Amei-te com a força das preces de um negro que grita pela liberdade, enquanto está a ser açoitado pelos brancos-sujos de uma parda irmandade.
Vasculhas-me a mente com os dedos grossos da memória, dedilhando cada momento como quem procura num armário de ficheiros secretos empoeirados arquivados há milénios. Também recorres ao uso de luvas como quando se mexe em documentos antigos, mas as tuas luvas são feitas de um misto de hesitação e receio do que podes encontrar.
Não te esqueças que estavas lá comigo no princípio de tudo e também depois quando vieram as areias movediças do tempo abalar-nos o chão que pensámos termos firme debaixo dos pés. Não te esqueças que estavas lá, no fim de tudo, quando veio o redemoinho que nos evaporou pelo universo como pó estelar.
Assim é o nosso amor, espalhado aos quatro ventos, ganhada uma vida ainda maior, varrendo a Terra e cavalgando as ondas do mar. Pois nós dois somos um só conjunto de partículas esvoaçantes e o nosso amor semeia-se em todas as flores e fecunda todos os campos que a vista consegue alcançar. Floresce de novo, com mais vigor, esse coração que é uno tal qual a chuva e a terra quando sobrevivem à tempestade.
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