sábado, dezembro 05, 2020

O teu pulso não é teu

Não sabes que dia é hoje,
nem quantas horas são,
Não sabes e nem te interessa saber.

Sabes que o futuro não é um presente do passado que sabe sempre onde estás e que teima em te encontrar; quando fitas o infinito com olhar perdido no horizonte; quando levas as mãos à cabeça e os dedos embrenhados nos cabelos sentem os sulcos que tens no crânio, cada vez mais profundos, por cada madrugada passada em lucubração diária na última década.
Se acaso falares, ninguém escuta a boca que mexe e não lhes emite nenhum som. É quase como se falasses debaixo de água sem as bolhas de oxigénio.

O teu pulso não é teu;
é do tambor das horas oblíquas
em que tocas o coração dos outros.

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