Não posso dizer que nada existiu antes de ti
Porque existiu sim: dor e devastação
E mesmo tu tendo te tornado em complicação
Foste o amor que eu sempre pedi
Por isso sim, digo: que se lixe
Nunca existiu nada antes de ti
Poesia filosófica; Poesia Visual; e outros objectos poéticos de Poeta mera observadora
Tenho livro de poesia: https://www.amazon.com/tenho-Portuguese-S%C3%B3nia-Costa-Campos/dp/6584796388 Se usarem alguma coisa, digam, que fico feliz em saber. Instagram @soniacostacamposÀs vezes, bate uma sensação de vazio de novo, especialmente depois de tentar dar-me ao mundo dos demais. Parece como a tal da solidão que só ocorre também quando estou no meio de pessoas. Hoje esses sentimentos afloraram em determinados momentos com uma certa tristeza a acompanhar. Noutros dois ou três momentos, pelo contrário, senti-me quase uma pessoa normal.
Dei comigo a pensar em como as pessoas são tão fechadas, distantes e maldispostas, e em como eu que passei a vida toda num inferno ainda sou a pessoa dita afectuosa, atenta e aberta, ainda que às vezes mais pensativa e triste. Sei que cada um fez, ou não, o seu trabalho interno e reage à sua maneira. Mas enfim.
Não sei o passei a vida a procurar, realmente não sei. Mas sei que nunca houve nenhum momento em que tivesse certeza de que esse vazio não existia. Senão, talvez, naqueles momentos raros quando senti aquele amor todo contigo.
Hoje entendi na totalidade a nossa antiga expressão "isso é que é bonito", porque ouvi-a (mais do que uma vez) baixinho do baianíssimo Silas e, de repente, tudo fez sentido. É como se fosse um primo do "olé". E eu pesarosamente estou com saudades dos meus primos.
Que eu nunca esqueça todo o mal que me fizeste e todo o sofrimento que me causaste tantas vezes, dilacerando o meu coração e destroçando o meu corpo.
Que eu nunca esqueça quantas vezes me quiseste matar.
Que eu nunca esqueça o quanto debochaste de mim com os teus amigos.
Que eu nunca esqueça o quanto me mentiste e enganaste.
Que eu nunca esqueça como disseste que ias ajudar-me e depois me abandonaste.
O pior é que isto dá para todos vocês. E eu preciso de me lembrar antes que acabe de novo a perdoar só para me fazeres a mesma coisa outra vez.
Muitas vezes vi e ouvi "tudo passa".
Hoje pensei depois de ter visto um poema bonito de um amigo que o tinha feito para a sua namorada da altura: "tudo passa porque as pessoas deixam passar".
Até mesmo quando não queriam ter deixado.
Eu, ao contrário, nunca achei que fosse bem assim como diz a frase e quase sempre acrescentava mentalmente "nem que seja com a morte".
É que na verdade, não só por detestar "frases feitas" e o seu carácter taxativo, eu sou alguém que é acometido de males profundos desde a infância e sabe que só terão solução final. Aí, sim, terminarão.
Acreditar implica à partida haver algo que não existe e, daí, a necessidade da crença.
Diz que para haver cura é preciso haver lembrança, luto e só depois pode haver o perdão.
Como é tudo fraco e traumatizado ninguém quer lembrar e enfrentar as memórias, por isso nunca poderá haver o perdão.
Eu sempre tive compaixão e isso para mim não foi sempre uma boa solução.
Decidi!
Declaro que das tuas expressões a que eu mais gosto é a de quando te emocionas um bocado:
O teu olhar fica um pouco molhado, só o suficiente para brilhar e o teu sorriso é complacente, tão terno o semblante do teu rosto, quase que podia adivinhar de seguida uma derretida caída do teu tronco no meu colo. Nunca porias a tua cabeça no meu colo - como ele fez tão pronta e despojadamente, carinhoso -, mas é daquelas coisas que poderia ser tudo o que eu mais queria; ter a tua cabeça aninhada no meu colo com o ninho lindo dos caracóis do teu cabelo, dividindo eu as suas mechas pelos meus dedos. O que eu mais queria. Esse calor, esse afagamento, essa dádiva da entrega pura de quem chega a casa e se joga e estira na cama.
Essa tua expressão é a coisa mais linda, como se tu dissesses que não há coisa mais linda do que a que estavas a olhar. Eu acredito, de cada vez, mesmo quando é porque ela te faz feliz. Tudo está como tinha de ser, como precisava que fosse. Dizem que as nossas almas foram feitas para ajudarmo-nos um ao outro a aprender e evoluir. Eu sofri muito. Tu também. "Evoluímos", se isso se pode chamar de evolução. Acho que nem tu nem eu somos muito a favor dessas ideias de que é preciso sofrer para aprender. Mas a verdade é que do sofrimento conseguimos tirar lições e aprendemos a não mais iludir os nossos corações. Não é? Vai-se ver.
"Eu amo-te! Não esquece."
De todas as pessoas que amei, ninguém me tem presa todos os dias como D. G. P. , esses três estão dentro de mim de uma maneira que eu nunca entenderei.
Hoje soube de uma morte de uma pessoa (um chef de cozinha) de quem eu gostava e fiquei triste de novo. A lembrança da morte sempre nos deixa sem Norte.
Nunca me rendi à ideia de que houvesse uma pré-destinação e talvez por isso tenha pagado preços altos. Mas tu vieste só para me mostrar de novo que não há destino, pelo menos nada de bom, a não ser como dizem de mau karma.
Não te preocupes: toda a gente morre com assuntos por resolver, mesmo o que não têm isso presente, nem que seja pelo facto de que ainda temos de ser enterrados (figurativa e literalmente).
Depois de anos a ouvir o Vidro Azul e passar a vida à espera de escutar a música do silêncio, e hoje começar a descobrir Clara Peya e o seu magnífico álbum Solilòquia, apercebo-me de que os melhores músicos de todos os tempos serão aqueles que conseguem escutar o silêncio e reproduzi-lo para os outros. Alguns tentaram ao longo do tempo.
Coisa que não devia ter feito e que não aguentei e parei a meio: ouvir álbum de boleros da Nana. 💔☠️