quarta-feira, dezembro 26, 2018

Da morte da poesia

Faltam-me as metáforas, as personalizações, as melopeias,
Só sobraram as elipses e os sempre presentes pleonasmos.
Já não há ribombares de pétalas nem aliterações,
nem muito menos hipérbatos ou repetições.

Nunca mais vi um pôr-do-sol,
Sequer tenho escrito sonetos
Assim como não tenho
carícias ternurentas
ou abraços desempoeirados.

A janela está baça,
esqueci-me da última vez que a olhei
e a luz atravessava a vidraça
aquecendo-me o coração.

São mil poemas e versos que se foram
verdades cinzentas de toda a incerteza
letras e palavras que se escapuliram
líquidas passando a gasosas
evaporando-se na escuridão.

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