Na minha cidade há jardins vários
com carros de todas as cores
a desabrochar todas as manhãs
para o rebuliço das ruas.
Há também árvores inúmeras
com olhos-janelas
que despertam com a luz do sol
e brilham
para iluminar os rostos dos curiosos.
Na minha cidade há riachos de pessoas
que ondulam juntando-se umas às outras
pelos passeios apinhados.
O chilreio das buzinas dos carros
e rugidos dos seus motores
são a banda sonora diária
de quem vive nesta selva de betão.
Aos bandos, regressam aos dormitórios
de todas as alturas
e como pássaros, desfiam as penas
pelo ar poluído da cidade.
Essa perda está directamente associada
ao movimento regurgitador
da barriga do transporte público
que as vomita
expelindo-as cruas e envoltas
nos seus próprios pensamentos azucrinantes.
A cidade engole os riachos, as àrvores, os jardins,
e sempre, num processo mais lento e sacrificial,
as pessoas,
que não o sabem, mas vivem na minha cidade.
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