Faltam-me as metáforas, as personalizações, as melopeias,
Só sobraram as elipses e os sempre presentes pleonasmos.
Já não há ribombares de pétalas nem aliterações,
nem muito menos hipérbatos ou repetições.
Nunca mais vi um pôr-do-sol,
Sequer tenho escrito sonetos
Assim como não tenho
carícias ternurentas
ou abraços desempoeirados.
A janela está baça,
esqueci-me da última vez que a olhei
e a luz atravessava a vidraça
aquecendo-me o coração.
São mil poemas e versos que se foram
verdades cinzentas de toda a incerteza
letras e palavras que se escapuliram
líquidas passando a gasosas
evaporando-se na escuridão.
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