O que somos nós senão as memórias que experienciámos e que acumulamos? Muitas vezes não são as nossas próprias memórias, mas as dos nossos antepassados, das nossas fotografias nos álbuns de família e de todas as vidas que estão retratadas.
Na nossa mente uma caixa arquivadora que volta e meia se desordena, organizada por separadores de letras, um alfabeto de nomes e caras na memória da vida.
É perigoso o que sinto. É perigoso o sentir. E são perigosas as sensações. Porém, os sentimentos que são aparentemente rebeldes e indomináveis são o conjunto de todas as sensações e do próprio exercício de sentir e por isso o que sinto é impossível de se sentir sem todas as sensações que advêm de factores externos e daí incapazes de serem controlados. Ou seja, o que está dentro de mim não pode ser jamais totalmente controlado pois tem uma imprevisível origem exterior. E as memórias são nada mais que completamente incontroláveis imagens que a mente guarda e vai buscar como arquivos por palavras-chaves.
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