quarta-feira, dezembro 23, 2020

Da figura mítica de Chico Viola para a realidade do Amor

 Era uma vez, uma leve impressão de uma figura mítica chamada Chico Viola, lá nas terras dos nossos irmãos de sangue. 
Um dia, ela materializou-se defronte dos meus olhos com mais amor e humor do que alguma vez poderia ter imaginado. 

Como é que eu agradeço ao meu trovador-mor do coração, como é que se agradece à terra e ao mar, por existirem e tanto nos dar?

Agradeço as pontes que construiu tão profundas e vastas que atravessaram o Oceano para me alcançar e todo o Amor que pude dar a todos que o Tio Chico, qual engenheiro das amizades musicais, me deu. 

Que a banda sonora da sua vida seja sempre de amor, paz e alegria.

Muito obrigada a toda a família!

segunda-feira, dezembro 21, 2020

Dor e Prazer

 Diz-se que a dor existe porque um dia se teve prazer
Que quando se findou deixou apenas aquele rasto
De quem não fugiu rápido o suficiente, como lesma,
Lentamente a deslizar por um pavimento tortuoso
Construído como calvário para um qualquer cristo

Ora eu senti a dor e senti o prazer
E sei que nunca mais serei o mesmo

Dentro de uma gota de silêncio cabem os dois
É só olharmos nos olhos um do outro
E reflectirmo-nos nesses espelhos da alma
Para ficarmos a saber que somos o mesmo

Ainda tento escapulir no teu sopro de fumo
Atravessar o ar que há entre nós
As diferenças de corpo e mente e coração
Mas não há nada mais forte que a alma
Quando ela transborda com os dois

Porque eu senti a dor e senti o prazer
E sei que nunca mais serei eu mesmo.

sexta-feira, dezembro 18, 2020

Petrus Petra

 Da coluna húmida do desejo,
Erguida no templo de Baco,
As bacantes aproveitam o ensejo
E renunciam ao pesado fado,
Dançam em transe no monumento
Que imponente se lança no vento
E a roda do tempo gira eterna
Naquele extasiante momento.

N.B.: Porque @pedrokeiner (no instagram tb fiz retrato) é um dos mosqueteiros do amor dos Violers, meu chefinho da live de 6f, uma vez q sou a "assistente de direcção da live de sexta da safadeza" lololl e todos os dias (que ultimamente têm sido insuportáveis com tanta morte e inferno) ajuda-me a sobreviver com a sua amizade e a sua música profunda e leve também. Esta é a minha singela homenagem, já há muito devida, a este ser que distribui o Bem e salva tantos semanalmente. Longa Vida ao Rei da Sofrência e da Safadeza, como não se conhece outro assim!

O Ser Secular

 Da secular dor E do primordial ardor Erigidos no meu corpo E na minha alma Por Pessoa e Camőes E por Shiva e Kali, Me transponho Nas mil vidas Sofregamente Arriscando a dissolver-me pelos cabelos no infinito do universo, Monge Zen que desisto de ser, na anedonia que se impregnou, Apenas com a certeza de que o inferno, a cada segundo desta vida desde o liquido amniótico, não se irá repetir quando o derradeiro fogo-fátuo se extinguir.

 E tu,
quando passas noites sem dormir,
quem habita as tuas insónias?

sábado, dezembro 05, 2020

O teu pulso não é teu

Não sabes que dia é hoje,
nem quantas horas são,
Não sabes e nem te interessa saber.

Sabes que o futuro não é um presente do passado que sabe sempre onde estás e que teima em te encontrar; quando fitas o infinito com olhar perdido no horizonte; quando levas as mãos à cabeça e os dedos embrenhados nos cabelos sentem os sulcos que tens no crânio, cada vez mais profundos, por cada madrugada passada em lucubração diária na última década.
Se acaso falares, ninguém escuta a boca que mexe e não lhes emite nenhum som. É quase como se falasses debaixo de água sem as bolhas de oxigénio.

O teu pulso não é teu;
é do tambor das horas oblíquas
em que tocas o coração dos outros.