quarta-feira, novembro 10, 2010

A Casa

Construí uma casa para nós,
mas habita apenas na minha imaginação,
pois não é feita de tijolos,
é mormente feita de sonhos,
muitos desejos e uma imensa paixão.

É lamechas a decoração que invento,
na realidade tem cores e linhas sóbrias,
minimalistas e nada rococó.
Digo-a lamechas por pensar em cada traço
teu e meu e transpô-lo para cada móvel,
para cada pavimento e disposição de objectos.
Mas de verdade ela é cinza, azul noite, negra,
com apontamentos de vermelho,
envolvidos em pacíficos mantos de branco,
um pouco como o nosso amor.

A nossa casa é rectilínea, mas flutua como nuvem,
marmoreada com pedras preciosas encastradas,
a anciã técnica da pietra dura adorna uma parede externa
ancorada no pátio, da parte de trás onde bate o sol.

Não há espaço para arrependimentos nem mentiras
em todas as mesas e cadeiras que temos.
Não há jardim, nem árvores tão velhas quanto nós,
nem sequer flores porque eu sou alérgica
e porque tu simplesmente não as entendes.
Dizem que é mais fácil amar alguém
quando não temos de viver com ela sempre,
mas contigo eu vivo todos os dias
na casa que construí para nós
e parece-me que as amplas janelas da sala
estarão sempre com vista para o nosso amor.

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