Na noite mais anoitecida, que até entrava na madrugada vazia...
encontrei a mulher desabitada
com as unhas que roem os nervos, pensando no teatro do amor.
Ela disse-me profundamente e muito rápido:
não sei mais quem sou, não sou mais quem fui,
nem o que alguma vez pretendi ser.
sei apenas que sou racional, demasiado, diriam.
mas a razão que em mim persiste é tão seca
e ao mesmo tempo tão fervilhante
quanto a vida no deserto,
que não vemos a olho nu.
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