Por ver que ainda existem anúncios ao Chanel nº 5 e é dos únicos perfumes que resiste nas perfumarias há mais de 80 anos, dei por mim a reflectir sobre este pequeno pormenor: o nº 5 cheira bastante mal e tem imensa boa fama e prestígio associados, e por exemplo o nº 11 que cheira muito melhor "ninguém conhece"...
Este perfume é uma das provas que, ao longo dos tempos, o ser humano tem "seguido o rebanho" e continuado a enganar-se a si mesmo. A ansiedade do
status leva as pessoas a aspirar o que as ditas "elites", consumidoras de bens de luxo, possuem e publicitam da maioria das vezes apenas porque as grandes marcas oferecem-lhes esses bens por causa dessa mesma contrapartida da divulgação. Será que ninguém quer perceber este círculo luxo-vicioso?
Certamente houve alguém (do império Chanel ou amigo, excêntrico dos loucos anos 20) que fez tal publicidade do Chanel nº 5 que o foi colocando num pedestal, como bem inatingível e daí objecto de maior desejo das pessoas. A partir daí, tal como acontece com vários produtos que sob a desculpa de não serem para qualquer palato ou (neste caso) nariz, continuam a persistir com uma aura de "exquisite", mesmo que o Chanel nº 5 cheire mal; ninguém fique bem alimentado com os verdadeiros pratos gourmet e
nouvelle cuisine ou mesmo que fiquem intoxicados com sushi e iguarias cruas cheias de bactérias fulminantes; as roupas da Lacoste sejam demasiado masculinas e
demodé, toda a gente aspira tê-las porque são símbolo de luxo e status social.
Bolas, que isto é mesmo ridículo.