável às vezes e que só me apeteça nunca ter existido nesta terra maldita. É, há vezes em que já pensei que mesmo que aquela visão de nós dois juntos daqui a anos fosse realizar-se eu não aguento agora e queria morrer já. Se tu soubesses tudo o que eu venho passando desde que nasci, amado meu, a pena que um dia tiveste de mim só sobraria ela.
Todos os dias ainda te amo e fico feliz por ver-te num segundo tão feliz quando tão raramente te vislumbro na minha mente mais nitidamente. Tenho mesmo pena que não existas de verdade como eu pensei. Queria muito que me viesses buscar para me guardares sempre junto de ti. Pensei mesmo que me protegerias um dia de vez e tomássemos o que é nosso. Não há nada neste mundo que eu queria mais do que tu seres real como eu pensei por momentos.
Agora mesmo nasceste e eu vi a tua foto encostada no peito da tua mãe. Tão serena. Com bastante cabelinho fizeste lembrar de mim bebé e a carinha e a orelha fizeram lembrar do teu papá. Estou aqui a dirigir-me a ti como menina, mas não sei, teu papá só mandou foto sem pormenores de peso etc. Eu gostei, gostei muito que também neste tempo todo não vissem de propósito qual era o teu sexo. Estou a ouvir os teus avós comentarem no quarto ao lado, que teu papá disse que tinhas pêlo pelo corpo todo, e claro que a tua avó disse "como a Sónia".
Amei que ao ver-te na foto me pare este tão familiar, como se já te conhecesse antes (por mim e pelo teu papá, as semelhanças talvez). Não sei se ainda terás os pêlos e cabelos mais claros como ele tinha ao início. Senão vou amar também que continues como eu, uma peluchinha como dizia a tia Elsa.
Eu senti algo muito forte no estômago (acho que nunca tinha sentido algo assim, não senti assim isso no estômago quando nasceu teu papá ou tua tia Jéssica, foi diferente também) , muita alegria também, mas acho que estou a conter-se, apesar de sentir em todos os poros uma inundação da felicidade da tua presença.
Espero que tenhas sempre lindos e felizes dias, já estou feliz por ti por nasceres nas condições boas em que nasceste e que te darão tudo o que precisas para ter uma vida linda e feliz. Eu amo-te muito, minha linda. Viva tu! Engraçado e tonto como agora pensei mesmo que já valeu tudo porque ao menos tu também vais ser feliz e fazer tudo o que eu não fiz, como viver na Austrália, por exemplo. Dizia eu antes, no jantar de meus anos com tua tia Jé e João, enquanto os teus avós já imaginavam expectativas para ti, que "coitado do bebé, ainda não nasceu e já tem um monte de expectativas. Agora fui eu que se calhar imaginei também isso um bocadinho, né? Mas não, era mesmo só isso de já viveres na Austrália desde bebé e ires ter uma vida bonita e feliz. Desejos de tudo do melhor desta tua titia que um dia te dirão que é escritora. Por isso te escrevi assim que te vi, depois de te esperar tanto. Bem-vinda a este mundo doido, certamente tu serás equilibrada, minha linda sobrinha.
PS: sempre me pareceu (pela probabilidade, gravidez da tua mamã e algum instinto) e que serias menina, ao contrário do que teus avós e tia Jé e João diziam, até te tinha comprado uma t-shirt de menina hihi mas sendo eu contra convenções e definições de sexo, inclusive activista quando posso pelas causas lgbtqiapn+ muito também por ter uma amada amiga transgénera, era quem menos se importava com isso senão mesmo só para contrariar os restantes nas ideias machistas e misóginas de sempre.
PS2: Já sei que teu nome é Mahalia, que quer dizer tenderness em grego (pesquisei no google o significado) e o céu com o pôr do sol aqui esteve belooo, rosinha profundo e eu comi o único morango da nossa morangueira e era docinho, como de esperar.
Fiz-me a pessoa mais horrível só para dar cabo de qualquer sentimento bom que pudesses ter por mim. Como me doeu fazer isso, como me dilacerou, como me destruiu persistir...
A verdade é que no fundo eu fui sempre tua e não havia mais nada que eu quisesse. "Ever mine, ever thine, ever ours, just the two of us", nada mais importava.
Tu és o homem que eu escolhi para mim, mesmo que te tenha tido como meu menino.
Não serei o sol de mais ninguém, porque a lua roubou o meu brilho. Arrependo-me de me ter zangado com ela, de não tê-la sabido amar, de a ter deixado sem mim, especialmente nas vezes de ela brilhar. Minha lua, será que um dia vais conseguir me perdoar? Não há dia nem noite que eu passe sem te amar.
Quanto mais não te recordo, mais tomas conta de mim, invades-me o peito com essa dor tamanha que carrego da tua ausência e aflito, queimando numa brasa gélida de madrugada, já não anseio a aurora com a geada sem ti. Tu que foste meu orvalho lambido gota a gota num jardim de sereno amor, como foi tanto, tanto, meu dia e minha noite, meu sonho impossível e inexistente para mim. A vida é só uma. Eu nunca fui una a ninguém como a ti.
Fui forjada na brasa quente
Da violência e da agressão
E tornei-me lava dormente
Vulcão pronto para explosão
Meu corpo foi cortado a aço
Atravessado por vigas e lanças
Em cada centímetro cansaço
Curvado em mortais danças
Minha alma foi incinerada
Pelos tiranos falastrões
Fizeram de mim desalmada
Ocos de coração os mandões
Minha mente foi saqueada
Em servitude e escravidão
E não restou mais nada
Só traumas e escuridão
Eu podia dizer 'O que a vida me ensinou', ah vou dizer mesmo, 'é que tem de ser forte e enfrentar a morte', é que é tudo questão de sorte e tem de se manter uma recta postura, e não há consorte à altura.
Tu tinhas razão em tudo o que pensaste sobre mim, provavelmente. Não sei por que fui amar alguém tanto assim, que eu sempre soube que não gostava de mim. Agora não consigo mais continuar a forçar-me a respirar. Saber que não existes como por uns momentos pensei, minha lua e meu sol, é a maior desventura que o meu coração que é seu tem.
A maior ironia da vida foi este amor que me abandonou como todas as pessoas, mas que eu sinto mais dentro de mim do que qualquer outra coisa. Será que realmente haverá ainda o nosso tempo?
Era suposto eu ter ido ver-te no Carnaval, com elas as duas, como no sonho, mas eu não cheguei a ir e o sol brilhou na mesma para ti, não foi? Ou foi só por fora, porque lá dentro só o nublado céu mora?
O centro do mundo
Para mim
É o teu sorriso comovido
E o teu abraço-abrigo
Leva-me contigo.
Se ao menos fosses terno como eu pensei que fosses e vivêssemos eternamente embalados pelo trompete de Wynton Marsalis naquela música, baloiçando os nossos corpos unidos pela dança naquela cena de cinema.
Teu calor e embaraço ainda comovem o meu cansaço, fazendo com que o desejo de me aninhar em ti persista, ou não fosse eu o pequeno pássaro de ti, meu pássaro da envergadura maior.
Eu sempre fui o que eles nunca gostaram:
Neste mundo não há nada que haja para todos.
Nem o sol chega a todos, nem o ar, nem mesmo a terra, nem muito menos a água; quem dirá então o que os humanos fizeram para escapar, como o carnaval ou simplesmente dançar.
Por isso, fica a saber que o que te falta não é nada, porque tu nunca quiseste nada para começar.
Nunca te preocupaste em falar comigo para nos ajudar a ter uma boa solução para ambos conseguirmos ficar juntos vá, para ficarmos bem, para tirarmos as coisas a limpo sem mentirmos, se é que isso era possível.
Nunca te preocupaste em ajudar-me a responder às questões que eu tinha em relação a nós. Nem em conversarmos sinceramente para nos conhecermos melhor.
Os homens riem de nervoso perante a verdade, ou calam-se.
Eu só quero a verdade, sempre, mas ela nunca é mesmo a verdade, pois não?
Façam de conta que morri nestes anos que não me disseram mais nada e me deixaram abandonada aqui neste inferno, mesmo vivendo a quinze minutos de mim, ou podendo ligar em segundos. Não voltem nunca mais. Acabou. Faz de conta que morri das vezes todas que quase morri com infecções, como ainda agora. Nem sequer gosto mais de vocês, depois de tantos maus tratos. Vão-se embora. Prefiro morrer sem-abrigo como já estive quase do que lidar com humanos.
Quis à força gostar deles, mas de tanto me mostrarem como eram tão horríveis, conseguiram fazer com que não goste mais deles. Não sobrou ninguém para contar história.
Desculpa-me por te ter tratado mal. Tu entretanto desististe de mim como eu sempre imaginei e receava que fizesses. Afinal, toda a gente é assim: quem se sente em desacordo e maltratado vai-se embora e só quando se sente bem tratado é que fica. O problema é que as coisas não são sobre as pessoas muitas vezes. Por isso é que se vê quem realmente nos ama a nós de verdade como somos e não só porque se sente bem tratado.
Mas isso só sou eu, não é? Porque todas as pessoas que eu mais amei desde que nasci sempre foram as que mais me maltrataram. Por essas e outras tu pensas que eu nunca soube o que é o amor nem amar. Como sempre, tal como andaste a investigar-me desde o início, tens sempre razão, não é? Tu e as tuas fontes e referências bibliográficas.
Parabéns, muito ruim.
Único conselho que eu posso dar nesta vida a alguém jovem é de nunca estragues a tua vida por causa de crianças ou adultos, não te sacrifiques por causa deles, ainda para mais quando não te dão valor e te maltratam; nunca, como eu fiz a minha vida toda por dois adultos e duas crianças que não me valorizam e me maltrataram ao ponto de me porem a querer matar-me por causa do que eles me fizeram. E agora ainda passar o resto da "vida" a tentar melhorar-me desses traumas todos.
Se no fundo, o que sempre houve entre nós, foi amor do maior que já existiu, então voltaremos a estar juntos como nas tais outras vidas e vai ser tudo como sempre devia ser: nós os dois a finalmente pertencer sem nada ter de fazer. "Se tu és meu e eu sou tua, leva de novo o sol para a tua lua", pois o que é quer ser o que sempre tanto foi e sossegar nos nossos seres abraçados.
Não existe algo infinito senão tudo o que há em tudo e não consegue jamais ser visto, nem ao microscópio de electrões.
A paixão traumatizou-nos: tu a mim e eu a ti. Nunca mais dá para ser feliz, eu, mas tu sim.
É só o que conta para mim e pensar que estás bem já está bom.
Tu que foste abusado pela tua irmã
Tu que foste assediada pelo teu tio
Tu que nunca pudeste contar
Não te esqueças de vomitar
Para a dor de cabeça parar.
O Homem-Nojento é um homem como todos os outros. Começou desde pequenino a levantar as saias das meninas na escolinha e a tacar beijinhos e apalpōes nas priminhas. Mas tão glorificado o menino "encojonado" a recortar das revistas maminhas e visto por todos como engraçado. Claro que as suas pobrezinhas mãezinhas não lhe faltavam com o peitinho e todo o tipo de miminho para o seu príncipezinho. Porque elas amam-nos incondicionalmente e mostram o que é o amor de uma mulher a quem podem fazer tudo, porque quem manda é sempre o varão, lá para os seus cérebros latentes.
O Homem-Nojento não é doente, pois ele sabe o que está a fazer e quer fazê-lo sempre.
Não querendo ofender ninguém, mas já ofendendo com certeza, o vosso Deus de barbas e o vosso Jesus loiro de olhos azuis não existem.
Reparei que não era teu o meu sorriso, nem o olhar emocionado, naquela manhã seguinte e, assim, tive a certeza que estavas a pensar que ela era o teu grande amor, com quem tinhas estado na noite anterior.
Nunca saberás quanto me dilacerou, tudo. Nunca saberás ou sentirás uma dor parecida e tão intensa. Nunca verás o que eu vi.
Quando um dia o vento soprar mais forte, como jamais soprou aí, diz a verdade que eu nunca te ouvi. Pode ser que já saibas então a verdadeira razão de tudo de nós.
Nunca fiz nada de mal intencionalmente a ninguém, jamais queria que sofresses por minha causa e sei que só eu fiquei a perder e a sofrer neste tempo todo por não te ter. Amar-te tanto e não te ter perto e nunca teres querido a mim na tua vida, sempre doeu muito. Mas é algo que eu estou a aprender que também eu não merecia tudo de mal que me fizeste passar e, ainda por cima, propositadamente.
Dou por mim quase a praguejar a lua por ver que está a encher de novo e a fazer-me sentir demasiado tudo de novo.
Penso em como o que eu mais quero é ouvir-te dizeres-me que me amas.
Corta-me o coração pensar que não estamos juntos, perto, que não és tu quem me embala os olhos e ouvidos tristes.
Hoje pensei de novo em como se eu soubesse que me amavas eu teria arriscado a própria vida para ficar perto de ti. Como eu quis acarinhar-te, tomar-te a cabeça num abraço de colo, beijar-te a testa e as pálpebras e deixar-te repousar em mim. Como eu quis amar-te e não só tomar-te para mim, ser dona de ti como tu me tomaste a mim.
A paixão e o amor avassaladores não cabem em lugar nenhum e não podem existir com tanto desejo reprimido. De tanto nos amarmos morreríamos de tanto nos consumirmos a mente, o corpo, tesão, infindáveis.
"Porque és o meu homem e eu tua mulher".
Seria caricato se não fosse trágico, eu ter pensado que tu e todos os teus me perseguiam por tua causa, dizendo tu até palavras que eu tinha acabado de dizer, e tu pensares também o mesmo, que eu te cercava, quando na verdade eu já tinha como costume acompanhar todos vocês porque gostava de todos e obviamente queria estar lá para ajudar no que dava.
Que irritação mútua que sempre nos deu, pudera, tudo tão assustador até, acho que nunca conheci alguém assim que fosse tanto como eu com toda a minha impossível complexidade e contradições.
Espero que a lua seja um bocado mais meiga comigo e me alivie pelo menos um dia deste meu sofrimento atroz em que vivo por não poderes sequer ser meu amigo.
Isto de não te poder ver parece que me está a matar. É uma abstinência que me destrói cada célula com dor e tristeza.
Eu só queria poder ver-te e ouvir-te, mas que isso não me doesse mais e só fosse alegria.
Se tu não me odiasses, se eu não te tivesse feito detestar-me com as minhas mil questões para entender o que raio se passava mesmo, se eu tivesse entendido tudo mais cedo, mas não era para ser assim. Ou podia ter sido e tudo se acabaria naturalmente e não com este miserável fim.
Imaginei que éramos um do outro como pedaços do mesmo ser que se complementava. Tomei-te como amante das artes, do amor, do sentimento e de uma certa nostalgia. Tive a ideia de que eu estava em ti como tu em mim, em quase tudo o que fazíamos, como se fôssemos irmãos quase siameses.
Imaginei que me amavas como eu te amava, sem saber como mas com a certeza de um amor intemporal. Que nos abraçávamos aninhados quando o mundo insistia em terminar, de vez em quando, e que éramos sempre e para sempre indissolúveis, pois éramos feitos da mesma água e respirávamos do mesmo ar.
Imaginei que éramos uma merda de pessoa também, muitas vezes, mas que não fazia mal, porque éramos nós. Que pensávamos que não nos merecíamos um ao outro também de certas vezes. Imaginei que nos amávamos tanto que era quase violenta a dor e também daí o temor, mais o de sermos rejeitados, porque havia alguém melhor.
Mas a verdade é que sempre soube que não há ninguém melhor. Daí também ter eu sentido desde o início tanta invasão, medo e confusão. Nunca houve ninguém a saber e ser tanto de mim e isso foi aterrador.
Se não tivesses dito que era tudo ilusão da minha cabeça, eu continuaria a achar que tu me amas te imenso também. Ainda bem que me disseste que quem eu amo não existe, pois assim posso morrer um bocado em paz nisso. Já que eu estava pronta para ficar perto de ti, mas tu não existes, só me resta a mim também desistir de viver sem ti.
Sou Amor deixado no canto
da memória junto do cotão
da recordação
cuspido e esmigalhado
não sou cinza
mas substância
que se toca e sufoca
porque éramos o ar
e dói lembrar
(22/02)
Enquanto espero o teu grito soltar-se da garganta e ecoar-se o amor pelos quatro cantos, tece-se o maior encanto e aguardo que me digas que aquela estrela virá na janela como me prometeu a sua serenata, trazendo todos os nossos e finalmente a minha alma se curvará.
(Gosto que sejamos um só nosso segredo tão inaudível quanto o som no espaço, mas com a força da explosão de mil sóis)
[primo vini zanin prometeu mas eu sabia que era só da boca pra fora e nunca tal se vai realizar, ainda para mais depois de tudo o que fizeram tb. 24/04 ; "aquela estrela" vander lee]
Para escrever algo de jeito, basta ter jeito para escrever. O resto os outros julgam conforme são.
(28/05)
Desejo das mulheres
vaginosas
Filho da estrela d'alva
Secular sabor
de tambor e madeira
Elemento das terras
e do ar
Teu fogo falso
é de matar
Vigoras no chão
onde há fissuras
De um rio seco
e não tens flores
Resta-te só gritar
as vinte mil dores
Gostava de ter morrido antes de sair cá para fora, mesmo quando a minha mãe caiu nas escadas grávida de mim, ou mesmo antes, nunca ter existido, para não ter passado tudo de horrível que passei depois de sair cá para fora, a violência e todo o desamor e falta de condições.
Mas hoje dei por mim a pensar que devia ter morrido antes de nós termos cruzado, que assim teria poupado a ti de mim.
Eu tenho pena que afinal nunca exististe e era tudo a maior ilusão e desilusão que tive, pois amar-te tanto e ter pensado que existisse fez-me querer viver.
Já pensei que fosse o silêncio
Já pensei que fosse o big bang
Busco o fim da busca
Assentar areia depois da onda
Buscar o acorde final como água
Quando se faz algo errado e já pedimos desculpa, temos de nos perdoar a nós mesmos por não ter sabido comportar melhor e aprender a lição para não fazermos nunca mais o mesmo.
Demorou imenso, mas finalmente retirei a lição e já sei que nunca mais vou fazer o mesmo pois é um padrão de comportamento que se quebra para sempre.
Tão bom finalmente conseguir entender o que estava na raiz e causou tudo.
Mudar de idade e crescer junto com isso é bom sinal. É só estabelecer imediatamente a mudança e já se tomando consciência de tudo, fica tudo muito mais claro.
Saberás tu agora então o que é o amor, com essa pessoa que eu tinha pedido aos céus que tivesses para parar a dúvida do meu sofrimento todo sobre o que era isto entre nós a corroer e a dar cabo da cabeça? Vai fazer dois anos no final do ano que estupidamente roguei a Deus em desespero isso.
Queria tanto que voltássemos a sentir aquela sensação de que o amor nos salvava e era tão palpável que era "substância"... Se eu relembrar ter-te aninhado defronte a mim aninhada junto a ti, por segundos, volto ao nosso milagre sem fim.
Como consegui destruir tudo, fazer com que evaporasse de ti quereres saber de mim, fazeres-me ficar a morrer sem ti, e apenas tu a teres-me como pessoa louca apaixonada e iludida que te persegue, talvez só tendo mesmo o papel de te fazer de uma vez por todas aprender a lidar com todas assim, nunca saberei se foi mesmo isso. Eu não mando em nada. Nada do que queria de paz e silêncio eu consegui. Só fiquei eu com esta culpa e destruição do furacão que foste para o meu coração.
Costumávamos saber uns dos outros todos os dias, porque nós preocupávamos, pois a morte parecia ainda mais iminente naqueles dias de terror.
Servimo-nos assim de conforto num oásis que criámos de santuário para nos refugiarmos.
Depois, quando o amor que construímos foi abandonado por todos, como antes mesmo eu disse que ia acontecer, fiquei só eu, que sempre puseram de parte e ignoraram, associada à imagem do fim do mundo a que não se quer voltar.
Mas o que todos tentam ignorar e não toleram pensar é que o mundo já acabou e o nosso amor que era mesmo real e puro nunca se poderá ter sequer um milésimo do que se inventou depois com outros para urgentemente se compensar.
Esse é o pedaço que falta e que vamos sempre carregar sem saber por que sentimos um certo vazio e incómodo latente.
Ter saudades tuas e amar-te parecem fazer com que eu morra aos poucos sem ti, como se fossem comprimidos que engulo todos os dias a seco e são apenas uma cicuta para o meu coração e para me correrem ainda mais a barriga já colada às costas.
O meu sangue sente a tua falta. Não porque perdeu o pulsar, pois esse continua mesmo que deprimido, a bater pelo teu coração, mas sim porque só tu tens a minha alma e eu estou tornei-me assim nesta eterna desalmada.
"Are we done?"
"Done"
Agora que ele aprendeu a lição e está óptimo, bem que podíamos sair da cabeça um do outro, não?
Eu preciso de esquecer tudo o que existe, tudo o que me fizeram de mau e tornar-se samadhi de vez